"Right now I can’t read too good
Don’t send me no more letters, no
Not unless you mail them
From Desolation Row"
Olá Carlos,
(Escrevo-te esta carta como se fosse uma carta, daquelas que se enviam "par avion", como se só existisse essa possibilidade)
Ontem ia eu de viagem para sul e deixei-me rolar em velocidade lenta ouvindo Bob Dylan, e estava particularmente preparado para me entreter com aquela poesia do "Desolation Row" onde o poeta fala de cartas que se escrevem.
Ouvia aquele Dylan e vinham-me à ideia as tardes quietas que passávamos a ouvir música e a conversar. O rio Douro, os sonhos, as palavras, a sede e voltar. Voltávamos quase sempre lá. E ontem lembrei-me de ti, quero dizer, pensei em ti enquanto escutava o poeta. E senti saudades!
Na verdade, Carlos, eu gostava era de te ver um dia destes e ir até à beira-rio olhar a paisagem e ouvir-te falar sem parar, até que tu desses conta de que era melhor irmos beber uma cerveja...
Bom, de resto, e como deve constar numa carta deste tipo, a minha vida vai andando, desde que a minha buganvilia se aguente ali no vaso. Os filhos estão grandes e de saúde e a São está a ficar sem paciência para me aturar. Ah! E estou um bocadinho gordo. Azar!
Quando cá vieres dou-te um abraço.
Do teu amigo,
Altino
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