domingo, 31 de dezembro de 2023

 

Ano bom este que agora finda! Logo no início, em janeiro, trouxe-nos a bebé Margarida que me fez avô pela primeira vez. E que bom é ser avô e poder ver esta menina a crescer…e eu quero tanto viver esses momentos mágicos, meu Deus como quero!

 Ano bom também porque sobrevivemos, porque fizemos as coisas boas e simples que costumamos fazer e os nossos filhos, que estão fora, visitaram-nos nas festas e no verão, o que é tão bom!

Ano sereno onde fiz amizades, fui ao “febras”, fiz piqueniques, fui à Meia Praia, fui campeão. Fiz negócios, perdi outros, zanguei-me, chorei…li pouco, é certo, mas ouvi muita música, ri bastante, bebi cerveja e comi bem.

 

E também houve perda. O primo Joca, que foi arrancado abruptamente deste mundo. O Joca já tinha sido arrancado abruptamente do seu mundo, que era África. O Joca era um leão de olhar meigo, porém enjaulado desde muito cedo numa terra estranha para ele e passava os dias a olhar para o sul, sonhando voltar àqueles prados verdejantes, saborear a brisa quente do Índico e namorar o pôr do sol. Oxalá ele encontre, agora que partiu, o seu paraíso perdido.

Bom Ano Novo!

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

 Se os tais ilustres portuenses fizessem, mas é, uma petição para a C. M. do Porto limpar esta belíssima estátua das cagadelas de pombas, para isso até eu aderia, sem dúvida nenhuma. 

Agora, fazerem uma petição para remover esta obra de arte da nossa cidade, ainda por cima alegando causas relacionadas com o pudor e, imagine-se, com a estética, é algo que me deixa profundamente triste.

 Só de saber que ainda há bem pouco tempo toda a gente se indignou com aquela cena da professora americana que teve de se demitir por ter mostrado aos seus alunos a estátua de "David", um nu de Miguel Ângelo,  demissão essa forçada  pelo mesmo tipo de gente retrógrada e  prenhe de falsos moralismos, eu pergunto: onde está a coerência? Estes senhores guardiões da moral e dos bons costumes não se enxergam? O Presidente da Câmara não tem a tal independência que tanto apregoa para não se deixar manipular por gente tão tacanha, que, ao que parece, tanto é da Esquerda como da Direita? 

Saibam esses senhores bafientos que Camilo Castelo Branco foi dos primeiros homens de letras a colocar o Porto no mapa da cultura. A sua obra passou as nossas fronteiras e inspirou centenas de escritores, c


ineastas e dramaturgos. O seu romance com Ana Plácido é um triunfo daquilo que há de mais belo , como é o caso da "paixão entre um homem e uma mulher". E além disso, o Porto é consabidamente uma cidade de paixão, por isso não se percebe, não se aceita, não se tolera esta desfaçatez.

sexta-feira, 19 de maio de 2023


Hoje é um dia triste para mim. Morreu Andy Rourke, o grande bass guitar dos The Smiths, 59 anos…pâncreas, maldito cancro!

 E ao escrever isto ouço The Queen Is Dead e levo o meu pensamento para aqueles anos oitenta, mais propriamente o ano de 1987, onde eu me encontrava a viver sozinho em casa da minha avó, teso como um carapau, sem emprego, sem perspectivas e a contar os dias a passar. Ouvia quase diariamente este álbum que o Nandinho tinha comprado e me tinha passado para uma cassete. Músicas e canções prenhes de melancolia, desilusão e sonhos que me passavam pela cabeça. Que me davam vontade de penetrar na insistência da vida, na procura de um lado bom, uma viagem, um traço de esperança e uma sede de me erguer. Por isso mesmo The Smiths é a banda da minha vida. Não estava completamente sozinho porque tinha a minha namorada que não desistia de mim. 

Hoje já  sou avô e estou a partilhar convosco este dia triste. Hoje sinto-me outra vez the boy with the thorn in his side, o rapaz com o espinho ao seu lado. Um grande abraço. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

 

Há muitas Lisboas em Lisboa. Há a Lisboa de Camões, há a do Fado, há a dos Saudosistas e a dos Bairristas, há a dos que para lá foram e há a dos que lá se eternizaram, como é o caso de Pessoa…e de Saramago, pois então. E desta vez, nesta visita a Lisboa (sim, gosto de Lisboa, aliás, adoro Lisboa!), andei pela alcáçova da cidade, caminhei nas velhas ruas e calçadas e fui de um salto ver, pela primeira vez, o miradouro de Santa Catarina, no Bairro Alto, com o seu Adamastor altaneiro a olhar o Tejo e a velar a multidão que por ali passa e se queda, mais jovens do que velhos, mais futuro do que passado, mas história ainda assim, mas alma, portugalidade.

E esta visita em particular é-me muito especial, porque queria tanto ver este sítio tão pessoano que veio até mim, não através de uma publicação turística, não pela via de um panfleto qualquer, de uma rúbrica na televisão ou mera recomendação; sim porque esse apelo que me afetou está semeado no “O Ano da Morte de Ricardo Reis” de José Saramago, autêntico guia turístico pessoano de Lisboa e de modos que ao ler este magnífico livro, nasceu em mim o desejo puro de conhecer este e outros lugares nesta cidade tão bela e tão cheia das suas coisas para nosso deleite.

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