sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

DIA ÚLTIMO

Há um ano escrevi: "Acordar tarde, ensonado, e zarpar para o trabalho. Momento repetido e gasto por de entre o desmoronar próprio de um ano de crise. Mas isso não importa nada, de todo. Neste dia ultimo afogarei todas as mágoas e frustrações e retomarei a aurora de um novo ano, convencido ainda que é mais belo o nascer do dia."

E foi assim mesmo. A um ano de crise juntou-se outro ainda. Mas as crises acabam sempre por nos fortalecer, rejuvenescem-nos.
Horrível este 2004, deu-me, contudo, novas experiências, excepcionais sensações.
Viver os dias à procura de soluções, persistindo numa forte vontade de fazer, criar, transforma-nos indelevelmente.
Que o novo ano nos traga conforto, alma maior e serenidade. Estamos mais fortes.
Um abraço.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

no comments

Adicionei mais dois ou tres blogs na minha lista ali à direita (cruzes!). Recomendo-os vivamente, com especial destaque para este. Há ali uma cristalina pincelada de um conjunto de pessoas, casas, ventos, e tsunamis. Sim, nós temos tantos ...

Llorando (revisited)

Este tema de Rebekah Del Rio é qualquer coisa de fenomenal. Certamente já saborearam aquele momento no Molholland Drive de Lynch. Será possível esquecer aquela cena esplendorosamente surpreendente e envolta em paz?, incomodativa? Esta voz que espero possam escutar ao ler isto, transporta-me para longe daqui.

[reposição de um post de há cerca de um ano]

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

sai dessa

Não gosto nada daquele fulano que escreve no Diário de Notícias, ao mesmo tempo que exerce, como part time job, funções de administrador de um certo grupo da nossa comunicação social. Parece que o tipo tem a mania de ser santanista e manda umas postas valentes, azedas e tal e tal. Dizem por aí que ele é um "ressentido" (faz-me confusão esta ideia comezinha de ver ressentimento em tudo o que vai contra). Por mim o tal homem de quem eu não gosto nada tem todo o direito de escrever o que bem entender e de apoiar quem bem lhe apetecer. Ou só vos interessa os que vos idolatram?

tsunami

Confesso que me ausentei um pouco da catarse colectiva que adveio da tragédia no Índico e que vitimou muitos seres humanos. Ando um pouco alheado dos disparos noticiosos e de toda a carga emotiva que isso provoca nas pessoas, e, portanto, pouco vi daquilo que todos viram.

A tragédia é uma enormidade. Condoo-me por isso.

Agora espanta-me verdadeiramente algumas conclusões que vou lendo. Uns atiram-se a Deus, culpando-o por semelhante catástrofe. Já o podiam ter condenado há mais tempo, por absurdo, porque tem havido tantas tragédias no mundo ao longo da história…não acham que é um tanto estúpido essa coisa de interrogar o divino, pedindo-lhe satisfações para algo que é claramente um processo de evolução do planeta?

Outros ainda, viram-se para a psicose do dilúvio, “nostradámicos”, e andam numa correria a divulgar tudo o que hipoteticamente vem a seguir. Até já se fala num asteróide para o ano de 2019. Credo!

Pior, bem pior, é a malta que adora tirar proveito político da coisa. Não concordo nada que se ataque o governo por falhas (que existem sim) na acção de apoio às vitimas. Há até uma senhora socialista que relata a pequenez dos serviços diplomáticos aquando da crise de Timor. Porque será que essa lady não o disse na devida altura? Porque o PS (Partido Socialista) era governo. Mais nada.

Last but not least: então não consta que pelo menos duas super potencias planetárias controlavam a região, monitorizando a respectiva actividade sísmica? Consta-se até que eles previram a catástrofe uma hora antes e não foram capazes de prevenir as autoridades dos países ameaçados. Numa época dominada pelo conceito de “aldeia global” tal falha é que me deixa realmente parvo da alma.

E depois é só reportagens da Tailândia, esse paraíso dos turistas endinheirados do primeiro mundo. Os pobres aparecem nas imagens porque fazem parte da tragédia. Nada mais.

Eu sinto-me mal porque apreendo a pequenez da humanidade nestas coisas. Só isso.

terça-feira, 28 de dezembro de 2004

está bom de ver

O ano da graça de 2004 termina na próxima sexta-feira.
Está bom de ver que o governo continuará em funções, com os seus salários em dia, claro.
Está bom de ver que o desemprego aumentará. E a qualidade de vida seguirá o seu curso, rumo ao desespero das famílias. Muitas famílias.

Abram garrafas de espumante. Brindem a qualquer coisa. Não esqueçam que é festa, e uma festa não faz mal a ninguém.
Para o ano continuem a festa, sem parar. Colem cartazes, vão às feiras ver o povo e beijem-no. Beijem-no muito e languidamente. O povo é como a mãe. Sabe que sois uns impostores, mas, nestas horas, ele acolhe-vos em seus braços magros e comove-se com as vossas carícias.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

não há

Desculpem. Não há nenhum texto comparável a este, em todo o universo modernista da escrita encomendada pela imprensa portuguesa. Podem procurar. Não há!

domingo, 26 de dezembro de 2004

à espera de Janeiro

As férias de Natal tinham chegado e Joel já sabia o que o esperava. Solidão.
Pausa na escola, interregno nos amigos, regresso àquelas paredes tristes e enormes, que preenchiam os vastos claustros do colégio interno. Não era um colégio normal, era a estrutura do Estado a garantir cama, mesa e roupa lavada a quem, por sortes, por desacertos conjugais e outros males trágico cómicos, ficava a cargo da Pátria, da alcofa que sobrara da antiga “Roda”. Muitos rapazes rumavam a casa, aos seus, porque ainda tinham alguém e viviam, de certo, um Natal como o de toda a gente.
Joel ficava à espera de Janeiro, como quem espera um comboio no pior apeadeiro do mundo. Passava o tempo a dormir e a ver filmes do Fred Astaire e Ginger Rogers, enquanto não vinham as seis da tarde e o jantar. Depois era ler. Ler qualquer coisa que houvesse, que falasse do mundo e doutros mundos.
As noites frias eram passadas a ouvir discos velhos, muito selectos para um puto como o Joel. The Doors, Génesis e Barcklay James Harvest faziam fila para tocarem em primeiro lugar. E lia as letras, o Joel, em sintonia com o que ouvia e sentia. E depois era Máximo Gorky e outras viagens. Paris e os “Boulevards” onde Sartre despertava no moço uma espécie de atracção fatal pelo desassossego.

Na noite de Natal, na véspera do nascimento do menino Deus, Joel vivia a sua “paixão”. Não percebia bem o seu presépio. Olhava em volta e só via pressa nos empregados do estado. Serviam o bacalhau triste e uma fatia de bolo-rei recesso, que já morava na despensa há dias, senão anos. Joel comia e regressava ao quarto, ao seu mundo. Falava com Nietzsche, e punha a tocar o “Pano-cru” de Sérgio Godinho. Do Sérgio daquele tempo, impetuoso e capaz de falar a todos os Joeis deste mundo. E adormecia a pensar em Janeiro.
Nunca mais era Janeiro.

hoje vi um filme [na dois]


IT´S A WONDERFUL LIFE
De Frank Capra e com James Stewart, um dos melhores actores americanos de sempre.
Um filme cujas sinopses falam de Natal e de como tudo é um estado de graça à volta disso. Um filme realizado em 1946 num país em que, à época, ainda era possível o sonho da transformação do mundo através da justiça entre os homens e para os homens. Coisas simples como o direito à habitação e a um preço justo, o direito a uma oportunidade de vida e o estado degradante do capitalismo cego e cruel. Nada de grandes gestas.
Gostei. Porque senti ainda mais coragem para afirmar aquilo em que acredito.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

festa

Disseram que é Natal. Uma festa dos crentes, um delírio moral. Não escrevi uma única sms, nem enviei qualquer postal festivo.
Tudo isto é panaceia e eu não sou nem o único nem o ultimo a pensar assim.
Babem-se os que acreditam em épocas como esta. Não pensem em mais nada porque pensar, em dias destes, dá para estragar muita festa.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

prémios como prendas

Agradecer ao João Tunes a simpatia.

E estas coisas valem o que valem e não carecem de qualquer tipo de explicação. Muito obrigado.

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

eminencias (sem acento)

Em tendo feito o meu ”post-auto-flagelo” sobre a pobre (paupérrima!) prestação que o meu clube teve neste fim de tarde a cheirar a quadra festiva, àquela quadra onde grassa a hipocrisia e o consumismo (vocês sabem, sou um tipo com um mau feitio bestial), surge-me a ideia de assinalar o devido efeito que a blogosfera exerce na minha forma de blogar.
Vem isto a propósito para dizer que notei que anda aí meio mundo a pretender ser mais papista que o dito cujo. E falo sobre a ruptura visível entre aqueles que, afortunadamente, acham que só eles é que sabem escrever e que, portanto, estão credenciados para apontar erros de ortografia e outras manobras perigosas da escrita. É como se esses senhores fossem portadores de uma carta de condução “classe D” que os habilita a conduzir semi-reboques e outras naves da nossa fauna rodoviária.
Eu dou erros, sim senhor. E não tenho problema algum em afirmar que me socorro do corrector ortográfico do “Word”. Por outro lado, reconheço que dou poucos erros. A maior parte deles têm a ver com a simples acentuação. Por isso, quando verificarem algum erro aqui, no meu “food-i-do” podem bem criticar ou até mesmo ignorar por desprezo, que é a mais fina forma de se ser superior. Sinto, porém, grande revolta quando vejo esses senhores a achincalhar o parco escrivão, que digitou qualquer coisa, e muitas vezes coisa interessante, com um ou outro erro de ortografia.
E depois não gostam nada de serem apanhados na esparrela da sua própria arrogância. E fazem autos de fé, sim senhor. E apagam os comentários. E são, de facto, umas grandes sumidades. Iminências. Ou Eminências. Nem sei. Saberei?

pobre clube este

...Que necessita de um prolongamento, conseguido através de um golo de penalty, de entre três penaltys, e de um auto-golo para não ser afastado da Taça de Portugal. Pobre clube este, o meu clube, que tem um jogador ( Simão Sabrosa) a produzir a seguinte afirmação: "já ninguém respeita o Benfica".

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

comida inglesa

"Deparei-me com um prémio honroso que nos foi atribuído por aquele que é, provavelmente, o blogger com o maior mau (portanto péssimo) feitio de toda a blogosfera nacional"
Lolita, a dar-me um prémio, aqui. (Adorei!)

Pronto, pronto! Fui maroto porque apontei dois blogs, que leio sim senhor, pelo lado errado da lua. O meu lado.
Intrigante foi ter percebido que há gente que se indigna porque eu fui deselegante. Da próxima vez vou dizer que o blog tal é um "must" porque é o que corre na "gera". E vou afirmar que aqueloutro é um portento de dinâmica porque muita gente adora comentar o fumo aspirado que decidira, entretanto, passar directamente para o pulmão direito só porque detesta a esquerda. Malefícios!
Como nem tudo é do lado errado da lua parece que acertei em recomendar o “elasticidade”. Palminhas!

Ademais, sou como a comida inglesa: não tenho solução!

domingo, 19 de dezembro de 2004

rumos

Jerónimo de Sousa fez ontem o seu périplo pelo Norte do país, que é como quem diz, andou a ver se metia lanças em África.
À tarde discursou na Av. da Boavista, para os seus, e pela noite foi jantar a Braga. A televisão apanhou duas ou três coisas e, enfim, não insistiu na ideia de “discurso cassete”, que, como sabem, tem sido a expressão mais recorrente quando os “média” pretendem minorar a palavra dos comunistas.

Desta vez temos um lider não intelectual e virado para os baixios do eleitorado. Como dizia um companheiro da blogosfera, a esquerda “está convencida que decorar cinquenta nomes de realizadores resolve o complexo de inferioridade da primeira geração sem raízes, que coreografar reacções é agir, que decorando sentimentos poderão fingir-se glazé, bléssê rálê . Tem os piores tiques que se associam à direita: elitismo, superficialidade, prepotência”. Ora é aqui que podemos ver a diferença. Um Partido Comunista virado para a necessidade de dar outro rumo ideológico à esquerda portuguesa.

Porque é importante que se diga isto (e volto a citar o meu companheiro): “não há direita nem esquerda em Portugal, mas hipocrisia do berço e hipocrisia do azar. Desprezo ambas. E prefiro eternamente o PCP, honesto, repetitivo, falando de justiça para além da injustiça, ao IURDismo da esquerda BE que é mais conservador, arrogante e vazio que a direita PP”.

revelação à la carte

Pacheco Pereira aborda, sem temor (de louvar, ouviram bem?, de louvar!) a problemática Pinto da Costa/Rui Rio, numa perspectiva da orientação socialista na caça ao voto. E assim teremos mais do mesmo. Cada vez mais do mesmo.
Lembro que Pinto da Costa surgiu a apoiar Pedro Santana Lopes como primeiro-ministro, nos idos de Julho. Provavelmente irá arrastar muitos eleitores para o PS, já nestas eleições, mas o que me deixa parvo da alma é perceber que um homem,neste caso Sócrates, para ganhar, sujeita-se a tudo. É triste!

sábado, 18 de dezembro de 2004

2004 (um balanço food-i-do e só isso)

Blog do ano: Blogamemucho

Blogger do ano. Gabriel Silva do Blasfémia

Frase do ano: "Lemos os mesmos blogs (pronto, tudo bem, temos gostos parecidos, mas não há milhares de gente a ler o Abrupto ou a Rititi, mesmo sabendo que dão erros crassos de ortografia ou em expressões idiomáticas (caso dela) ou mesmo de estrutura sintáctica (caso dele)" in Azimutes

Revelação do ano: Elasticidade

Decepção do ano: 100nada

Bolor do ano: aviz



negociar

"E então? Vais despentear-me ou não?"

Há naquela frase um erro crasso. Não está em causa o romantismo da coisa, que sugere sempre uma linguagem apelativa. O que está em causa, ali, é a questão da negociação propriamente dita. Se se tivesse apenas perguntado: "E então? Vais despentear-me?", sem a presença cada vez mais usual desse bloqueador de qualquer negociação "ou não?" de certeza que o impacto negocial seria outro.
Fazendo-se uso daquele "ou não", deixamos sempre ,na cabecinha de quem nos tem de responder, a sugestão para o "não" puro e duro.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

votem


Dar continuidade às politicas mais justas de subsidios de apoio à economia portuguesa e incrementar o processo de modernização das nossas estruturas produtivas, significa votar nos partidos de sempre.
Eles merecem!

que bom!

Abri um blog e apanhei uma sensação. Musica velhinha e boa e a atiçar-me uma certa memória de um tempo maravilhosamente tido como “um tempo de paixões”.
Não sei porque me recorda a paixão, aquela música. A paixão pelas coisas, pelos amigos sentados na antiga escada da escola. A paixão pelas cores das faces que as moças traziam, risonhas e perfumadas.
E nós a olhar.

Que paixão!

Um tempo em que tudo era o que havia de ser.

Raios, gente, que estou “piegas” porque sou um homem a olhar para o tempo das paixões, neste momento. E um homem que olha assim, bem, ao menos olha.

Malefícios da vida, dizem. Claro que sim, acrescento eu. Mas aquele tempo, gente, já não existe mais. Nunca mais.

Quando um dia morrer quero fechar os olhos, de gula, e recordar aquele tempo, o meu tempo de paixões.

gira que gira

A realidade, que não ditosa, da pátria, faz-nos viajar numa espécie de carrossel místico, onde tudo gira em volta do nosso imobilismo. É esta realidade que faz com que centenas de portugueses deambulem, de voto em voto, produzindo a mesma maçã estafada, a mesma ananás em calda, servidas na mesma taça de sempre. Não vale de muito ousarmos propor o estalo ideológico a esta gente, uma galheta bem aviada, na hora de decidirem pelo PS ou pelo PSD. Quando muito um conselho amigo na hora de decidirem pelas caudas ululantes daqueles dois papagaios coloridos: o PP e o BE.
Não vale a pena!
O carrossel desta imobilidade não pára.
A música é sempre a mesma e a viagem tem rigorosamente o mesmo início e o mesmo fim: gira que gira, roda que roda, a musica toca e tudo isto é moda.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

comentários

Já por duas vezes retirei o sistema de comentários do food-i-do como quem tenta deixar de fumar, acabando por voltar ao mesmo. Ter ou não ter sistema de comentários parece estar na ordem do dia, já que o blog que a direita detesta anda a reflectir a coisa. Os comentários são uma espécie de carta branca a quem nos visita para participar no bloguito, sendo que quanto mais provocador é o nosso estilo maior é o risco de recebermos impropérios. Por isso concordo perfeitamente com este post, que explica muito bem a origem do baixo nivel de comentários que assistimos no barnabé ( penso até que rivalizam com os do "o-meu-pipi"). Acrescento que uma das primeiras bandeiras que eles utilizaram contra o abrupto foi precisamente a ausência de um sistema de comentários neste blog. Parece que o homem das barbas brancas levou a melhor, mais uma vez.

há sempre um floco de neve à tua espera

É isso! Num tempo de abundantes mensagens de paz e amor e outras realizações, visite este nevão e talvez encontre aquela mensagem que procurava.

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

dollars há muitos




via attu

esta linha não é a do Douro

Viagens há muitas, Srs. passageiros. E na blogosfera apanhamos, em cada encruzilhada, alguns atalhos que nos conduzem a estimulantes descargas de adrenalina. É um diabo a blogosfera.
Vem isto a propósito para dizer que aconteceu-me parar aqui e ler isto e, logicamente, seguir a coisa, a trama. Ora querem ver que uns miúdos mandaram uma certeira a esta ave rara, madura e cheia de presunção, e foi de tal forma bem aviado o chiste que ela, a "Avia" (para quem não sabe trata-se de uma marca de bombas de gasolina) se espalhou em insinuações intelectualmente intocáveis, por um lado, mas, por outro, inequivocamente sintomáticas de que os putos a pregaram bem. Em cheio!

Obrigado miúdos, ou não, pela vossa perspicácia, que não sendo uma coisa exclusivamente vossa, já o mesmo não se pode dizer em relação ao arrojo. E é de arrojo que se trata pois claro, que aqui ninguém manda estalos a ninguém. Aqui lê-se o que alguém escreve e esse, o escritor, tem mais é que estar sujeito. Caso contrário que escreva um livro em edição de autor e o ofereça nas tertúlias de pechisbeque. Ou, melhor ainda, que se cale para sempre se não consegue assumir o óbvio: o frete.

o complexo de frota

Li no JN de hoje uma ligeira peça sobre Alexandre Frota que encarna na perfeição o seu papel de actor naquele programa que ninguém vê mas todos conhecem.
José Sócrates parece andar a aprender muito com aquele actor porno: namora ao mesmo tempo que desnamora, pede votos e maiorias, propõe alianças duradouras e serve-se de guiões estratégicos com vista à vitória final. A audiência proclama-o como vencedor antecipado mas esquece-se que quem controla os votos, em democracia, não é a TVI.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

post temporário

Estou triste porque não posso abrir blogs alojados no weblog.com.pt. Estou muito viciado no haxixe da 100nada, na heroína do barnabé e na liamba do Machamba, de maneiras que, à falta disso, tenho que me consolar com o aviz e outros opiáceos. Droga!

não foram só os cinco milhões

De resto, a derrota do Benfica foi tão estrondosa que até o país tremeu. Este país não treme com quedas de governos nem com êxitos regionais. O país que somos treme porque se chateia e fica com azia ao ver o Benfica naquela penúria. Supinem-se, carago!

um comunista vota PCP!

Não se iludam senhores renovadores. Não queirais ser mais um troféu da “esquerda lacoste”. Eles usam o crocodilo no bolso de trás das calças e colocam as vossas cabeças, juntamente com outros troféus, nas paredes do seu próprio narcisismo.

domingo, 12 de dezembro de 2004

e mereceu

O Benfica foi goleado e mereceu.
Se quisermos falar de futebol, à maneira dos comentaristas desportivos, assunto não falta para cascar naquela equipa miserável. O meu Benfica é um exemplo de crise em Portugal. De crise da alma. Não faz sentido semelhante pobreza, já que aquele clube tem tudo para ser melhor. E antes que descambe em considerações futebolísticas, acabando por fugir àquilo que pretendo dizer aqui vai: despeçam o filho da mãe do Veiga, juntamente com o rei dos pneus porque eles são os culpados morais e materiais por terem admitido um funcionário tão lírico e desconcertantemente incompetente como o senhor Trapatoni. Estou por tudo, pois, tirem o Trap e fiquem com o Toni. O Toni é português e não bebe “chianti”. Prefere o tinto da Bairrada ou de Mogofores que dá no mesmo. Um homem fica tão fodido da cachola que dá por si a reclamar o Toni. E ponham o Humberto a presidente e rasguem tudo o que foi dito nestes últimos anos. Um benfiquista que seja, ao menos, decente, sabe bem que a tropa dirigente do clube é tudo menos dirigente. Por mim aviso já que não quero saber do Porto para nada, nem do apito dourado nem da taça toyota (toys are us). Gostava era de me sentar à mesa do café e ver o Benfica a jogar futebol, mesmo perdendo. Botem lá gente que pense assim, por favor!

uma questão de esquerda

A avaliar pelo que vou lendo no fórum de renovação comunista (link à direita), confesso que votar CDU continua a ser uma questão de simples exercicio de voto, um direito de expressão para quem pensa diferente.Isto porque vejo ali, naquele fórum, muito ressentimento e pouca capacidade de trabalho. A esquerda precisa de se renovar para não caír na tentação do PS. Mas não é através de fugas para o Bloco ou de negociatas com os socialistas que podemos ver a esquerda autentica. A esquerda verdadeiramente de classe continua no Partido Comunista Português.

Fica uma questão: para onde vai o voto dos renovadores comunistas?

a portuguese dude weekend

Acordei tarde e fui, de fato de treino, ao café do costume. Embora fossem 11 horas da manhã parecia que já era noite. O café estava cheio de moços e a televisão passava um jogo de futebol importante. De maneiras que me aviei de café e passei os olhos pelos jornais, enquanto fumava dois cigarros de enfiada. Os moços excitavam-se porque a equipa deles andava sempre quase a marcar golo. Eu sorria, entre um olhar manhoso para a televisão.
Paguei o café e recolhi a casa onde aguardei pacientemente o buzinão do costume. Por volta da uma hora da tarde já o povo saltava de alegria e eu dizia para a minha mulher: “ Eles eram fracos” o que ela contestou logo: “Se fosse o Benfica…”.
Resolvi então fazer um bolo de chocolate no micro-ondas em apenas dois minutos. Coisa fácil. Almoçámos bem e era chegada a minha vez de me sentar frente ao computador. Nada mais simples e calmo para um domingo.

Os fins-de-semana são sempre assim. Ontem deu para perceber que o país vai de vento em popa. Já não temos governo, e, assim, foi possível anular-se um golo ao Sporting que bem o mereceu.
Hoje deu para perceber que o país vai de vento em popa: O Porto ganhou a taça do toyota e prova assim que é a melhor empresa portuguesa e que os seus empregados não vêem em risco os seus postos de trabalho.
Logo à noite vamos assistir à consolidação de um país de sucesso: o Benfica vai jogar e mostrar que há empresas em Portugal que dão oportunidades sem fim a quem quiser mostrar o seu valor.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

e logo no dia 20

O Bloco de Esquerda teve hoje a sua primeira grande vitória já que Jorge Sampaio, o agora amigo Jorge, marcou as eleições para dia 20 de Fevereiro, conforme pretendia o Bloco. Nada mais apetecível para um partido caça-votos, um partido que vive em constante Carnaval.

Há quem diga, por outro lado, isto é, do outro lado literalmente, que acabou hoje mesmo o mandato de Jorge Sampaio como Presidente da República. Exatamente o mesmo que disse a esquerda bloqueira no outro dia, quando o presidente decidiu dar Governo a Santana.

E ainda há quem diga que tudo isto é fado. Não sei bem o que diria António Variações, esse "umano".

estuda que chegas lá

A globalização e as universidades, a juventude e o trabalho, o seculo XXI e a abundância levam a estados de espirito como este. Uma realização!

a entrevista

Assisti com curiosidade redobrada à Grande Entrevista de ontem na RTP, cujo convidado era Jerónimo de Sousa, o secretário geral do Partido Comunista Português. Bem sei que muitos preferem os programas urbanos, de papagaios estupidos e um apresentador com cara de cromo a mostrar um livro que é sucesso por ser livro e não por ser um livro.

Jerónimo impressionou-me pela enorme força que entregou às camaras de televisão. Bem sei que tudo aquilo foi em vão, porque será sempre criticado. Por agora ainda está a ser ignorado, mas Basta que um guru da imprensa lhe dê umas palmadas, logo o Bloguitica fará disso referencia. Como excelente apontador das teses da bipolarização que é, o bloguitica prefere ignorar a entrevista até que alguém se pronuncie. É como quem está à mesa e espera, pacientemente que alguém se sirva.

Jerónimo desiludiu-me também porque não percebe as regras do jogo: devias ter dançado homem. Eles querem dança! Jerónimo não dançou e, timidamentye, atirou umas quadras tão velhinhas e sem uso, mas tão actuais e com fuso. E Judite sorriu porque sabe que hoje já ninguém liga a isso.

A blogosfera faz silêncio e continua em busca do senhor dos aneis. É o que está a dar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

enganado

Eu não queria ser mau mas aquela gente desilude-me realmente (e digo isto com muita pena). Se editar em livro um blog feito de pregões e outras bocas banais, e muitas vezes de baixa provocação, já é, de si, uma desilusão, vir agora aquela malta, na pessoa do “danizinho”, gabar-se de que vão aparecer numa reportagem do Caras/Sic/Noticias e (a cereja no cimo do bolo da futilidade), anunciarem que vão hoje à noite ao Cabaré da Coxa… bem isto já nem é desilusão. Trata-se realmente de um engano atroz.

Bem sei que nada tenho a ver com isto. Até desejo as melhores realizações para os respectivos egos e bolsas, diga-se. O que eu realmente esperava era vê-los reconhecidos por uma Ana Sousa Dias ou mesmo por um Francisco José Viegas, já para não falar da Anabelamotaribeiro (argh).
Cabaré da Coxa? Vão fazer um dueto com o macho do duo Eles e Elas? Ou vão contracenar com o Mister Gay? Vá lá, digam uma caralhada. Está bem?

o meu lugar é aqui


quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

a montanha pariu um rato

Estava tudo à espera de ver Pinto da Costa a ferros. Eu inclusive, embora não veja isso como uma vitória desportiva ou clubista mas sim porque percepciono, desde há muito tempo, uma certa corleonização do futebol português. O cidadão, afinal acusado de 5 crimes, continua em liberdade e pode exercer funções como timoneiro do Futebol Clube do Porto (parabéns ao clube que ganhou o direito de permanecer na Liga dos Campeões). O cidadão que declama José Régio e frequenta os sítios mais obtusos da cidade continua firme na disposição de defender-se perante tais acusações. A presunção de inocência tem de valer para todos, mesmo para as figuras públicas.

E porque ainda me lembra bem a condenação publica que fizeram a Vale e Azevedo, antes de ser julgado e condenado pelas tropelias que praticou, continuo a repudiar todo esse folclore nojento contra um homem que, ao que tudo indica, já está condenado pela opinião publica, mesmo antes de ser feita justiça. Aqui também é necessário saber ser-se gente.

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

oitenta anos



Um dia votei neste homem. Fiz um esforço enorme porque tinha percebido a necessidade do voto útil. Nunca me decepcionou. Parabéns a um homem de Portugal e da sua história.

bbc

É isso, amigo! O melhor é abandonar o debate político por algum tempo. Deixar a coisa para os especialistas e, no mais, tentar sentar a minha alma, nem que seja numa pedra parideira, dali da serra da Freita.

E vou falar de futebol, pois claro. De como foi belo ver a Vitória, a nossa águia genuína, aterrando, imperial, no símbolo que a faz altaneira. E depois aquela outra águia alta e loira, a pender mais para o “Ken da Barbie” do que para o viking clássico norueguês, a mergulhar em banda, a fazer lembrar adolescentes em manobras lúdicas na areia grossa da praia da Granja (que frase tão gay, senhores)!!!.

Coisa de Fidel e Maquiavel, já se vê. Mas também, “cum caraças”, se Maquiavel cá estivesse havia de ser portista, o homem. E Fidel, por certo, deve ser sportinguista, a ver pela indumentária. Já benfiquista é o povo, não há duvida! Não há nenhuma figura ilustre de relevo que seja benfiquista. Nem, tão pouco, donos de casas de putas. A mim não me preocupa porque eu não gosto de putedo. Prefiro as mulheres-aranha, as que nos comem por prazer, devagarinho e dissimuladamente.

Ora bem, e logo mais temos o Porto em festa. O Paulinho, o Ricardinho e o Tiaguinho vêm a mais o pato Donald fazer uma visita à cidade mais trabalhadeira e independente e liberal e (ai que me esqueci do bispo) deixai lá.
Que se cumpra a BBC (British Broadcasting Corporation) i.e. Boavista, Beira-Mar e Chelsea!!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Não votar Bloco de Esquerda – 5 razões

1 É o partido da esquerda “Lacoste”.
2 Rotatividade de deputados no parlamento. Por agora estamos a falar de dois ou três deputados. Imagine-se o caos se este partido sofrer uma “pêerredêização”.
3 É uma configuração do parque jurássico da extrema-esquerda.
4 Sofrem de um terrível complexo devido ao passado comunista de grande parte dos seus acólitos.
5 Não têm experiência governativa e, hipocritamente, aparecem apenas nos grandes círculos eleitorais como Lisboa e Porto, onde se concentra o voto urbano. O seu único portfólio é: “Lisboa é Portugal, o resto é paisagem”

domingo, 5 de dezembro de 2004

aos seus lugares

Pedro Santana Lopes faz lembrar o presidente da Venezuela”, assim o disse Pacheco Pereira, num programa gravado para a RTPN antes do Presidente da República ter anunciado que ia dissolver a A.R.
Esta frase foi apresentada no telejornal de hoje, no meio de outras criticas ao ainda primeiro-ministro. E isso só pode ter acontecido por duas razões: o programa estava na gaveta a congelar, o que me parece pouco provável dada a independência do seu autor ou então não havia mais nada de jeito para refutar aquela intervenção de Alberto João Jardim sobre a "brigada do reumático" cujas figuras de cartaz são Cavaco e Soares.
A RTP toma posição, antecipadamente.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

da-me o teu voto pá

Desculpem a insistência mas não posso deixar de fazer notar que o Barnabé Daniel Oliveira postou um “pastiche” sobre o congresso do PCP e chamou “mediático advogado” a Pedro Namora. Ou seja, um tipo aparece uma ou duas vezes na televisão, ainda por cima por causa de um processo como o processo casa pia e passa logo a ser mediático. Pedro Namora, para que se saiba, já era comunista há muito tempo e acaso tivesse pendido para o bloco provavelmente estaria a escrever no barnabé. É o mesmo mediatismo fútil e de “cápsula sumol” que, certamente, o Daniel anda a viver por estes dias. É esse tipo de mediatismo que faz com que a revista “Visão” esse escarro de pasquim ande a falar de merdas destas num congresso de comunistas, ignorando tudo o resto, a não ser para dizer mal. Infelizmente as moedas más, também nos “media”, começam a tomar conta disto tudo.

Já no que respeita à segunda parte do tal post pastiche, que, à hora em que escrevo, ainda permanece o ultimo post do Barnabé desde ontem à tarde, e mais uma vez cientificamente estudada a coisa, o nosso Dani acusa os congressistas de terem vaiado um orador, e vai mesmo buscar a folha de serviço do comunista, desta vez bom comunista, para zurzir nos congressistas. Evidentemente que uma vaia é sempre um manifesto colectivo de qualquer coisa. Quando o povo vaia os arguidos do processo casa pia é “canalha” na sua manifestação, diz o nosso Dani, quando o povo corre à rua para vaiar o governo faz muito bem, aplaude o nosso Dani. Ora quando um grupo de congressistas comunistas exerce a vaia como demonstração de determinada vontade colectiva o nosso Dani irrita-se. Mas eles vaiam no congresso, cara a cara. Não andam pelas televisões e pela imprensa a mandar recadinhos vis e outros tamboris.
O que pretende o barnabé como esta tomada de posição tão acintosa contra o PCP? O Santana já não rende votos, há que ir busca-los ao eleitorado PCP, só pode ser.
Meus caros ficam a saber que quando for dia de ir às urnas não vamos ver vaias para ninguém: vamos ter votos e os comunistas hão-de saber entregar o seu voto a quem não “vaila”.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

e no futebol...

O Benfica das péssimas exibições está já apurado para a fase seguinte da taça UEFA. O Sporting ( e desculpa lá ó besugo) das goleadas e tal, ainda não conseguiu essa garantia (espero sinceramente que o consiga).É por isso que me rio quando oiço os comentários da TSF do género "o Benfica TERCEIRO já não será" " a sensação que fica é que o Benfica podia ter goleado o adversário de hoje" " o Benfica jogou mal" " jogou hoje exclusivamente para a qualificação" " a primeira parte nem foi má" " o Sporting estava a fazer excelentes exibições" " o Sporting até pode ser primeiro no grupo" etc etc. E o Sporting ? doi-vos assim tanto?

espalha brasas

É o que são estes tipos do barnabé. Eu sou benfiquista e não tenho qualquer simpatia por Pinto da Costa. Sou até anti-portista, depois do meu benfiquismo. Mas sinceramente, não posso deixar de repudiar semelhante atitude vida de uma malta que, para além de até já ganharem estatuto de colunistas do Expresso, ainda por cima nos arriscamos a vê-los na assembleia da republica ou mesmo no governo a tentar fazer pior que Rui Gomes da Silva e outros "barnabés". Ó deus nosso senhor misericordioso, livrAI-NOS DE SEMELHANTE SINA!!!

ainda a malta

O problema da malta é que se habituaram em demasia à figura quase monarquica dos seus lideres. Estão demasiadamente treinados a viver uma democracia de "reality show", macrocéfala e, por conseguinte, desalmam-se a procurar um novo messias, quando acontece serem os "burros pavarotis" a protagonizar. Seja lá como for, eu não me revejo nesse rol e acho que já vem sendo hora de pensarem que há partidos politicos que, para além dos seus meros e acidentais secretários gerais, têm muita gente que trabalha, é responsavel e tem maturidade politica e consciencia de estado. Falta é coragem para aceitarem e valorizarem isso.
Há partidos tão diferentes da mediania que até há malta que se esquece deles.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

a malta chama por vós

Também Ana Gomes acena a mão a Ferro Rodrigues, como se pode ver aqui. Chamem por eles porque já se viu que o efeito será bem pior do que a causa.
"Os lugares mais quentes do inferno são destinados aos que, em tempo de grandes crises, mantêm-se neutros" Dante Alighieri

Eduardo Prado Coelho, no “Público” de hoje, malha que nem ferreiro apressado, nos comunistas em geral, porque afirma já não haver marxistas-leninistas, e no PCP em particular, porque teme aquela malta decente e em celebração. E teme porque lhe custa admitir que em Portugal há muitos comunistas, de todos os quadrantes sociais, que vão votar na CDU.
Percebe-se bem a oportunidade de ouro que estes socialistas de meio bloco têm em mão, dado o “infanticídio” a que ontem assistimos. Eles querem aproveitar todas as migalhas e todos os cacos desta derrocada politica da direita. Eles sabem que há um partido em Portugal que trabalha diariamente, sistematicamente organizado e preparado para cumprir com o seu ideal: a transformação da sociedade. Este partido que eles tanto temem não precisa de “neons” nem de canais de televisão, nem de colunistas de encomenda. O PCP irá travar uma luta não contra a outra esquerda, a mascarada, mas sim a favor dos portugueses.


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