segunda-feira, 28 de junho de 2004

burlado, pois

Luis Delgado, na sua coluna do DN de hoje, procura colar a atitude do Presidente da Republica perante a fuga de Barroso à anterior atitude que terá tomado perante a desistência de Guterres. Nada mais falso. Guterres saiu por não se achar capaz de governar, por ter verificado, perante os resultados das eleições autárquicas, que não tinha condições para tal. Podemos dizer que Guterres não terá os “cojones” do Postiga, mas nunca poderemos atirar-lhe qualquer sombra de pecado em matéria de seriedade e noção do compromisso para com os seus eleitores. Guterres deve ter dito aos do seu partido que era hora de mudar o rumo governamental, era hora de deixar o povo decidir, nunca por nunca fazer arranjinhos para que o PS continuasse no poder. Ora isto é muito diferente do que está a acontecer agora. Eu que jamais votara PSD vi em Barroso um homem diferente. Vi essa diferença quando ele trabalhou para o brilho de Deus Pinheiro. Vi essa diferença na forma como ele soube resistir ao PSD pós Cavaco. Vi essa diferença no modo como ele apoiou Rui Rio, contra tudo e contra todos. Vi essa diferença no seu programa de governo e decidi votar nele. Pela primeira vez em toda a minha vida votei no PSD e não votei no PSD, ou seja, votei em Durão Barroso. E também continuei a ver a sua capacidade de trabalho quando ele soube engolir o sapo Portas, mediante os resultados eleitorais – era o agora ou nunca de Barroso. Continuei a ver mais de Barroso quando ele disse, há bem pouco tempo, que tinha de prosseguir o seu trabalho em defesa de um projecto, não de uma imagem. Por isso eu também me sinto burlado. Sou mais uma voz que se junta à de Francisco Sarsfield Cabral: sinto-me burlado, pois. E ainda mais traído por ver que a governação do meu país está em risco de ser entregue aos dois maiores populistas de toda a história do PSD: Santana e Menezes.

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