sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

dos blogs

Este blog é sem dúvida o melhor blog do ano, e o melhor blogger também. E depois deu-me a conhecer este "must"!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Core Ingrato

Hoje deu-me para pegar numa colectânea de canções da minha série preferida, "O Sopranos" (porque afinal um anarquista burguês gosta muito de ter destas coisas boas para em certas alturas escutar muito quieto) e redescobri este Core Ingrato de Dominic Chianese (O inefável Júnior Soprano!). Uma Canção Napolitana que espero vos possa deixar um leve sabor a coisa boa:

versão audio mais aproximada

Core ingrata (canción napolitana)

Catarí, Catarí, pecché me dici
sti parole amare;
pecché me parle e 'o core me turmiente,
Catari?
Nun te scurdà ca t'aggio date 'o core,
Catari, nun te scurdà!
Catari, Catari, ché vene a dicere stu parlà
ca me dà spaseme?
Tu nun'nce pienze a stu dulore mio,
tu nun'nce pienze, tu nun te ne cure.
Core, core 'ngrato,
t'aie pigliato 'a vita mia,
tutt'è passato e
nun'nce pienze chiù!

domingo, 16 de dezembro de 2007

reentrares

Relembrando outros tempos, os outros tempos da inocência e da experimentação, de quando houve coisas de entrar cá dentro e permanecer anos fora, dando que pensar agora e sempre, e apetecer procurar de novo, ousar repetir no agora, como se o agora fosse aquele tempo ido, dá-me na alma assinalar aqui um livro que li e do qual não sei nem o título nem quem o escreveu. Deu-mo uma professora de inglês de entre tantos livros que me oferecia num acto mais do que missionário, pois sabia-os bem entregues. Não que fossem guardados, mas sim porque ela estava certa que seriam lidos, deglutidos com o vigor e a alma de um puto sedento por fugir aos dogmas curriculares, às "Sibilas" e aos "Camões", aos "Kants" e aos "Lavoisiers". E eu li esse livro dentro dele, vivi aquele romance na Munique do pós-guerra entre duas pessoas que me fascinaram tanto. Ele era monge, ou frade, ou padre, nem sei, e ela era uma menina que caminhava na cidade. Sei que casaram no final da história e ele foi noivo e padre desse casamento tão grandioso, porque humano e prenhe de religiosidade. Ficou-me na ideia o título do romance: "Uma mulher naquela casa". Não sei se o reinventei, ou se o gravei como quem grava uma cor do arco-íris de entre todas as outras cores.
Sei que gostava tanto de voltar a entrar dentro dele com todas as minhas forças.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

tratados

"Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios..."

in Cântico Negro de José Régio

Hoje há mais um tratado para tratar e há festa e polícias a cortar o trânsito e fotografias oficiais e os Jerónimos. E está frio lá fora. Nada de novo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

atrevo-me



"He came dancing across the water
Cortez, cortez
What a killer."

Entretanto, ordeno-me que oiça Neil Young. Bom sinal (nesta época do ano não há melhor eucaristia)!
Sinto-me um "Cortez What a Killerrrrr" que precisa de redenção, e no entanto cada rasgo de guitarra surge-me como uma cimitarra que me golpeia as entranhas do pensamento. Rasgos prolongados que me levam à terra do nunca, onde posso dar os passos que não dou e onde vejo as formas que não toco e onde percebo as palavras que não sei.
Depois desta perene oração levanto-me ligeiro e, olhando o "lá fora", vejo o tempo bom, as flores dormentes e os pássaros obreiros. E vejo a tinta da minha alma caiada numa parede lisa e atrevo-me tocá-la em tentativa mordaz de me doer.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

hoje de manhã

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.

Alberto Caeiro

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

The Drunken

O man, take care!
What does the deep midnight declare?
"I was asleep—
From the deep dream I woke and swear:
The world is deep,
Deeper than day had been aware.
Deep is its woe;
Joy—deeper yet than agony:
Woe implores: Go!
But all joy wants eternity—
Wants deep, wants deep eternity."

Nietzsche

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

devoluções

Hoje devolvo-me a todas as coisas, deixando-me espalhar pelos materiais como se o meu corpo fosse um estado chumbo derretido. Muito quente, muito fluida, a minha matéria está em estado de devolução às coisas, às formas e aos sentidos. E assim fico com outras formas, mais arredondadas e sem ângulos e arestas vivas. As minhas arestas vivas sangram de um tal desejo de arranhar, de tocar e fazer mexer, e em se devolvendo a outras formas, de arco-íris e flores exóticas, do Índico talvez, de outros mares imensos ou de outras luas argênteas, devolvem-se também ao sonho jamais em mim envelhecido.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

difusões

Como naquele conto de Oscar Wilde também eu desejo por vezes que algumas pessoas que me rodeiam não tivessem coração. Não padecessem nem perecessem e que a sua missão não fosse mais que fazer-me rir e brincar comigo sempre que eu quisesse. Não precisariam de ser bonitas, apenas práticas e muito disponíveis. E como naquele outro conto do mesmo autor, gostaria que uma bruxa de cabelos cor de ouro rubro me oferecesse um punhal com cabo de serpente que eu levaria comigo e numa noite de lua cheia eu pudesse cortar a minha sombra e despedir-me da minha alma. E por certo a minha alma desprender-se-ia de mim sem nada reclamar. Não me visitaria mais e eu, assim, poderia enfim mergulhar no oceano dos meus sonhos e beijar os lábios molhados de uma sereia.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

prazeres

Bom, isto não é para se dizer mas acontece que eu sou uma puta e digo tudo, mesmo coisas que não se devem dizer. Este fim-de-semana virei o barco que é uma coisa que eu faço de quando em vez mas já não tinha memória da última.
Virar o barco é uma coisa bárbara. Um tipo fica assim a modos que com muitos calores e de repente apanha-se prostrado sobre uma sanita, o mais kunderiana possível já agora e que me deixe ver as entranhas da terra mais o inferno e as chamas que ardem de um fogo irresistivelmente atraente, e enquanto deita tudo borda fora, a alma inicia o seu único e verdadeiro momento de indispensável reciclagem.
Pronto, foi isso; é isto que me acontece sempre que viro o barco. Fico liso na mente, asseado na compostura e remeto-me sempre para as coisas da alma. Depois faço um Spa de infusões quentes, uma sauna de chá verde e umas bolachinhas maria. E deixo-me ficar muito quieto e talvez compre um livro de contos. Tão bom!..

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

despertares

Hoje despertei entranhado num apetite diferente. Comi bananas e nozes e bebi chá lúcia lima. Desalbardei Coltrane do leitor de CDs e lá voltei eu ao meu velho e grande amigo que me visita tantas vezes nestes dias de chuva. Sussurra-me coisas, este cabrão. Desafia-me a dançar de olhos fechados. E eu danço num balanço torto e deixo-me sorrir como se soubesse onde fica o lugar da felicidade.

domingo, 11 de novembro de 2007

andamos sempre!

Carvalhos já tem uma igreja. Carvalhos, que tem tudo não podendo ter nada, porque está lá tudo menos o mais importante, a independência formal da freguesia de Pedroso, inaugurou ontem o Santuário do Coração de Maria. Um belo recinto espiritual cuja obra nem é da Junta de Pedroso nem é da Diocese do Porto. É uma obra de pessoas que acreditaram ser possível uma obra. Uma obra que mostra finalmente alguma convergência, algum sentido de unidade e orgulho, porque não? E prova que se podem fazer coisas, que já não é necessário esperar por mais uma geração para que haja mudança, para que as pessoas se possam rever num ideal que não é, não senhor, revolucionário, que não serve orgulhos torpes e guerras cegas de poder. Esta nova igreja, que eu vejo da minha janela, pode significar muitas coisas. Para mim, que não sou um caso sério em matéria religiosa, significa um ponto de partida para o caminho da razoabilidade. Um símbolo de visibilidade e autenticidade de uma gente que todos os dias ajuda construir uma identidade própria e irreversível: Os Carvalhos!

sábado, 10 de novembro de 2007

miserável honestidade

O tipo seria hoje um homem bem mais realizado, não fosse a miserável honestidade a sua principal característica. Dizem-lhe as vozes da nobre arte do elogio que essa qualidade é a melhor coisa que um homem pode ter. O tipo sorri e engole miseráveis sulcos de honesta saliva, cujas enzimas parecem trespassar a alma ingénua como se tal virtude pudesse bem ser triturada qual simples bolo de arroz. O tipo sabe o que perdeu, o que perde todos os dias, e entrega-se às mais miseráveis e desonestas das emoções: a nostalgia. Sim, porque o tipo sente. E sente a nostalgia das coisas que não tem, dos momentos que não vive, das almas que não toca por causa dessa miserável honestidade. Dessa coisa colorida que o torna cinzento, como se não houvesse mais cores no mundo...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

de lírios no meu tel visor

Sócrates e Santana na Assembleia da República em dueto do "Ópiparó.." em versão Pimba (prefiro a versão Cantares Alentejanos!). À noitinha os azuis ganham e os vermelhos perdem. Ópiparó!....Ópiparó...Cantares Alentejanos seu Camacho!!!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

contradições (ou o que é feito da tradição?)

Anda um tipo anos e anos a desejar que o Leixões suba à divisão maior do nosso futebol para, depois, verificar que, afinal, eles não passam de mais um grupelho de vassalos do FCPorto. O Leixões não era assim...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

calabouço

Hoje sinto-me encarcerado. Um dia destes alguém me observou que eu já há muito tempo não escrevo no meu blog. Estava de licença precária, disse eu. Hoje voltei ao calabouço. Está frio aqui!
Miguel de Sousa Tavares acabou de lançar o segundo livro da sua obra literária que eu nunca li e dificilmente irei ler. É que tenho esse direito. O direito de não ler coisas que estão na moda. O direito de recusar. Principalmente recusar uma coisa de um tipo tão incoerente e pouco honesto do ponto de vista intelectual. Provas? Reparem na postura dele contra o anónimo que o denunciou sobre plágio na feitura do livro "Equador" e dos créditos que MST pretendeu dar a um dossier de queixas infundadas e parvas sobre o Benfica, elaborado por meia dúzia de anónimos. Afinal há muita coerência nisto tudo não há?
De papalvo não me tenho eu, graças ao Divino...

Agora deprimente, deprimente...

Completamente contra a corrente massificada da estupidificação associada à corrente mercantilista "Gama Zero" da Portugal Telecom, eu tenho a afirmar que sempre que espreito os sofisticadíssimos Gato Fedorento mal cabidos naqueles colarinhos engravatados como se fosse dia de ir à madrinha, fico com uma enorme saudade daquele DVD que um dia a minha filha trouxe para casa, onde apareciam uns putos com poucos meios e muita piada.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

a cantar as janeiras o ano todo!

O Sporting já tinha manifestado em bom tempo que a prioridade absoluta da SAD leonina é a Liga dos Campeões. Não se equivoquem todavia. Não se trata de ganha-la mas sim de ir até lá, fazer 6 joguitos e ir ao Banco contar o dinheirinho do apuro. Agora é Camacho, El Medroso, que o afirma, copiando o Sporting. Camacho não quer ser campeão. Quer ir á LiGa dos Campeões, provavelmente para lamber as botas aos grandes, como foi o caso na pretérita semana em Milão. Assim, Jesualdo bem pode manter a equipazinha azul de trazer por casa. Fica campeão, os adeptos do Porto, embora o detestem, acabam por tolera-lo, e o presidente continua assim a somar campeonatos sucesivos. O Benfica e o Sporting andam a cantar as janeiras na Europa. Para isso compram bandolins e cavaquinhos, e contentam-se com as dádivas caridosas das poderosas famílias do futebol europeu.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

os senhores calam-se?

Hoje por hoje, há uma fauna de gente formada nas mais diversificadas disciplinas da coisa social que vêm a terreiro acusar os portugueses de incoerentes e outras coisas mais, que me falta léxico, sempre que o barómetro da veneração pública se altera. De cambada de imbecis. Isto notou-se com o caso Madeleine e o recentíssimo caso Scolari. O povo adorou o casal no momento em que este lhe disse que lhe tinham raptado uma filha, mas que é agora suspeito de afinal estar envolvido num crime de infanticídio qualquer e, portanto, o povo deveria ter ficado refém dessa adoração no passado e, asasim, não está permitido ao povo deixar de adorar o dito casal. O mesmo povo português incorre no mesmo crime de inteligência ao ter adorado Scolari no passado e, portanto, não pode achar mal nem censurar o dito treinador que acaba de esmurrar um adversário, estando ao serviço da nação e 90 minutos depois de se ter cantado o Hino Nacional. Só porque o adorou no passado! Ou seja, o povo não deveria ser assim. E parece, pelo que dizem tais arautos, que só o povo português é que é assim.
O Povo português é uma cambada de desgraçados, atiram-nos. Por mim acho muito bem que o povo português se manifeste, que saiba ser solidário e saiba aplaudir quando assim o entender e que saiba condenar e condene quando assim o entender também. E em nome do povo português eu apelo aos senhores comentadores e psicólogos, aos especialistas em codex facial e aos formados em cadeiras estranhíssimas da psicologia e da sociologia, e aos da ciência forense e aos da crónica policial, aos padres e aos advogados: os senhores calam-se?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

coisas quase completamente despercebidas III

Acabou o Clube Scolari. Em dois jogos seguidos contra duas equipas acessíveis, o seleccionador repetiu o mesmo erro crasso: retirar do campo o avançado-centro, permitindo ao adversário deixar de ter preocupações defensivas e, consequentemente, libertar mais homens para conseguir superioridade numérica e o golo. Mas hoje tivemos mais qualquer coisa: Scolari agrediu um jogador sérvio. Uma vergonha! Adeus Scolari.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

coisas quase completamente despercebidas II

Assim sim. Ontem tivemos uma selecção nacional na sua verdadeira dimensão. Até perdeu, vejam bem. Mas era uma selecção, era o que temos. Um hino, uma bendeira, uma nação. Não um clube. Estou fartinho de ver confundida a selecção nacional de futebol com um clube de futebol. Para clube tenho o meu Benfica e os meus amigos têm o Porto e o Sporting e o Dragões Sandinenses. Que eu saiba, o Dragões Sandinenses ainda nao contratou qualquer jogador estrangeiro. O Clube Portugal já tem dois, mesmo precisando de mais um que resolva. Talvez um nacionalizado ao serviço do Sporting possa dizer que resolve. Mas aquilo é um clube, não é uma selecção. Uma selecção é feita de jogadores de selecção...não confundir isto tudo com a SelecçãO DO READR'S dIGEST. nÃO E nÃO!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

coisas quase completamente despercebidas

Cristiano Ronaldo chamou umas putas la pa casa, convidou uns putos amigos e divertiu-se. Eu se fosse puto e cheio de dinheiro e sem nada pra fazer para além de treinar e jogar futebol, provavelmente faria o mesmo. Só que as putas são sempre putas, e não consta que tenham algum código deontológico...como acontece no jornalismo, por exemplo.

Red Bull Race na minha cidade. Multidões a ver os aviões. Boa malha para a metropole do Porto. Não fui. Não me arrependi.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ele ainda mora ali


Certo ano em Vilar de Mouros, os Iron Maiden foram responsáveis por uma pincelada algo diferente daquele belo vale do rio Coura. A manhã daquele domingo ficara, de repente, inundada de um pitoresco próprio dos metaleiros, dos amantes do Hard Rock e do Heavy Metal. Já noite dentro, o concerto foi uma desgraça e juro que os gajos estavam a actuar em "Play Back". Uma fraude de todo o tamanho, um engano e uma falta de respeito para com os aficionados.

Ontem, o Benfica era uma banda deste calibre. Mentirosa. A aficion tinha ido a Lisboa para ver um espectáculo e saiu de lá desiludida. Valeu-lhes um velho solista, já quase sem força para os " encores", já quase sem voz para as melodias , mas cheio de uma certa vitalidade inspirada, sabe-se lá, no velho Neil Young, ou, em certos momentos, em Lou Reed, mais melódico e subtil. Enfrentou o público, de lenço vermelho ao pescoço, fechou os olhos e lembrou os melhores concertos, os melhores acordes, os gestos, o públco e a glória. O "velho" benfiquista salvou-nos. A nós e a um tal Engenheiro...

sábado, 11 de agosto de 2007

invejas

Fui ver os filme "Os Simpsons". Gostei. E saí da sala com uma enorme sensação de inveja do Homer. Os filhos dele nunca crescem...

regressos

Vem aí o futebol, as jornadas e os casos. As vitórias, os falhanços e as misérias. A incompetência e a aldrabice. Vem aí o futebol, e com ele o país entra na normalidade. Viva o regresso.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

de profundis

"Little man
Never hurry, take it slow
Things worth while need time to grow
Little man

Don't look back
There are things that might distract
Move ahead towards your goal
And the answers will unfold"

Tom Waits (orphans)

sexta-feira, 15 de junho de 2007

dia sexto

De repente é sexta-feira. O tempo das semanas é o mais rápido dos tempos, esfera das rotinas, do tempo de estar sem tempo. De repente é sexta-feira e num instante isto passa rápido. Olho-me ao espelho e noto-me um nariz a envelhecer. Um nariz de sexta-feira que me assinala todo o tempo. O meu tempo reflectido no meu nariz parece esfumar-se em todas as sextas-feiras do mundo.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

quinta-feira, 7 de junho de 2007

quarta-feira, 30 de maio de 2007

esta morrinha

Hoje apetece-me escrever. Acreditem que há dias em que, de tanta morrinha, a vontade de escrever nem precisa de preliminares. E as palavras caem como morrinha na cabeça de tolo, sem malícia e a cheirar a chuva molhada. Pastelentas e quase inocentes.
E se ligarmos este momento, ao momento mais estúpido e, ao mesmo tempo, mais saboroso da vida de um homem a acordar neste pranto de emoções, neste "emotional weather report", que é o momento em que ficamos prostrados em frente à torradeira, pacientemente à espera que o pão salte, numa exclamação de tão autêntica prontidão, de charme e classe, dependendo muito, neste caso, da coçadela das partes baixas por de entre o pijama "negligé", então esta morrinha vele mesmo a pena, porque se percebe, afinal, que atingimos um carma verdadeiramente "himalaio". Estamos nas nuvens, pois, no momento imediatamente antes do vitorioso salto do pão tostado, daquele instante jamais fotografado, daquela imagem de cheiros e sabores que o cérebro recolhe em amostras pictográficas, que se confundem com o impulso de comer e o outro, o de mijar antes que a torrada salte. Ainda é preciso mijar aquele nico de cerveja da noite anterior, ainda é cedo para a manteiga e o leitinho com café.
Naquele minuto, a nossa vida enche-se de stress. É o minuto mais fundamental e determinante da vida de um homem de quarenta anos.

domingo, 27 de maio de 2007

com tomates


Na verdade, este blog já teve mais tomates. Agora está meio pastelão, uma contradição assente numa verdade cientifica, a constatação de que este que vos escreve sabe bem que a partir do momento em que fez quarenta anos está condenado a ver os seus tomates crescerem e o seu pirilau diminuir. Que horror! Que falha grave da natureza! Obrigado à Maria Árvore por ainda vislumbrar o meu tomatal no meio de tanta parra e pouca uva.

Aqui fica, pois, a minha short list dos blogs com mais tomates que estão na minha lista de links:

blogame mucho ( este, para além de tomates, tem também publicidade, o que é óptimo!)

siteDaqui

uma sandes de atum

chez maria

ana de amsterdam


Há mais, obviamente, mas não quero fazer disto um frasco de ketchup!

conversas filiais

"Pai, ontem, no Parque da Cidade, uma miúda da minha escola dirigiu-se a mim e perguntou-me que idade tinha eu. Respondi-lhe que tinha 12 anos e ela pediu-me o número de telemóvel. Disse-lhe que não tinha telemóvel e ela desapareceu. Nunca me tinha acontecido uma coisa destas."

Pois é meu filho. Agora fiquei convencido de que já é altura de te oferecer um Yornzito, disse eu para comigo...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

de repente voltei a ver bem. deixei de sentir aquele ardor nos olhos e quase dispenso os meus velhos óculos de sol, não fosse a claridade a maior inimiga da minha íris. vejo o tempo cair devagarinho, impagável, e demoro-me nele à espera de um sinal que possa trespassar a névoa que por vezes me ofusca e me confunde o horizonte. o que vai lá, no horizonte. o azimute da minha alma que se esconde estando ali, sempre ali, à espera que eu corra para ele e o agarre com todas as minhas forças. eu vejo-te bem hoje, meu querido azimute. podes esperar por mim, se não te importares? deixa-me tratar duns assuntos que eu vou já...

domingo, 20 de maio de 2007

futebol

Campeão foi o "Manel", dos Morangos com Açúcar, que fez 72 pontos!


PS: Parabéns aos meus muitos amigos portistas!

sábado, 19 de maio de 2007

como a comida inglesa


Hoje regressei às "Pedras" com framboesa. Estou, pois, em lavagem do tonel, a minha barriga de quarentão que parece não resistir aos meus instintos de esponja.
A noite passada foi pesada e isto de ter amigos solidários que nos acompanham nos copos, isto de emborcar cerveja a metro, isto de ter sempre sede e depender tanto de umas goladas, e os fumos e as gargalhadas e a noite a fugir para detrás do sol, e eu a emborcar, etílico sem sentimentos, irresponsável, bêbado e consistentemente sequioso, isto, dizia eu, tem de acabar um dia.
E hoje estou a águas, portanto. Se bem que a água é qualquer coisa que o meu organismo estranha. Mas tem de ser, de modos que lá mais para a noitinha vou encostar-me no velho sofá, ver os dois filmes da RTP2, vou fumar apenas um cigarro e vou soltar gases livremente. Como um burguês na sua intimidade, vou espraiar o meu fígado e dar-lhe canjinhas e infusões. E amanhã hei-de acordar cheio de sede outra vez.
Sinto-me como a comida inglesa: sem solução. Isto tem de acabar!

sábado, 12 de maio de 2007

sexta-feira, 11 de maio de 2007

grandiloquências


Gostava muito de ter visto este senhor David Beckham sentado defronte às câmaras de televisão a apelar pelas crianças vítimas dos mais bárbaros massacres e que são mortas aos molhes, sem dó nem piedade. No Darfur, no Iraque ou em qualquer outro sítio do "lado de lá"... Não, não vale a pena. Essas Madeleines não existem, definitivamente.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

iguarias ll

Fiquei triste pela não qualificação do Reino do Butão para a final do, em Inglês, Eurovision Song Contest e, em francês, Concours Eurovision de la Chanson (não sei como se diz isto no Reino do Butão). Mas, bolas, está lá a Servia, a Bielorus, a Slovenia, a Turquia, Moldávia, Macedónia...mas o Butão é que não.

iguarias

Há já algum tempo que eu ando para falar nisto e, pronto, falo agora: o melhor programa magazine/cultural/juvenil/qualquer-coisa dos últimos 20 anos, ou seja, após a extinção do TV Rural, chama-se PICA e passa na RTP2. Pronto, tá dito.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

o velho da morada

Passeando pelas aldeias da Serra d'Aire e Candeeiros, em pleno Parque Natural, dei de caras com este senhor de olhar vigilante, segurando um enorme cajado. É o Velho da Morada , uma lenda. A Morada é um lugar da Aldeia da Barrenta, concelho de Porto de Mós. Disseram-me que este velho foi um espécie de primeiro habitante do lugar, e que se transformou num vigilante protector da povoação. Não encontrei nada na web sobre esta história mas disseram-me que há um emigrante que gosta de registar as histórias e os costumes da terra que o viu nascer e que tem publicados uns escritos sobre o assunto.
Eu gostava de saber ao certo quem foi este português de outros tempos, talvez dos tempos anteriores à Portugalidade.

subway maps



Consulte aqui os mapas dos Metros de todo o mundo. Just in case...

das radios

Batalha. A pior coisa que me pode acontecer de manhã ao sintonizar as rádios de referência portuguesas é aquela espécie de humoristas serôdios que aparecem nos programas da manhã. Um rol de imbecilidades, mau humor, ainda por cima repetitivo, ainda por cima quando já não temos a XFM nem a VOXX. Que saudades!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

novas oporunidades ponto gov ponto pt

Estes tipos do novasoportunidades.gov.pt, conforme se pode ver na publicidade anunciada um pouco por todo o lado, consideram que um profissional da construção civil é um ser diminuído porque não tirou um curso. Consideram que uma funcionária de uma papelaria, é uma Judite qualquer, não a outra que tem um emprego carreirista na RTP. Ou seja, estes tipos acham que um trolha deve ir estudar para depois se inscrever no fundo de desemprego. Acham que as judites todas que trabalham em fábricas e nos supermercados devem tirar um curso superior porque certamente há mais empregos disponíveis para a malta do canudo, como bancários, vendedores de telemóveis ou assistentes comerciais da oriflame. Tudo empregos precários e de curto prazo, bem sabemos...!
Pessoalmente sinto-me ofendido, porque eu sou um trolha, sou um operário fabril e sou um camionista, ou mesmo um simples "lixeiro". Mas sou um profissional digno, trabalho todos os dias com honestidade e sinto-me ofendido quando me representam em grandes cartazes, ridicularizado, marginalizado, como se a minha actividade não tivesse honra nem dignidade. Como se um profissional concreto, de uma actividade concreta fosse o cancro desta sociedade estéril e não produtiva, desta sociedade em que o funcionarismo público e a cunha e o emprego de favor grassam por aí, de cima a baixo, como pulgas em cão vadio.
Qualquer dia, de tantos doutores e engenheiros neste país,não haverá quem nos possa servir um simples café sem este cenário mais ou menos virtual: "senhor doutor, eu queria um café curto se faz favor e já agora diga ali ao doutor que me engraxe os sapatos e peça à menina Judite um maço de tabaco. Desculpe, menina não. Engenheira".

terça-feira, 17 de abril de 2007

de espanha

Alicante. Tive de vir a Espanha e revejo este país com gosto. Em Madrid, obras públicas por todo o lado (aquele túnel impressiona!) e ao atravessar Castilha La Mancha achei-me num sorrio estranho ao ver um comboio rápido atravessar a planície prenhe de ventoinhas eólicas muito alinhadas num estilo certamente quixotesco, romântico e cómico. Mas não trágico. Em Espanha tudo é novo em cada ano que passa e nada parece ser trágico, enviesado, e até a restauração parece identificar-se com este novo desígnio de "nuestros hermanos": simpatia e competência, progresso. E Universidades...
E nós aqui a definhar com tanto orgulho...

domingo, 15 de abril de 2007

é bom

Oba, fui ao cinema! Ontem fui ao cinema ver o "The Departed", de Martin Scorcese e pronto, gostei. Só não gostei de ver o Leonardo Dicaprio a morrer. Nunca o tinha visto morrer, apesar de me terem dito que ele também morre no filme "Titanic", mas esse filme está fora da minha "short list" de filmes vistos ou a ver. Mas pronto, não gosto de ver o rapaz a morrer. É bom actor, mexe-se bem e tem pinta. Gosto muito dele embora isto pareça um post panasca. Também gostei do desempenho do velho Jack que está cada vez melhor. Desde aquele "O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes" que o Jack tem sido sempre um grande artista de cinema. E para que isto não seja ainda mais panasca também gostei muito da Vera Farmiga, uma gaja a rever em próximos filmes. É bom ir ao cinema, não é?

quinta-feira, 12 de abril de 2007

toma lá o meu sudário

Assisti à entrevista do senhor Primeiro-ministro. O homem está um Cristo na Cruz, apenas porque todo o país pretende que ele pague sozinho o pecado original da nossa sociedade: o lambebotismo, o tratamento personalizado de excelentíssima supinação social e a consequente ostentação de títulos rebuscados pelos excelentíssimos cidadãos portugueses. O cidadão José Socrates achava que seria sempre um desgraçado se não tivesse uma licenciatura e esforçou-se para obter um canudo. Fez o que podia ter feito para tal, como fazem milhares de portugueses que se habituaram a ver no canudo a única formula de se afirmarem social e profissionalmente. Agora crucificam o Sócrates que é um grande político, um bom primeiro-ministro e tem um programa para governar.
O Plano Tecnológico, a grande bandeira eleitoral deste político, ficou nos moleskines dos entrevistadores e a "Questão da Ota" foi aflorada muito superficialmente. Isso não era relevante, não tinha "sound bytes" bastantes. E o melhor veio a seguir à entrevista, com os canais televisivos de informação a fazerem desfilar todos os "impolutos virtuosos" necessários para cuspirem no pecador.
Sócrates, toma lá o meu sudário porque eu hoje sinto-me a tua Maria Madalena.

terça-feira, 10 de abril de 2007

pesadelos

Hoje não há nada mais saboroso do que uma dose de carapaus assados. De certo, já todos provaram carapau assado, um peixe gordo e rico e omega3. Eu ando necessitado dessas coisas. Um amigo meu apareceu-me há dias com uma fita de papel filme, daquele filme que serve para embalar croissants, muito bem enrolada na barriga. Diz que vira num filme e que assim pode abater a mísera barriguinha de cerveja. Estou céptico, porém. Uma barriga não se abate assim certamente. Porque há tanta coisa a anunciar esse milagre, desde a herbalife, passando por medicamentos milagrosos...como pode uma solução assim tão doméstica resolver tão arreliadora protuberância que tanta gente aflige e descontenta? Estou convencido de que o carapau e a sardinha de lata com azeite virgem, ainda assim, são a melhor fórmula para nos prepararmos para o verão que não tarda e a praia que já apetece. Reduzir a cerveja também ajuda e caminhar será talvez a cereja no cimo do bolo. Caminhar é preciso, já dizia o poeta, e eu estou muito empenhado nisso. Mas o gin com nordic mist, a vodka e o licor beirão com gelo andam a rondar os meus planos. Preciso de tomar medidas urgentes. Sinto-me muito próximo da obesidade mórbida e já sonho com bandas gástricas. E a feijoada? E o leitão? Salvem-me deste pesadelo!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Dr Knock, ou a importância de se chamar doutor

Este país é um país de "Drs Knocks" que para quem não sabe é uma personagem de uma peça de teatro que eu representei nos tempos em que eu era para ser doutor, que na verdade era um charlatão que se passava por médico. Vivemos, pois, num país cujos cidadãos ejaculam títulos académicos, na sua maioria superlativamente pronunciados, para assim darem alguma cor ao bafio das suas excelentíssimas capacidades intelectuais. E falo nisto porque sou catedrático nesta matéria. Não tenho curso superior e não interessa agora dizer-vos porquê, mas já me chamaram de tudo. Doutor, Engenheiro, Jornalista, e inclusivamente Padre. Bem sei, portanto, a importância que se dá ao raio do título académico, seja ele forjado ou simplesmente conquistado com muito suor. Na minha profissão lido com uma certa tipologia de gente da classe "A+A+A", isto é, o top dos endinheirados desta parvónia, e percebo bem a estranheza do titulado sempre que eu o chamo de senhor fulano de tal. Bem sei que o senhor fulano de tal há-de ser engenheiro ou doutor ou até mesmo industrial, que é o título académico para os novos ricos, embora ninguém os trate por senhor industrial fulano de tal. A menos que obtenham passagem directa para Comendador sem passarem pela prisão.
Em Espanha, por exemplo, o doutor Sanches é tratado por Sanches e o engenheiro Manolo é tratado por Manolito... Já em Portugal, os licenciados são tratados por doutores, os bacharéis são tratados por doutores, os professores de moral são tratados por doutores e os professores de EVT, serralheiros e carpinteiros recauchutados, são também religiosamente tratados por senhores doutores. Tudo a título de "doutor da mula russa". Até os vendedores de "acesso directo" da Novis se acham no direito de serem tratados por "voice engineers". E os cangalheiros, e os portageiros (grande profissão esta), e os porteiros de discotecas? Fácil. Se forem a um desses restaurantes de rodízio brasileiro estou certo de que serão abordados por um empregado de mesa do sertão que lhes dirá insistentemente: - vai uma caipirinha doutô? até ia...

sábado, 7 de abril de 2007

sabores

Obrigatório. Esta edição dos quarenta anos da banda do Rei Lagarto está uma delícia. Comeonbabylightmyfire...ever and ever!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

alinhado

Hoje fui cortar o cabelo. A Elisabete, minha cabeleireira, a única que consegue perceber os meus caracóis, não levou grande tempo a cuidar de mim e não fez qualquer comentário sobre as minhas cãs. Apenas laborou nelas com destreza e sabedoria importada de França, onde se formou como cabeleireira.
Agora posso ir ao almoço de Páscoa sossegado porque a família não vai fazer comentários sobre o meu ar "negligé". Vou até inspirar-me no "My Sweet Lord" para assim poder passar por um delicioso "chocolate Jesus" de metro e setenta e cinco, meia barriga, aspecto quarentão juvenil. Sou bem capaz de vestir um "pullover" laranja, colocar um pouco de gel no cabelo e, se der tempo, ainda recebo o Senhor, que lá na aldeia ainda há o "Compasso", a visita pascal, e provavelmente darei mais uma prova da minha inenarrável condição de anarquista alinhado.

domingo, 1 de abril de 2007

devaneios

praia dourada, viana do casteloO meu safari vodka está glacial, doce de Páscoa. Assim deixo-me estar, ainda mais refém do álcool, se bem que esse terrorista que me sequestra mima-me com magníficas sensações de "ilógico", faz-me sorrir. E deixo-me estar, quieto, quase num tom de felicidade lúcida.

sábado, 31 de março de 2007

conversas filiais

A Cat, minha filha, na sequência de uma conversa sobre masturbação, indicou-me este site onde podemos encontrar muitas respostas relacionadas com "educação sexual". E eu recomendo aos pais que o indiquem aos seus filhos. Assim vale a pena a Internet.

quarta-feira, 28 de março de 2007

copy paste release

se tiver curiosidade e vontade de colaborar vá aos comentários e faça apenas "Ctrl+V". e deixe ficar...para termos uma ideia da última coisa que copiou no seu PC.

terça-feira, 27 de março de 2007

Carvalhos, Pedroso, V N Gaia

O Estádio Dr. Jorge Sampaio pulula de actividade enquanto a Selecção Nacional de sub-21 não aparece. A comunidade tem orgulho naquele empreendimento que está vedado aos autóctones. E só foi notícia porque o Presidente da Câmara Municipal de Gaia, Luís Filipe Menezes, resolveu aceitar o convite do filho para treinar a equipe de futebol do colégio onde o petiz estuda (parece que é em Gaia), e assim, terá feito um requerimento ao proprietário do Estádio para garantir as melhores condições logísticas de treino àquela consagrada equipe de futebol, já que ele mesmo trataria de assegurar as melhores condições técnico-tácticas que certamente a sua capacidade de líder garante.
O jornal "A Bola" deu a notícia com o devido destaque e assim Pedroso voltou a entrar no mapa noticioso de Portugal. Por outro lado, os clubes locais continuam nos seus campos, os jovens da freguesia continuam a formar equipas e a treinar nos descampados e os pais afirmam-se orgulhosos do Símbolo da freguesia.
Entretanto nos Carvalhos tudo continua na mesma. A Feira semanal realiza-se às quartas-feiras, os bombeiros funcionam e o centro de saúde também, e a Papelaria e o talho do Sr. José mantêm os seus clientes, apesar da concorrência. As três lojas de telemóveis prosperam e as três farmácias garantem um serviço quase ininterrupto. Os bancos atendem o público a horas habituais e os restaurantes e cafés enchem na hora de almoço. Nada a apontar, tirando o marasmo intelectual e político. Tirando o facto de Carvalhos continuar subjugado ao presidente da Junta de Pedroso, que era do PS e depois ficou Independente e consta que vai recandidatar-se como militante PSD. Tudo isto a bem da harmonia política do concelho.
E Carvalhos continua na sua pacatez quotidiana, sem qualquer obra de melhoramento, sem qualquer equipamento público, apesar de se encher cada vez mais de vida, de comércio e de população. Contradições.

e o Salazar?

E o Salazar? perguntava-me ontem pessoa atenta à nossa vidinha. Respondi com uma pergunta inocente. Que tem o Salazar? Ganhou o concurso dos grandes portugueses, alertou-me o amigo. Não viste? Ah...não vi.
Foda-se! Não vejo nada. Desde que se me partiram os óculos eu ando a ver cada vez menos televisão e acho até que nem vou comprar outros porque assim oiço mais rádio. Se os portugueses gastassem mais tempo a ouvir rádio acho que ficavam menos estúpidos. Já a minha professora de Inglês do nono ano, a professora Odete, me dizia que eu era um miudo inteligente porque ouvia muito a Rádio. Nos tempos pré-"oceano pacífico", esse pastelão de música para quarentões frustrados. Nos tempos do "dois pontos" e o "morrisson hotel" e do "pão com manteiga". No tempo em que o canal público de televisão abria à tardinha e ainda passava o "TV Rural". Agora a malta perde-se nas imbecilidades televisivas. Perde-se com as novelas da teta e com os "espectáculos da realidade". E curiosamente, os especialistas na coisa comentada também sabem daquilo. Eu é que ando aqui a mais. Parti os meus óculos, que me davam um bom ar aliás, e deixei-me de ver televisão. Incluindo futebol, que vejo cada vez menos.
Estou a transformar-me num pária sem remédio. E o Salazar? Consta que via pouco televisão!

domingo, 25 de março de 2007

Oh come with me to the sea

Come with me, my love
To the sea, the sea of love
I wanna tell you how much I love you

Do you remember when we met?
That’s the day I knew you were my pet
I wanna tell you how much I love you

Come with me, my love
To the sea, the sea of love
I wanna tell you how much I love you

sábado, 24 de março de 2007

testemunhos

Carvalhos. regressei a casa ainda a tempo de assistir à cerimónia de entrega do diploma de valor e excelência ao meu Alex, na escola EB2/3 padre António Luís Moreia, nos Carvalhos. Foi um momento bom. A Organização presenteou-nos com uma palestra levada a cabo pela Drª. Maria Teresa Mendes, Psicóloga e muito experimentada em lidar com o tema do insucesso escolar. Declamou-se Torga, que muito me comoveu, e encenou-se um pequeno excerto do "Principezinho" de St Exupery e que de imediato me fez agendar reler esse magnifico livro nas próximas horas. Depois vieram os aplausos e as honrarias aos alunos que se destacaram no pretérito ano lectivo.
Maria Teresa Mendes abordou o tema da Motivação e discorreu sobre o assunto de forma leve, não obstante ter focalizado os principais tópicos de reflexão sobre essa coisa monstruosa que é o insucesso escolar. De entre várias frases de efectivo interesse para os pais, captei esta: " no primeiro ciclo as crianças aprendem para ler, a partir daí lêem para aprender". Ora aqui está a chave da coisa. Como pai, e se me permite o amigo que me eestá a ler, a solução para combater o insucesso escolar está precisamente aqui: ler, incrementar o interesse dos nossos filhos pela leitura. Para além de todas as coisas que os pais acham que devem proporcionar aos filhos, o incentivo pela leitura deve ser o primeiro de todos os "bens". Inundem a casa de livros, esqueçam as velas decorativas, as casquinhas, os limoges e os belos naperons, povoam a mesa de centro da vossa sala com livros, peguem nos livros quando estão a ver televisão, marquem os livros, levem-nos para a casa de banho, e no vosso quarto, em vez de lindos enfeites, ponham livros na mesinha de cabeceira, com marcadores, mesmo que não tenhais muitos hábitos de leitura. A estratégia tem de ser essa, porque todos sabemos que nos dias de hoje as crianças não têm tempo para ler, nem sequer têm espaço psicológico, de silêncios, para pegar num livro. Mas o vosso exemplo vingará, estou certo. Pensem nisso.

quarta-feira, 21 de março de 2007

regressos

Batalha. De novo nas serras D'Aire e Candeeiros e ansioso por sol. Nos céus as nuvens disfarçam o azul mas eu olho para a Primavera com olhar de vitelo mal morto, quase desmamado, e à espera de ver os campos floridos e a cheirar a ervas doces. Hoje vou tombar na Ti Maria dos Queijos (imagem) onde provarei morcela de arroz antes de me debater com uma deliciosa "lentrisca". E farei negócios do sol, estou certo. Mas ainda trago comigo uma ou duas camisolas interiores que eu bem sei que em Lisboa, por exemplo, isso não se usa. E trago pijama e pantufas e uma embalagem de Mebocaína, o único medicamento que tomo regularmente. Lá mais para diante deixo-me usar as minhas malhas de verão, já muito velhas e coçadas mas muito minhas. Por agora este marujo que vos escreve, aportou a sua velha jangada no velho Oeste. Não temam porque não trago pistolas nem sou de zaragatas. Admito disparar um ou dois olhares se porventura alguém me acossar. De resto, mantenho-me fiel aos meus delírios e prometo acordar cedo, ainda que me deite tarde.

terça-feira, 20 de março de 2007

perdido

Deste mar a espuma branca esbarra na areia e espalha-se livre. O mar que eu sou gosta de ser espuma, de acariciar a areia branca e possuir todos os seus poros. Gosta de ser suave tempestade que se aprecia e se deseja no corpo. Este mar que eu sou perde-se no sonho porque acredita que se esgotou na areia molhada...

segunda-feira, 19 de março de 2007

das minhas vaidades

Lembro perfeitamente o dia em que fui pai pela primeira vez. Não tinha carro e o Jorgito, um tio da minha mulher, levou-nos ao hospital de S. João no Porto. Recém casado, teso e puto, comprei uma kodak de cassete e deixei-me ficar nos corredores do hospital à espera de ser pai. A Catarina deu luta e acabou por cair na balança acusando uns bons três quilos e novecentos e dez gramas, cinquenta e dois centímetros. Era a minha filhinha que acabara de vir para junto de nós. Já no meu colo, beijei-a e senti uma felicidade única, num momento único.
Alguns anos depois veio o Alexandre e as sensações repetiram-se. Hoje a Cat já está na universidade e o Alex vai receber um diploma de honra e excelência em cerimónia a realizar na próxima sexta-feira. Os meus filhos são lindos! eu sinto-me lindo também. Eu sou pai e sou abençoado. Palmas para mim.

sexta-feira, 16 de março de 2007

absinto

Acordei e oiço "Bizarre Love Triangle" dos New Order... "Every time i think of you
I feel shot right through with a bolt of blue"

quinta-feira, 15 de março de 2007

metamorfoses

estou a ficar mamudo. para além da barrigota de cerveja, noto o peito mais arredondado e parece que me nasceram umas mamas grandes que me dão um ar de ninfo desmazelado. nunca me tinha apercebido destas mamas, tão ocupado que ando a olhar para as mamas das moças que arrebitam em dias de calor. tenho que fazer alguma coisa com as minhas mamas. hoje sinto que elas não param de crescer.

quarta-feira, 14 de março de 2007

o seu a seu dono


António Lobo Antunes foi premiado com o Prémio Camões 2007. Justiça para o maior escritor de língua portuguesa vivo, que de entre os que eu conheci em vida só Torga lhe levava a palma.
A primeira vez que ouvi falar em Lobo Antunes foi pela voz de uma professora de filosofia, a Dulcinea , uma gorda estupidamente "coquete" para ser professora, quanto mais professora de filosofia. Uma armante que num ano criticava as pessoas que faziam croché, apelidando-as de doentes mentais, para no ano seguinte fazer os maiores elogios a essa actividade só porque resolvera pegar numas agulhas. Ora essa Dulcínea recomendou-me o "Cú de Judas", porventura na moda à época, e Lobo Antunes ficou-me até hoje.
Já casado, eu lia as crónicas publicadas numa revista dominical do jornal "Público", um portento de escrita ali escarrapachada semanalmente e quase grátis. E depois os outros grandes livros até ao último. Dos que eu li, o que mais gostei foi o "O Manual dos Inquisidores".
Delicioso de ler é também o "Cartas de Guerra" que eu apenas espreitei à boleia da Fnac de Gaia numa manhã de inverno. Mas eu hei-de ter esse livro!
E da Dulcinea, essa gorda que deve estar velha e cheia de tendinites, eu guardo-lhe a única coisa boa que ela me disse.

E depois, para além de todas as coisas, Lobo Antunes é benfiquista, ou seja, não tem defeitos. Não padece dessa disfunção intelectual dos novos escritores portugueses que cegaram demasiado cedo.

terça-feira, 13 de março de 2007

sobrevivências

Hoje sinto uma leve dor de cabeça. Dormi o que dormi, mas não compensei o excesso de cerveja e de fumo. Passei a noite quase toda a jogar poker e estas coisas são cansativas, porque ficamos ali sentados a receber cartas e a apostar fichas desalmadamente com o cigarro enfiado na beiça e o olhar à matador. O poker ensina-nos a levar a vida com outra destreza. As habilidades postas em jogo numa relação pessoal ou profissional cabem todas num simples jogo de poker. O poker deveria ser estudado nas escolas, deveria ser um guia prático de como devemos encarar as pessoas e as suas estratégias de sobrevivência...
O poker ensina-me a sobreviver.

segunda-feira, 12 de março de 2007

segunda-feira

Tenho de me levantar. Tenho muito de ir tomar um banho, de me vestir e de emborcar café e fumar, não consigo deixar de fumar, e olhar as pessoas e rir e agitar o meu olhar com fulgor que dá inveja. Tenho de fazer isso tudo como se não fosse possível fazer mais nada. Coço a cabeça violentamente porque me sinto emaranhado. Noto alguns cabelos entre os dedos. Não tenho caspa, já quase não me lembro de ter caspa. Não tenho dessas coisas. Dores de costas, olheiras, tosse, febre, cansaço. Nada disso me afecta. Sou um pavão hoje de manhã.

sábado, 10 de março de 2007

vamos morrer todos

"Calma doutor! Calma doutor! Vamos morrer todos!" Uma frase que o Yuri me atirou ontem, quando eu lhe dizia duas ou três coisas mais aceleradas, em circunstâncias próprias de um dia normal de trabalho. O Yuri é um russo que trabalha. Faz tudo para ganhar dinheiro, inclusive aturar toda a merda de patrões que se aproveitam da sua condição precária. Vai ter um passaporte, finalmente. Vai ter "papeis" para poder trabalhar com dignidade. O Yuri gosta de trabalhar e toca baixo e adora rock soviético. Sonha criar uma banda e eu alimento-lhe esse sonho. Prometo-lhe dias gloriosos neste sol ocidental. Que vai actuar no "O meu Mercedes" do Porto e no "Clinic" de Alcobaça. Diz que vou ser o "Manager" da banda, que não conhece ninguém melhor do que eu. E eu fiquei a pensar naquela expressão de descontracção, de aparente descomprometimento com os problemas que afectam um cidadão russo desterrado neste sol. Calma, doutor! Vamos morrer todos! Pois vamos.

quinta-feira, 8 de março de 2007

essa gaja

Eu não sou nada a favor dos dias especiais de qualquer coisa. Mas este dia merece-me um breve comentário. Eu percebo pouco de mulheres, não lhes conheço as manhas e só sei dizer que gosto delas. Sempre gostei. Da mãe, da tia, do borrachinho do sétimo ano, da tesuda do liceu, da professora, da empregada, da puta da estrada e da brasileira do pantera. Mas aquela de quem eu gosto mesmo é a mãe dos meu filhos. A única mulher de quem eu jamais deixarei de gostar, custe o custar, aconteça o que acontecer. Essa sim, conheço bem. É gaja do caraças. Como tantas gajas por aí que são mães a tempo inteiro, trabalham a tempo inteiro, dando ideia de que ainda podiam fazer mais qualquer coisita, como se tudo fosse uma simples história de embalar. Essa gaja, mãe dos meu filhos, é dona do meu pensamento. Quando me ponho a pensar em homenagear a mulher, uma mulher, não consigo encontrar ninguém que lhe faça frente.

quarta-feira, 7 de março de 2007

gordo outra vez

Eu ando a comer de mais. Estas viagens ao sul, atravessadas por longa estadia, fazem-me engordar, se bem que engordar é uma coisa que toda a espécie animal aceita de bom grado, menos nós, porque nós somos diferentes. Nós engordamos porque não sabemos engordar. As outras espécies fazem-no com uma sabedoria genética que impressiona. No meu caso, engordo porque não tenho tempo para emagrecer. Ando nesta azáfama de ganhar dinheiro e despisto-me por esses restaurantes oferecidos, esses casebres que me destratam e que funcionam quase sempre todos os dias e surgem em todos os lugares como cogumelos gigantes com longas chaminés e prósperas caixas registadoras.
Nos últimos dias já me sentei em belos manjares, porque saiba o leitor que na região do Oeste come-se divinalmente bem e bebe-se ainda melhor. E ainda por cima sinto-me cada vez mais apaixonado pelo Touriga Nacional. E quando um homem se apaixona pelo Touriga Nacional, e se não fizer entretanto umas caminhadas valentes ou se não comer ginásio à colherada, é certo que nele se verifica o inútil avantajar do pescoço, o imbecil embolar da barriga, o inchaço ardido das coxas e, pior ainda, fica com nádegas de gaja. Nada contra as nádegas de gaja, mas nas gajas!
Depois os queijos, os enchidos e os fumeiros tocam na mesma orquestra do Touriga e dançam-nos longas valsas de calorias ritmadas em compassos quaternários, para tornar mais longo o suplicio de engordar, e, mais ainda, ganzar-nos o pensamento de tal forma que só ao fim de três semanas e meia é que damos conta de que já quase não conseguimos ver a tringalha a partir de cima. Uma desgraça!

domingo, 4 de março de 2007

sabores

Soube bem abrir este blog que não conhecia. Música, cinema... e mais música. Ao abri-lo, senti-me no "O Meu mercedes é Maior que o Teu".Há tanto tempo que não vou lá! Tenho saudades.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Manuel Bento

Ainda há pouco eu era puto e adorava o Bento. O guarda-redes que voava sobre os avançados e nunca teve direito nem a poema nem a letra de canção. Era da Golegã, e foi o meu guarda-redes de sempre. Deixou-nos hoje.

da lua

Cheguei à Batalha ontem pela tardinha. A Batalha continua esplendorosa, e já se percebe nela o arrebitar da Primavera. Nos cheiros, nos pássaros, no sorriso das cachopas, a Primavera floresce fazendo acontecer muitas coisas frescas, inclusive o amor. E as paixões, os calores, e a volúpia de como quem lambe um chupa-chupa e depois fica a saborear morangos com sabor a doce que cola nos lábios brilhantes. Mas eu estava a falar da Batalha, e dos vales e montes que a protegem, das serras dentadas e da lua. Se vissem a lua da Batalha talvez não precisassem mais de ver outra lua. Lua penetrante, que nos espelha os sonhos e nos conta histórias com castelos sem heróis, que esses não percebem nada das coisas da lua. Nós sim. Eu sim, percebo. Porque um dia ela disse-me que a minha vontade de amar, de gostar desalmadamente, é que me faz vê-la tão bela. É que me faz venera-la com sorrisos aos riscos, pensamentos ariscos, como se todas as coisas do mundo fossem belos petiscos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

papiros

De Minde, aprecio o desvio da estrada que nos leva para a grande cidade a sul e, consequentemente, penetrar nas ruelas do velho burgo, quase assustado, um estranho sem dúvida, e logo numa tarde de sol com meia dúzia de pessoas calcorreando os velhos passeios. Depois, entrar naquele café esquisito, cujo nome, por esquisito, não me recordo mas que tem muito jazz nas paredes e muita cultura nas entranhas. Tem Sagres e jornais desportivos, mas nota-se a fervura em lume brando dos cozinhados tertulianos. De Minde sabe-se que fica ali para as serras, a caminho de Alcanena, ou Alcanede que não estou certo, pois sou Marujo de jangada e escrevo sempre em cima do joelho, conforme me palpitam as coisas da alma. E De Minde veio também uma "escritora wildeana", que não conheço de resto, mas a quem espreito diariamente as suas coisinhas, aqui. Paula Capaz vai lançar um livro "O Táxi que me apanhou", editado pela Papiro, uma editora que presumo tem raízes no jornal "Comércio do Porto" e que gosta de surpreender. Tal lançamento está previsto para o próximo dia 2 de Março em Lisboa pelas 21.30 horas, na livraria Bertrand do Centro Comercial Vasco da Gama. Pudesse eu la estar.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

equívocos

julguei que te tinha visto por mais de uma vez, mas, afinal, aquela sombra não era a tua. aquela silhueta a combinar com a luz que relevava a calçada e me transmitia uma harmonia parva, não era de uma pessoa que eu já tivesse visto antes, não era de alguém que me pudesse acenar timidamente e depois revelar-me segredos como se eu fosse um cofre dos reinos de neptuno. julguei que te tinha visto sem te ver, que tinha penetrado nos teus lugares sagrados, nos teus silêncios, e que estava assim habilitado a viajar entre os olhares e os toques e os cheiros...

domingo, 25 de fevereiro de 2007

cinema vivo

Ennio Morricone vai receber hoje um Oscar Honorário em homenagem à sua vastíssima obra musical para cinema. Todos se lembram dos "Westerns Spaggetis" de Sergio Leone e que pariram para o mundo esse excelente Clint Eastwood. Mas Ennio Morricone é muito mais do que isso, é o cinema vivo e intemporal, conforme nos mostra o melhor filme jamais feito em homenagem ao próprio cinema, Cinema Paraíso, musicado também por Ennio Morricone. Viva o cinema! Viva a música!

sábado, 24 de fevereiro de 2007

procuro

Procuro.
Preciso de um instante mágico que me cale a dor de ser rascunho de mim mesmo.
Não me entendo! Só me vejo em leves traços e não consigo sair deles.
Quero ser obra acabada, colorida e não pesada, sentida.
Quero ser viagem terminada, tão longe me sinto nesta paragem.
Quero boleia porque perdi minha jangada. Não sei dela.
Os farrapos que me vestem assustam os passantes e nem os gatos vadios, meus amigos, me ajudam mais.
Estou dorido, cansado, mergulhado no meu desenho. Perdido...
Não sei que cor escolher, não sei que traço tomar.
Tenho de continuar.
Tenho de continuar...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

repassando

Repassando as ideias com pente de barbeiro rasca, aqueles barbeiros com pomada no cabelo e que soltam milhões de perdigotos a tentar explicar-nos que o Pinto da Costa é o maior santo da terra a seguir à Mãe deles (não é por acaso que eu vou a uma barbeira que fica caladinha a massajar os meus lindos cachos) , informo-te, querido diário, sim, carago, tu agora és mais do que um diário, és o meu fiel amigo, o único confidente, o que está sempre presente e não resmunga, o que ouve e não diz uma palavra, o que me atura quando definho perdido em labirínticos esboços de mim mesmo...informava-te eu, querido diário, que esta coisa de ter feito anos em dia de carnaval, em terça-feira gorda, resultou em grave crise na zona florestal intestina e que me sinto assim terrivelmente constrangido e impedido de desenvolver o meu ritual dia a dia de anarquista burguês, de modos que agora ando a tomar chá com croissants que a fnac me vende perguntando-me sempre religiosamente se tenho cartão fnac. Uma pergunta estúpida e inútil, introduzida no nosso país pela cadeia Continente, no tempo do famigerado cartão universo, depois copiada pelo Carrefour e agora cada vez mais triturada pelas simpáticas funcionárias da fnac, umas tipas baratas e não necessariamente más... enfim.

E dizia-te eu que ando com caganeira, pronto. E sempre que assim me encontro, vem-me à memória aquele Parvo do Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente que era ourives e dramaturgo e não foi tido nem achado nas eleições do tal maior português de sempre. Se calhar porque ninguém o conhece de lado nenhum, é claro, porque os parvos de hoje são bem diferentes, escrevem coisas girissimas e imitam figuras públicas e fazem anúncios a companhias de telefones e tudo, e não têm tempo para falar de pessoas doutro tempo.

Pronto, pronto, não seja por isso e mudando de assunto, ontem vi um grande filme sobre dois amantes que se encontravam uma vez por ano, sempre no mesmo sítio, durante 25 anos e que se conheciam como se vivessem uma vida inteira juntinhos, eram solidáros, honestos... Isto para explicar que, como me disse alguém sobre um livro que falava de uma criança condenada com cancro terminal e que alguém lhe proporcionou uma vida integra, com casamento e tudo, plena, passada e vivida em tão pouco tempo de vida real, os casamentos seriam bem mais honestos, sãos e duradouros, se cada um de nós pudesse hibernar deles 364 dias por ano.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

regressos II

Dia de Carnaval, dia de aniversário. Acordei tarde, quase em cima da hora de almoço. Não porque tivesse ido para a zona, ontem à noite, mas apenas porque me deixei dormir, sonhando com coisas terrenas e com o suicídio de Kurt Cobain. Tinha visto na rtp 2 um doc. sobre Bob kennedy, o irmão do amante de Marylin, um homem que podia ter feito história, e deixei-me adormecer a ver um outro doc., na mesma rtp 2, e sobre Clint Eastwood. Dormi regalado com acréscimos de poesia e romantismo no pensamento. Isto também porque a minha filha estava linda, de diaba vestida, e tinha ido para Ovar, dançar para a tenda, onde ficaria até ás nove horas de hoje.
Já hoje, e depois do banho, e do desprezo pela minha barba de três dias, atirei-me a uma feijoada com focinho de porco e orelheira, bebi um Alentejo tinto e tomei três cafés de enfiada. Amanhã é o início de quarenta dias de Quaresma, de jejuar, de combater o excesso de peso até à Páscoa do pão-de-ló e dos folares. Hoje é terça-feira gorda e ninguém está autorizado a pensar em bandas gástricas. E é assim perdidamente, a ouvir o som do ventilador do meu computador, que me despeço dos quarenta anos redondos. Amanhã só paro nos cinquenta!
E a minha filha acabou agorinha mesmo de acordar do seu soninho e veio aqui dar-me um repenicado beijinho de parabéns. Tão Bom!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

regressos

Vila Nova de Gaia. De regresso a casa, saúdo o frio que me brindou com uma leve dor de garganta. No Norte sofre-se muito da garganta, ou por que se fala de mais ou porque se sente o frio em demasia.
E entretanto amanha, dia 20, é Carnaval. E é o dia do meu aniversário (e de Kurt Cobain que foi mais inteligente do que eu suicidando-se desta merda toda).
O dia em que eu farei quarenta e um anos sem ter culpa alguma disso. E serei sempre inocente de fazer anos enqunto me sentir salvo pelos meus lindos cachos, pelo meu olhar de puto meigo e pelos os meus belos lábios que foram desenhados por um deus do Olimpo, disse-me uma vez certa pessoa. Fazer quarenta e um anos não pode ser o mesmo que andar para trás indo para a frente. Não senhor. Fazer quarenta e um anos pode e deve ser entendido como uma pequena etapa desta eterna juventude que me preenche.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

desta lisboa que eu amo V («Nobody is illegal»)

Lisboa, fim-de-semana. Nesta Lisboa que eu amo há muito por onde escolher quando é sexta-feira à noite. Janta-se descontraído, conversa-se, cai-se no cinema ou no teatro, ou ouve-se música num bar qualquer. Eu escolhi ouvir jazz e fui à procura do Hot Club. E foi boa a minha malha, dado que ainda fui a tempo de assistir a um magnífico concerto dos belgas "Jef Neve Trio". Música colorida com acalmia, ambiente sublime, intimista. Um achado ao alcance de poucos, palavra de honra.
Depois de uma tarde desastrosa, com chuva e frio, uma sexta-feia condenada ao fracasso, afinal salva por um triz. Melhor dizendo, salva por um trio.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

desta lisboa que eu amo IV

Nesta Lisboa que eu amo há o Benfica, o glorioso, e às vezes ganha para aumentar as vendas do “Compensan”. E há os tipos da Emel, essa associação diligente, dona de toda a Lisboa dos estacionamentos. Mas um tipo como eu, vendedor, sabe como faze-las, e em estando alojado num hotel sem parque, condenado pois ao jugo poderoso do “amarelinho”, tratou logo de fazer um “aproach”, um quebra-gelo fatal para o fiscal.
- Qual é o seu carro? O “MB”? Olhe, ponha só uma moedinha para eu não ter problemas que eu faço sempre esta zona.
Obrigado “amarelinho”. Trata-me bem do carro

desta lisboa que eu amo III

Ontem fui jantar à Cervejaria Trindade, no Bairro Alto. Soube-me bem rever os quatro elementos e as quatro estações que decoram aquela nave, magníficos azulejos que permanecem ali, indiferentes a quem entra e sai, sumptuosos. Pena é ficarem também indiferentes relativamente à qualidade do serviço e da comida. À entrada, fui confrontado com um simpático painel que me pedia, em linguagem cuidada, para aguardar que alguém me indicasse mesa. A sala estava semi-vazia porque já era tarde e os empregados vagueavam indiferentes a quem aguardava ser acolhido. Para quem não sabe, eu fui gerente de uma Pizza Hut em 1990 e, nessa altura essa cadeia de restaurantes foi pioneira nesse conceito de acolhimento e garanto-vos que na minha sala nenhum cliente ficava à espera do acolhimento mais de um minuto. Mesmo quando não havia mesa, havia sempre um empregado destacado para fazer o acolhimento, ou então o gerente encarregava-se de o fazer. Pelos vistos o painel de acolhimento da Cervejaria Trindade existe apenas para o “Rush Time”, a hora de ponta, onde há uma imensa fila de clientes. Só para isso, para os disciplinar. Depois foi a comida, um presunto péssimo, devolvido, umas amêijoas salgadíssimas, um bife do lombo frio, com o molho já a coalhar à superfície e umas batatas fritas que rapidamente congelaram na minha mesa.
Mau, muito mau. O que se passa com estes restaurantes tradicionais? O gerente estava perdido a tirar leituras parciais, a ver a facturação, e o staff deambulava pela sala, descontraído, relaxado, e os clientes pareciam nem dar por isso. Pudera! A maioria era constituída por casais de namorados que tinham ido ali comer o menu de S. Valentim e não estavam para mais nada nem ninguém. A bem do amor.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

valentim saudade, valentim aos molhos

do tal valentine, dizem que é amor a rodos e paixões assolapadas, flores vermelhas e algum sexo embrulhado, com aspecto de presente de namorados. mas também é isto. Muito mais.

desta lisboa que eu amo II

Tenho de ir ao B'leza, ali para os lados de Alcântara. Eu, que sou um mão-fria de discoteca, sempre de copo na mão, não sei dançar nem gosto muito de dançar, hei-de ir ao B'leza, ali para os lados de Alcântara. Disseram-me que era uma discoteca de Kizomba, a dança mágica. Do povo, dos pretos lindos e deuses. Corteses, simpáticos, dos bairros, das magias sensuais, dos suores vibrantes. E que não engatam. Não pedem o telefone às meninas brancas que os olham com deleite. Pedem-lhes para dançar apenas, e dançam-nas num profundo êxtase, como se a música e o movimento fossem uma imensa África prenhe de amor à música e à dança, gazelas correndo em rituais de harmonia e força, leões e tigres de garras afiadas que acariciam, que mimam, que tocam sem ferir. Disseram-me, eu não vi. Mas hei-de ver.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

desta Lisboa que eu amo I

É tarde e eu não quero dormir. A carga horária destes dias de exposição e a deslocalização interna alteram-me os "dormires", para não falar do raio da prisão de ventre que é uma coisa terrível, e que "se me dá" sempre que me afasto de Gaia por mais de três dias. É bom que se fale destas coisas, dum tipo andar três dias preso dos intestinos. Por causa da lua, ou da mudança de hábitos, nem sei. O que sei é que sempre que chego a casa, a primeirinha coisa que faço é "apenas e tão só" (adoro esta expressão!) por-me de olho na sanita e restabelecer a minha condição normal de cagão, alibeirando-me, enfim.
De maneiras que estava eu dizendo, ando sem sono e não me dá para ver televisão nem me apetece ler nada, nem um título de jornal (neste caso devido ao meu angustiante benfiquismo) e pronto, dá-me para isto, ler os dois blogs do costume (agora são três) e atirar-me a escrever qualquer coisa, quando muito com a serventia de um dia destes eu desfazer-me em sorrisos meigos, em relendo estes disparates de um vendedor de província em plena capital da nação.
De facto, e em boa verdade, estou um tanto estremunhado do sono, uma vez que me deu para passear de carro pelas avenidas novas de Lisboa, concluindo afinal que isto também tem as suas noites mortas, principalmente quando estamos imbuídos de um verdadeiro espírito de cangalheiro. Mortiços em demasia e sem inspiração relevante para combater esta espécie de tédio dos deslocalizados.
Bom, caros tele-espectadores, como dizia o Engº Sousa Veloso, obrigado a todos e até ao próximo programa ( até que o calaram - oxalá façam o mesmo ao Malato! E breve!).

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

desta lisboa que eu amo (- I)

A Nauticampo está a correr-me bem. Duas vendas, ao fim do segundo dia de "feira", ainda que esganadas. Os queridos visitantes estão cada vez mais sedentos de informação e, por outro lado, renitentes na decisão. Mas um vendedor que é vendedor, não um desses conas que no final do curso encontrou nas vendas a sua tábua de salvação à custa de 500 euros de fixo mais um telemóvel fatela e uma permanente justificação para o merecimento de tais regalias, que eu bem lhes digo para irem trabalhar nas obras ou numa fábrica de cablagens qualquer, dessas que se deslocalizam, como as putas à beira da estrada mais ou menos movimentada...ah, mas dizia eu, que ainda me perco (perco-me sempre, cum carago), um vendedor que é vendedor tem de puxar para o fecho, tem de criar no cliente a perfeita convicção de que é agora ou nunca. E a puta da venda sai, ai se não sai. Esmagada, esmifrada, calcada e prensada... mas venda, gloriosa venda de sabores a caju com cerveja gelada.


E depois, os jantares nas portugálias da cidade. Esta Lisboa está infestada de casas de "fast food", que eu não gosto de caracóis e por isso, por mais que pense, acabo sempre numa portugália qualquer e a comer um bife qualquer com um molho qualquer e umas batatas fritas quaisquer. Foda-se lá para esta lisboa gastronómica. Falta-me a rojoada, a cabidela, o cozido e a sandes de marmelada com queijo. Estou farto, fartíssimo, do queijo saloio e das embalagens de manteiga rançosa. Quero mais. Quero larocas e pataniscas de bacalhau. Quero consumar o êxito da venda numas tripas à moda do Porto e quero brindar com um arroz de sarrabulho ou um leitãozinho da Bairrada.
Por outro lado, estou a ficar cansado dos pequenos-almoços do hotel onde estou. O café sabe a bugalho, o queijo parece ser sempre a mesma fatiagem e os ovos mexidos são para os bifes, não são para mim. Quero meias-de-leite decentes, directas. E café Buondi. Aqui é só Delta, nabeiros do caraças! E chávenas cheias que nem sopas. E no meio disto tudo há a "Emel", uma organização terrorista legalizada que me esturra as moedas sobrantes. Mas destes gajos não falo, porque estou na lista negra deles. E não pago!

Esta Lisboa que eu amo é terrivelmente avassaladora nos costumes, sedutora nas feições e muito cruel nas tradições. Ou comes disto ou então vai lá pra tua terra mais esse teu sotaque tripeiro. Esse "fica aqui à minha beira" que ninguém usa, esse "entom" á moda de lá de cima...
Mas duma coisa eu gosto: o "cala-te lá". O "cala-te lá" alfacinha é único. Quando o oiço tremo de prazer e quando o digo parece que estou a perder a virgindade. O "cala-te lá" é para mim um perfeito quinto orgasmo. Completíssimo.
Ah!, pronto! Isto é só a Nauticampo Em Lisboa, numa semana de Fevereiro, o meu mês, e com vendas que se fazem, entretanto. Viva a minha condição de poeta vendedor. Um bem haja a mim e obrigadinho, sim?

domingo, 11 de fevereiro de 2007

desta lisboa

Lisboa. Enamorei-me por um casaco de couro à venda na Fil a um preço filho da mãe mas, ironias, muito convidativo. Um casaco de couro que não é mais do que um "disfarça misérias", um anti-pneu, alto relevo em conforto e apresentação. O estuporado do casaco de pele de cabra está um primor. Um corte que me atira a barriguinha quarentona para uns bons dez anos mais novo. O preço, esse, pôs-me dez anos mais velho. Da idade do meu estafado casaco de couro castanho e de pele de cabra, com bolso na lapela e com aqueles inúteis apliques na cintura, uns pendentes de merda, autênticos "bilhete de identidade" e "numero de contribuinte" da minha miserável condição de teso e cota.
Queria tanto comprar um casaco de couro novo, elegante, muito minimalista e arrebatador...

sábado, 10 de fevereiro de 2007

arrivals

Cheguei a Lisboa, à cidade. Chove alguma coisa, o que eu detesto em Lisboa, mesmo quando sei que vou passar a maior parte do meu tempo encarcerado na Fil. Mas Lisboa encanta-me sempre, sobretudo fora de horas.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

das crias

Ontem encontrei uma antiga namorada e em conversa de circunstância perguntei-lhe se tinha filhos. "Gatos, tenho gatos", respondeu ela.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

eterno feminino

"Todas elas me adoram, velha história, exceptuando as mulheres infelizes, as "emancipadas", a quem falta o estofo para crianças. Felizmente, nao tenho vontade para ser rasgado em vários pedaços: a mulher perfeita dilacera quando ama" Nietzsche in O Erro da Humanidade

tubarão ou esquilo?

O Paulo Querido tem ideias. É um jornalista de ponta, especializado nas novas tecnologias da informação e tem ideias. já tinha criado o Weblog.pt, um projecto ambicioso de alojamento de blogs portugueses e que entretanto faliu, está à deriva, levando muitos e bons bloggers a uma espécie de orfandade temporária. Agora surge com outro projecto, segundo o Público (edição impressa). Um novo projecto que visa imprimir um cunho ainda mais corporativista aos blogs.
Um blog pode ser o que eu quiser e bla bla bla...Um blog tem potencial, é bom, é independente e é grátis. Mas passa a ser utopia a partir do momento em que se tenta arregimentar este estado de pureza que é o estado actual dos blogs, salvo um ou outro caso, transformando-os numa máquina organizada de fazer dinheiro. Uma corporação.

Não quero ser severo para com os autores de tal ideia, mas assumo desde já que continuo independente, que me assumo cada vez mais como um cidadão-jornalista que participa, que procura encontrar respostas e partilha-las sem com isso estar á espera de remuneração directa, e que entretanto também é capaz de chorar e de rir e de ser banal ou azedo.

Não estou, portanto, interessado em negociatas nem pretendo vender a minha alma por dois vinténs. Arregimentem-se à vontade. Eu continuarei na minha onda predilecta: livre!!!!!!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

domingo, 4 de fevereiro de 2007

elucubrações de um miúdo de 40 anos com dores de garganta, num domingo à tarde sem sol

Acordei tarde porque me deitei tarde. Preparei uns bifes manhosos, daqueles que cozem na própria água quando pretendemos apenas que grelhem, e servi-os com uma travessa de batatas fritas, daquelas ultracongeladas. Tudo muito rápido. De café só restava uma colher de sopa, de modo que fiz uma água de café que me soube muito bem, embora não me tivesse retirado deste estado mole com que vos escrevo.
Já deu para notar que ainda nem tirei o pijama, não tomei banho, nem fiz a barba, nem essas coisas todas que aos domingos nunca têm hora certa. Mas vou fazer. E vou sair para ler jornais e tomar café expresso e ainda vou fazer umas compras no Lidl.

Entretanto, hei-de ganhar coragem para ver um filme. E não estou certo de que vá ver o “diz que é uma espécie de magazine” que esse programa lembra-me o Nuno Gomes, o tal que diz que é uma espécie de Goleador…Entretanto, já percebi que aqueles rapazes do Gato Fedorento fazem quase sempre uma coisa interessante durante aquele programa, e normalmente essa coisa aparece depois nos blogs, via “you tube”. Isso é bom. Poupa-me tempo.


Já o “Só Visto” por exemplo, é um programa magazine que eu vejo, e cada vez com maior gosto. O apresentador chama-se Daniel Oliveira e oxalá não se estrague. Faz sempre boas perguntas, é coerente e muito simples no trato. Tem ali um bom programa, não obstante ser um programa de celebridades. Não obstante os Tony Carreiras e os André Sardés da nossa praça, e os Vítor Baías e os Simões Sabrosas, célebres à força, coitados, que a vida deles estava destinada a um arado transmontano e a uma traineira da Afurada…

Pois, é verdade…o Futebol Clube do Porto perdeu novamente. Isto sim é uma grande notícia! Como é que foi possível ter-se anulado um golo fora-de-jogo ao Porto quase no final da partida? Como é que foi possível não se ter marcado falta no lance do golo do Estrela? Como foi possível não se ter marcado um penalty a favor do Porto? Tivesse sido mais cedo o jogo do Sporting e talvez o árbitro do Porto aprendesse como é que se conduz uma equipa derrotada rumo a uma goleada em apenas 15 minutos!

sábado, 3 de fevereiro de 2007

das respostas


“Teoria Astral”, de Joaquim A R Barreira, prefácio de Maria da Conceição Camps, apresentado hoje na Fnac de V N Gaia.
A Cabala, o Tarot, arquétipos, símbolos, imaginário colectivo. O bem e o mal. Respostas que se procuram…

Papiro Editora

do referendo, e sobre os debates...(a propósito!)

“O médico vê o homem em toda a sua fraqueza; o jurista o vê em toda a sua maldade; o teólogo, em toda a sua imbecilidade.” Schopenhauer

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

I fall in love too easily II

Fevereiro é o meu mês. O mês dos gatos.

...Vou continuar a sorrir para o mundo, com todas as minhas limitações, mas cheio de ingénuas esperanças e convencido de que o mundo é bom e a vida é bela.

E continuo proclamando-me inocente de todas as desilusões que me causei e sinto-me com coragem para me perdoar todas as traições que me fiz...

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

escolhi

Escrevendo, sempre vos digo que ando a comer muitos Kiwis, um fruto que faz bem a quase tudo e só não faz bem a tudo para que não o comparem à “banha da cobra”.
E deixei de fumar, como sabem. Tomei essa decisão porque ando a ouvir falar-se muito em “liberdade de escolha”. E também escolhi cortar com o álcool e com as manteigas e o leite meio-gordo. Só magro, pronto.
Estou a ficar um conas, eu sei. Mas pronto, escolhi ser assim.

técnicas da praça

A Microsoft lançou o novo Windows, em Lisboa, e convidou Simão Sabrosa para fingir gastar quatrocentos euros no dito programa, mais outros mil no novo "office". E Simãozito lá mostrou o talão comprovativo de pagamento, a ver se alguém se convence de que é assim tão fácil "destrocar". Simão fez-me lembrar aquele tipo que surgia sempre em primeiro lugar a comprar um molho de canetas mais três corta-unhas e dois canivetes e cinco baralhos de cartas, tudo a cem paus, ali na praça, mesmo em frente ao café Imperial e logo após a mágica apresentação do demosntrador. O tipo comprava e era logo seguido por pelo menos meia dúzia de papalvos. Eu, pequenito de mais ou menos 13 anos, ficava ali a ver a próxima demonstração (se calhar é por isso que dei pras vendas, caneco) e , em findada a dita, lá surgia o tipo com os mesmos cem paus a fazer a mesma primeira compra de todas as apresentações...

I fall in love too easily

e por isso mesmo ofereci-me este Miles Davis Ballads.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

a boa acção

Hoje tive oportunidade de salvar um gato. Já me aconteceu ter matado um gato no verão passado, aqui na Batalha, por atropelamento. Hoje, porém, encontrei este bichano com a cabeça enfiada numa lata, muito aflito e quase a morrer. Retirei a lata com cuidado porque ele poderia estar assustado e com isso tornar-se perigoso, e ele lá sossegou, coitado, quase sem energia para me agradecer...
Uma boa acção pois claro. Quem não a faria?

efeitos de poesia

oiço uma música brasileira que passa em determinado blog. não, não se trata de funk brasileiro, nem de forrós, nem doutras modas "escrementais" que o brasil nos traz com assuidade e comercialidade. oiço uma música "bossa nova", a autêntica músca brasileira. gosto. aprecio. saboreio, simplesmente.

entretanto, jantei perdizes regadas com xisto, um douro magnífico. o melhor douro dos nossos dias, pois claro. e também bebi scotch velho sem gêlo. fui burguês, mais uma vez. e gostei, desculpem a sinceridade. e fumei um "partagas", apesar de já nem sequer fumar tabaco.
não fumei mais nada...
deixei-me ficar aqui muito quieto a pensar na possibilidade infinitamente menor de perspectivar a vida feita de outros sentidos, outras sensações. digamos que me estou a ver a amar uma outra forma de amar. uma estranha atração por um gostar dilacerado pela escravização do não consumar, do não obliterar o amor.
estou morto...e vivo. sinto-me vivo, apesar desta contradição. sinto-me muito vivo.

amanhã, hoje afinal, vou procurar cantar sem saber se vou sentir saudade.
sei que vou te amar eternamente, ó minha forma de sol. ó minha melodia destas manhãs frias. ó minha graça de infinitas contradições. sei que o céu existe e não quero perguntar-me de que serve o vento da tarde e a brisa da manhã.

sei que o meu caminho, sozinho, trespassa a acalmia dos teus dias, marca as tuas lágrimas e serve de timoneiro para os teus desencontros.
ah, que bela noite fria de janeiro. ah, que boa sensação de poesia me está invadindo...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

conversas no café

- Seria extraordinário se acaso fosses capaz de deixar tudo para trás! Seria uma prova de loucura, ou nem tanto! De amor, talvez. Embora a palavra amor esteja tão gasta, tão repetida…
- Acho que não. Eu, se deixasse tudo para trás, seria como se tivesse resolvido optar, simplesmente, por deixar tudo para trás. Não penso, portanto, que isso fosse uma loucura. Nem uma prova de amor. Seria apenas uma opção. Sempre uma opção…
- Isso parece-me, e vais desculpar-me, uma forma muito artística de contornares o problema. Ninguém deixa tudo para trás apenas por simples opção. Tem de haver algo que motive uma pessoa a dar esse passo.
- Concordo. No meu caso, por exemplo, não encontro maior motivação do que a atracção pelo vazio, pelo desconhecido. Chegar lá, a esse lugar, obriga-me a optar por deixar tudo para trás.

este céu sou eu

domingo, 21 de janeiro de 2007

não há como negar

Eu podia dizer que tudo isto é apenas uma questão de sexo. Escrever setenta teorias sobre "osso no pénis", que é tudo uma questão de vértebras. Mas não. Ainda assim, e apesar de tanta evidência, tanta impressão digital por aí espalhada, e a cheirar a genitais, eu continuo a acreditar que tudo isto não se resume a apenas sexo! Mas também, evidentemente. Também é uma questão de sexo. Sexo mal parado. Mal parido, mal amanhado, infiel, meigo, limpo, bruto ou impreciso, sexo porco, apimentado, sexo desajeitado. Imoral, adúltero, virtual ou caduco. É também uma questão de sexo, sim senhor. Não há como negar, foda-se!

Miguel Torga, 100 anos

O mundo precisa de Torga.

via blog da irene

sábado, 20 de janeiro de 2007

receita única e não comparticipada

Dói-me a cabeça. Uma dor assim, terrível, quase imoral, quase cruel, que me obriga a não querer abrir os olhos, que me impede de olhar para além da minha janela, deveria vir apenas no início da Primavera. Nunca em pleno Janeiro do frio e dos cafezinhos quentes. Valho-me, então, da mistura explosiva de Henry Miller e Davis/Coltrane, servida com água do Vimeiro, para aliviar a minha dor de cabeça. E as minhas angústias.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Jornalista portuguesa desaparecida no Líbano

Através do Tugir, deparo com esta notícia que me parece, no mínimo, um facto a merecer alguns pontos de interrogação. Faço pois minhas as questões levantadas por Luis Novais Tito.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Do Aborto, e porque não vou falar mais disto

Nesta matéria de referendar uma nova lei do Aborto eu sou muito franco e tenho de ser honesto para comigo mesmo: se me chamam para dizer se concordo que uma mulher possa abortar de livre vontade, antes das 10 semanas de vida do filho que está na barriga dela, isto é, até dois meses e meio (!) de gestação, eu digo: não concordo. E ponto final.

Não quero saber de mais nada, das liberdades da mulher e dos abortos clandestinos e das parcas condições em que muitas mulheres vão abortar. Não quero saber. Abortar é da consciência de cada um. Eu não quero contribuir para que se legitime essa consciência. Se uma mulher não quer ter um filho apenas porque não, apenas porque ela manda, eu não posso legitimar o direito a que se aniquile uma vida sob pretexto de que a mãe tem o direito de, ou seja, não me estou a ver contribuir para que se autorize uma mulher a pensar durante quase dois meses e meio se quer continuar a deixar que uma vida se desenvolva.
E não me venham com as más condições com que muitos abortos são feitos por serem clandestinos. Más condições para quem? Para a mulher? A criança que vive dentro dela morre na mesma, seja num vão de escada, seja na mais confortável clínica.
O aborto é um processo que envolve dois seres humanos sendo que, à partida, só um está condenado a não viver: a criança. Aliás, e segundo o futuro quadro legal, a essa criança é-lhe retirado o direito de viver apenas por e para mero conforto de quem decide.
Não consigo dizer sim a tal legitimação para que se mate apenas porque não se quer ter mais um filho, seja porque fica caro, seja porque dá chatices, seja até porque esse filho é menino e a mãe queria uma menina. Para que se deite fora uma vida apenas porque não se quer o incomodo de ter de lidar com essa vida.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

james harries

Na rota dos grandes fazedores de canções. descubra-o.

"now I know you are a woman so you won't believe me
when I tell you, you were the most beautiful girl I've ever seen
yeah you with no make-up your coat hemmed with mud
I felt myself instantly falling in love
but you finally clinched it when you flicked your hair dry
and turned around slowly and looked deep into my eyes
your eyes entranced me a deep Spanish brown
in which a grown man could happily drown"

James Harries, "Café del Mar"




dedicado a quem anda a ler Kundera.

domingo, 14 de janeiro de 2007

crónica de um domingo morno


Uma bela tarde, sem dúvida, passada a caminhar pelo longo passadiço que liga a Granja a Espinho. O mar estava mais ou menos calmo e as gaivotas povoavam as rochas da praia e faziam plateia, muito viradas para nós que passeávamos cá em cima, como se estivessem a ver uma corrida ou uma maratona. Do lado nascente passavam comboios vazios de gente e num ritmo descontraído, e ao fundo via-se Espinho das tardes de domingo, cheio de gentes com filhos e netos, pesadas e magras, altas e anafadas. Uma espécie de gente imortal, que se desloca para ali em carros enfeitados com naprons e terços de rezar. Muitos nem chegam a sair do carro. Ficam a dormitar virados para o mar, ou a ler os suplementos do Jornal de Notícias, o verdadeiro ícone literário da maior parte do povo-das-tardes-de-domingo-das-praias-de-Gaia-e-Espinho.
E no percurso inverso, de Espinho para a Granja, as mesmas pessoas e uma quase vontade de dizer "olá como vai", como se estivéssemos em contacto directo com excelentíssimos vizinhos. Jovens casais em ritmo apressado e quase sempre com um filho de colo, passeavam risonhos. Velhos com ar descontraído enchiam excelentes fatos de treino e ofegavam na pressa de se sentirem saudáveis. Raparigas sós ou acompanhadas aos pares, lembrando as antigas romeiras, pareciam procurar namorado no meio das gaivotas. Já não há namorados para estas romeiras. Apenas gajos que se enchem de carros artilhados com música de Tony Carreira ou com rap francês foleiro e que combina com os bonés de pala, os “yós” e os charros mal enrolados.
Uma bela tarde, sem dúvida, esta caminhada no passadiço. E as dunas estão boas, asseadas, e o mar insiste em tirar-nos a areia da praia, desnudando as pedras negras como se elas fossem rés sem pudor, expostas e condenadas.
O mar não se importa porque entende que não castiga. O mar não tem passadiço e desloca-se à toa. E nós ali em cima a passear, como se toda a nossa vida fosse um simples passeio à beira mar.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Nós queremos Sol


Digamos que vamos entrar no verdadeiro primeiro fim-de-semana de 2007. As festas estão definitivamente encerradas, árvores de natal desmontadas, e os saldos rebentam por aí como cogumelos enquanto não chega o dia dos namorados e o carnaval, duas marcas de consumo verdadeiramente institucionalizadas. De modo que, em chegando à terrinha, a noite acende-se no calor dos amigos e da cerveja gelada. Mais a vodka e um ou outro gin, se for caso disso.
"Em Janeiro, salto de Carneiro", dizia a minha avó. Os dias começam a arrebitar e convenhamos que é bom que arrebitem. Estamos preparados para um novo ciclo, à espera da primavera e de arrumar com os pijamas quentes e as botijas de água e as mantinhas de lã. Nós queremos sol. Somos um país que se deprime se não houver sol e calor.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

estes Janeiros

Batalha. É quase meia-noite e eu recolho-me na serra para descansar. O ano começa com serenidade. Vende-se, apesar de tudo.
E nestas horas de sossego quase sossego, olho para a noite e vejo as luzes das casas e das estradas e dos carros que passam com gente, por vezes vazios de mais, e estendo-me numa preguiça boa enquanto fumo um cigarro. Os ruidos da estrada nacional 1 fazem-me companhia e sei que o sol ha-de estar a chegar para que as luzes se apaguem.
É assim que começam todos os Janeiros das nossas vidas. Devagar, tranquilamente, porque tudo se ha-de compor. Tudo pode ser perfeito se contarmos com o solinho que nos aquece e nos alumia.
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