quarta-feira, 20 de abril de 2011

Manifesto

A entrevista de Jerónimo de Sousa à Sic teve, entre outros, este mérito: apontou o meu caminho como cidadão e comunista.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Não é fácil, de todo, bradar armas contra a Europa após 25 anos de casamento. Os mais novos não sabem o que era este país em 1986, por isso facilmente encaram esta hora de pagar a factura como uma afronta, uma ofensa imperdoável dos endinheirados europeus. Nao é fácil explicar-lhes que foram os pais deles que esbanjaram todo o dinheiro em seus caprichos, suas fortunas, seus compadrios e suas ambicões pessoais.
Somos um povo, como disse um dia um romano famoso, que nem se governa, nem se deixa governar. Por isso, nestes dias em que todo o mundo percebeu que jamais nos governámos, não é difícil aceitar que também não queremos que nos governem. Isso é que era bom, não era? Era, mas não pode ser.
Temos, porém, a obrigação de saber honrar o nosso destino que é, antes de mais, sobreviver, que outra coisa não fizemos desde Egas Moniz. Temos de saber traçar o nosso fado sem andarmos sempre a lamentar não termos ido ao casamento dos Reis Católicos, e sem insistirmos na teimosia enganadora de que já fomos grandes. Enganados fomos sempre e, o pior, enganados pelos nossos, por aqueles que nos comandaram, voluntaria ou involuntariamente, por voto ou imposição, e que não mais fizeram do que praticar o chico-espertismo, o favor com favor se paga. Por isso somos uma miséria de povo que nunca aprende e insiste que é gente brava e esquece que não é gente séria. É dificil explicar aos mais novos que estamos fodidos. Não por causa das definiçoes mais prosaicas que nos sao atiradas pela classe pensante. Estamos fodidos porque somos fodidos. Não há volta a dar, por mais que se agitem bandeiras de mudança, pregões de esperança e melodias de bonança.
O português, como espécie humana é um ser encantador. Como gente é uma fraude. Um erro histórico.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

As eleições, Ou melhor a golpada, estão à porta e eu nem sei que vos diga. Que desta vez tenho mesmo que votar no Sócrates, por voto útil, utilíssimo, logo agora que o PSD ensandeceu, muito por via da imaturidade do seu líder, somada a uma insana sede de poder, é uma vontade que me assalta a ideia. Como cidadão preocupado e comunista convicto, sinto-me impelido a votar útil. Não consigo aceitar que um partido que quer mandar, tenha nas suas listas de candidatos a deputados da nação um naipe de fulanos que surgiram do nada para se posicionarem no plano político de mão tão beijada e lambida. Fernando Nobre, esse barbapata da cidadania, afundou a réstia de credibilidade que tinha, trazida pela mão da AMI, que lhe deu seiscentos mil votos nas últimas presidenciais e, até por via de tal mediatismo, dispensa qualquer tipo de consideração. Mais um que se enamorou pelas luzes da ribalta. Mas há pior. Carlos Abreu Amorim, sim leram bem, essa peça enfezada do simbolismo regionalista, ultra-liberal, radical e malcontent com a pluralidade, não tem sido outra coisa que não um bastião dos adeptos do pensamento único, seja na política, seja na religião ou no desporto. Candidata-se por Viana, o tripeiro. Por Viana, vejam bem. E assim, vamos ter o morador da Boavista a dormitar na AR, contando o tempo que falta para voltar à terrinha. Ao Guarani e ao Dragão (sendo que neste último caso será sempre via TV porque ao indivíduo incomoda-lhe o suor das multidões). Será, enfim, um novo Tavares (estel outro era socialista) que mais uma vez rumará à Capital com o único desígnio de fazer justiça à Queda de um Anjo, de Camilo Castelo Branco. Um pacóvio mais não é grande incómodo para os lisboetas. Sê-lo-a sim para o PSD que mais uma vez cai no ridículo com tão aturada escolha.

E Bragança? Ah, Bragança passará a ter o seu bragançafather, que vai subir do Estoril a Montezinho para, numa primeira abordagem de cariz social e religioso, mandar que se retirem as carnes de porco das alheiras. A bem da genuina tradição judaica, que este Viegas não declama mas é de cultura. Provavelmente engordará de tédio e cumprirá o seu percurso de deputado com denodo e boas falas. Será bem visto pelas elites porque nunca se sabe. Boa sorte judeu piegas.

Em resumo, se somar a golpada política que os partidos aplicaram ao país, encabeçados por Cavaco, o Maquiavel, ao despautério eleitoralista de Passos Coelho e se adicionar a isto o ingrediente Paulo Portas, o mais interessante ambicioso que conheço, fico com duas possibilidades de escolha. Chega de cheques em branco, meus senhores. Por isso, um homem de esquerda só pode dar o seu voto aos partidos realmente da esquerda. A bem da naçao. E da consciência.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Estou lembrado duma coisa. Estar lembrado não é bem o mesmo que lembrei-me. Acho que não, que é diferente. Estar lembrado é uma coisa que nos vem à ideia, uma marca que nos está cá dentro e de tempos a tempos salta-nos cá para as praias do pensamento. Por isso digo, estou lembrado de quando era pequenino e tinha mais ou menos seis anos e nas manhãs de inverno vinha para a rua brincar num passeio largo feito de calçada portuguesa que existia e ainda existe no largo de Nossa Senhora de Fátima, em Vermoim Maia, mesmo em frente à porta da casa que eu habitava com os meus avós. De manhã cedo o passeio estava coberto com uma fina camada de geada e nós fazíamos ali umas patinadelas enfiados numas botas pesadas e velhas e às vezes engatavam-se-nos as biqueiras nas falhas dos paralelos e era cá cada tombo que meu Deus!
Depois, eu e o Zé Fernando, quase sem termos frio, cantávamos uma lenga-lenga inventada por nós e que começava sempre por "no tempo em que os animais falavam" e depois cada um de nós metia lá dentro um animal e largava a imaginação em busca de falas que tinham sempre qualquer coisa de "os bichos" de Torga, sem fazermos a mais pálida ideia de que isso existia, misturados com filmes de macacada, que era esse o nome por que tratávamos os filmes de banda desenhada americanos.
Anos mais tarde, creio que já na escola preparatória, tive o meu primeiro estou lembrado disto que hoje novamente estou lembrado, através das belas passagens que aflorei no livro "O Romance da Raposa", de Aquilino Ribeiro, uma história linda e soberba que nem sei se ainda mora nos programas escolares tão prenhes de critérios abrangentes e pragmáticos onde cabe cada vez menos aquilo que é nosso de ser nosso mesmo.

(Ah, como é bom de vez em quando estar lembrado!)
E depois vieram Os Bichos de Torga e Os Novos Contos da Montanha, e Trindade Coelho, e a Filha de Labão de Tomás da Fonseca. A filha de Labão, é um livro indispensável para qualquer pessoa que saiba ler. Palavra de honra! Li-o com tal paixão que gravei na mente que o livro se chamava "A Cotovia" (quem o leu saberá porquê) e muitos anos depois andei cismado nesse título e um dia, numa feira, dei de caras com a bela Cotovia dentro do Filha de Labão. E foi tão bom.
E pronto, era isto; desse tempo guardo um frio mais doce, um cheiro mais claro e uma luz mais calma. Estou lembrado muito bem desse frio, desse cheiro e dessa luz. Estou lembrado de quando fui menino e peço a Deus que nunca disso me deixe esquecer.
E então ele chegou lá e disse "foda-se lá para esta merda de vida que eu levo!" e ficaram todos pasmados porque jamais lhe tinham ouvido um palavrão. E ralhava com as raparigas da família, chamando-lhes de puta para cima. Ora isto aconteceu porque tinha de acontecer. Como quando se começa a fumar tarde de mais, ou mesmo algum vício desproporcionado. É a conta de cada um, dizem os mais velhos, e deve ser, que um homem tão ligado nas coisas de Deus, tão aprumado e bondoso, só pode descambar na palavroada porque naturalmente tem de ter a sua conta em dizer palavrões. Pois que os diga. E nós todos também. Gritemos palavrões sem poupar. Todos temos a nossa conta em palavrões, foda-se.

domingo, 3 de abril de 2011

Caro Sr L F Vieira, estamos a ser falados na Europa não por termos perdido, sim devido à atitude indigna perpetrada por V. Exa. Demita-se.
Como Benfiquista, sinto-me repugnado com esta deriva terrorista encabeçada por si. DEmita-se.

O meu Benfica tem um problema grave e urgente para resolver: afastar do clube esta raça de cães danados, mal-formados, como é o seu caso Sr. Presidente. Demita-se.

Como benfiquistas temos de fazer uma reflexão profunda. Não nos revemos nesta atitude desta direção que se comporta ao nível dos fracos. Basta!

PS: A falta de classe da gente que manda no Benfica é o que mais me entristece. Perder um campeonato não é nada de mais. Perder o fair play é ser o último. Perder a noção do ridículo é ser pobre, perder o respeito pelo maior clube português é ser ingrato.
Parabéns aos portistas. Que festejem em paz porque eu também gosto de festejar quando ganho...
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