A minha avó contava-me histórias e uma delas falava de uma mãe que tinha um bebé no berço e um gato. A mulher saiu para ir à "venda" e quando chegou viu ao pé do berço uma mancha de sangue e o gato. Automaticamente a senhora desferiu um golpe mortal no bicho porque pensou que ele tinha atacado o bebé. Quando se abeirou do berço viu o bebé dormindo sossegado e uma cobra morta ao pé dele...
Ora serve isto para tentarmos perceber como é que nós fazemos juízos de valor fáceis e tantas vezes sem fundamento. Serve para dizer que a propósito de um alegado atropelamento de uma senhora na Rua do Padrão por um autocarro da UNIR foram também feitos muitos e errados juízos de valor. Que o motorista atropelou uma mulher que estava no passeio, que é estrangeiro e está ilegal. Que fugiu e ninguém sabe dele. Mais isto e mais aquilo...
Mas, ora bolas, parece que afinal a senhora estava na faixa de rodagem e aprestava-se a atravessar a rua com uma passadeira ao lado, afinal naquele passeio existem umas bolas (há quem lhes chame os ditos de Hércules) e o autocarro não podia passar para o passeio sem pelo menos derrubar uma delas, afinal o motorista acudiu à vítima, embora confuso terá ido á vida dele, pois estava lá muita gente para prestar ajuda à senhora e ele nao se sentia culpado e tinha um horário a cumprir e estava a empatar o trânsito. Afinal a história não era bem o gato a atacar a criança, não era o estrangeiro ilegal, o tratante! Éramos só nós a julgar sem saber...
Posto isto, enxerguem-se, por favor.