Caro Professor,
Ao longo dos tempos, pelo menos desde que existe essa coisa chamada Ensino, houve professores que marcaram de forma indelével os - ou pelo menos um - alunos. Pessoalmente, lembro-me da minha professora de inglês, a Odete Veludo, que também lecionou na Escola Secundária de Carvalhos e que me atirou logo no primeiro dia de aulas do meu décimo ano com um "o que andas aqui a fazer?".
Eu não passava de um aluno medíocre a inglês, como ela de resto já tinha percebido quando fora minha professora no oitavo ano. E a seguir àquela pergunta irónica e quase maternal passaram-se dois anos de apaixonante vivência com a língua de sua majestade, da qual acabei por me desenvencilhar, e, sobretudo, de um extremo relacionamento franco e sincero entre uma professora devota e um aluno "ingenuo-anarquista", sedento de saber e ao mesmo tempo a viver as escuridões das estrelas, que é uma coisa que poucos hão-de conseguir explicar. Adiante.
E ao longo dos anos, de certeza que houve muitos professores que foram capazes de marcar os pais dos alunos. Ou de um aluno.
O professor, que não duvido tenha e venha a marcar muitos alunos, é um desses profissionais que é capaz, para além da sua dedicação como técnico, de deixar ficar aos pais essa marca de autenticidade e valor. Durante os cinco anos em que foi o professor de inglês do nosso filho, foi capaz de nos marcar. Não interessará muito discriminar aqui os factos e as experiências vividas, os momentos de tensão, de solidariedade, de compreensão e paciência. O que vale, agora que o "nosso" ciclo de relacionamento professor-aluno-pais termina, é dizer obrigado. Obrigado por ser o homem e o profissional que é. E oxalá a sua capacidade de "ser", enquanto professor, possa contribuir para que outros alunos e outros pais percebam que isto dos alunos e das escolas e dos professores não é apenas uma relação efémera e processual. Não é apenas uma tarefa. É a tarefa perene, A que fica e prevalece. Obrigado professor.