quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"Existem coisas que nos lembramos mesmo que elas possam nunca ter acontecido."
Harold Pinter

Pois é amiguinhos portistas, isto da solidariedade não vai com brilho à custa dos outros. Vai com ser solidário de facto, cumprir com a palavra. E como estas coisas têm de ser lembradas, porque existe memória, e a propósito desse gesto de grande solidariedade do F C Porto para com os refugiados migrantes e que só fica bem ao vosso clube, diga-se, pergunto-vos se por acaso o Terramoto no Haiti em 2010 vos diz alguma coisa enquanto portistas solidários? Não diz nada, claro. Mas a nós, benfiquistas, diz-nos muito porque o nosso clube contribuiu com 500.000,00€ para ajuda às vítimas dessa tragédia, sem grandes alaridos mas cumprindo, que é o que se impõe nestas alturas.
 O vosso Presidente nessa altura não se lembrou nem de ajudar nem de pedir que ajudassem, o que não constitui crime nenhum, que fique bem claro. Mas nesse ano de 2010, e pouco mais de um mês depois, houve uma outra tragédia que nos tocou, a nós portugueses, bem mais de perto: as cheias do Funchal. Lembram-se? Aquele aluvião que destruiu tudo na sua passagem? Pois foi, e sabem que clube português contribuiu para ajudar as vítimas? O Benfica, claro está, que através da sua Fundação pagou a construção de três casas e entregou-as a três famílias, e isto passados apenas cinco meses da tragédia, repito, cinco meses depois da famigerada tragédia!
 O F C Porto, por sua vez, e porque nos tocava a todos mais fundo, lá resolveu ser solidário. Através do seu Presidente prontificou-se a fazer um Jogo de Beneficência no Funchal entre o seu F C Porto e um misto de jogadores da Madeira e com a presença do grande Cristiano Ronaldo, que até teria já garantido a sua disponibilidade para participar, vejam bem. Foi lindo aquele anúncio no JN de 22 de Fevereiro de 2010 (podeis ir ver que a notícia ainda está na Net). Mas a verdade, meus amigos, a verdade verdadinha é que o jogo ainda está à espera de data, é o que é! Sem tirar nem pôr.


Isto cá para nós, há por aí alguém ligado à estrutura do F C Porto com um pingo de vergonha e trate de cumprir a promessa antes que o CR7 termine a sua brilhante carreira de futebolista? Ou aquilo foi só para inglês ver?

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Não, não vou por aí.

Eu pertenço a uma geração que começou a dar os primeiros passos na primavera marcelista e aprendeu a ler em plena revolução. Depois, apanhou professores desfasados dos manuais marxistas que lhes impuseram, até que um dia vieram os retornados e os turras. Toda a gente tinha medo dos turras, os pretos que haviam de vir para cá por causa das ex-colónias. Mas eram os retornados que mais a gente temia. Dizia-se que vinham tantos e era preciso dar de comer àquela gente, hordas de bem falantes da nossa língua, brancos bem penteados e com hálito a coca-cola. Uma tribo assim tão conhecedora do mundo novo, experimentada em grandes estradas e outras empreitadas, estava a chegar e a pobre gente do velho império ouvia nas missas o aconchego dos padres. Era preciso pedir ajuda à fé para bem entender esta invasão que nos ia tirar os empregos, o pão, as terras e sabe-se lá mais quê.
E naquele tempo, as televisões eram uma para cada cinco casas, e os jornais eram três ou quatro, e as vendas de vinho e as barbearias eram as redes sociais onde tudo era falado e discutido e o medo e a incerteza andavam errantes, de segunda a domingo, por entre tristonhos telejornais e a rádio renascença que a todos acudia com canções pedidas e saudades em carne viva. Saudades dos nossos portugueses que iam quase todos os dias para a França, a Alemanha e outros sítios lá longe, onde se ganhava dinheiro para um dia voltar e morrer em paz na terra amada, na pátria eterna, em Portugal.

Não, não vou por aí.

Hoje tudo é diferente, menos o medo. E a emigração. A viagem que se faz, que não de comboio e mala de cartão mas sim de avião de baixo custo e i-pod, e a saudade que se canta e o dinheiro que se vai buscar lá fora. A nossa sina. A sina de um povo que desde o dia em que lhe mataram Viriato teve de se pôr a caminho porque daí para cá a europa e o mundo só o quis explorar. Mais nada.
Fomos e viemos, vamos e vimos. Tocamos o mundo, seja onde for, e assim será sempre.
Cá continua a haver de tudo. Desemprego, falência, injustiça, pobreza, miséria. De tudo. E desassossego também. E medo e ignorância.
Espera-se outra vez que os senhores padres nos sosseguem nas missas e lêem-se os jornais todos, centos deles, e ouvem-se as rádios todas e em todas as horas as noticias na televisão e os programas de comentadores e o Facebook. A gigante venda de vinho, a grande barbearia do nosso tempo, o Facebook, onde todos dizem qualquer coisa e onde todos comentam o que é dito, onde fala o burro e zurra o cavalo iliterado e pacóvio. E o medo cresce porque não há sossego nas almas sãs da casta gente. Que trabalha e tem casa para pagar, já sabemos, que tem filhos na escola, que tem a mulher no desemprego e os pais doentes e a reforma é pequena e o país está falido e as festas medievais é que são boas. E os refugiados, esses vilãos terroristas, que vão para onde quiserem, que não venham para cá.

Não, não vou por aí.

Não vou mesmo, garanto. Não vou alinhar com esse medo absurdo, ignorante e hipócrita dos migrantes, hordas de gente a invadir o meu país. Não vou estar de pau na mão à espera dessa gente mal vestida e assustada que disfarça a sua índole maléfica, escondendo terroristas por debaixo das saias. E que ainda por cima é muçulmana! Não vou estender-lhes o dedo culpando-os da minha vida miserável. Dos erros que cometi, dos políticos que elegi e da sociedade mesquinha, egoísta e cruel que ajudei a erguer. 
Não, não vou por aí, Não vou alimentar os burros falantes, os ferrabrases . Vou antes agarrar-me com unhas e dentes à sanidade mental que me resta e me faz pensar nos meus amigos que emigraram, naqueles meus  concidadãos que um dia tiveram de vir para cá e que se adaptaram aos nossos costumes e trabalham e vivem como eu, e finalmente nos que andam por esse mundo à procura de um rumo e podem ter de vir parar aqui e a quem, pela minha parte, juro-vos, hei-de olhar de frente e, na falta de mais alguma coisa, de certeza que lhes darei respeito e admiração, de certeza que lhes darei a minha mão.



sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Um tipo abre um jornal online e lê Portugal perde em Alvalade um a zero frente à França e fica a pensar raios partam estes franceses sempre a ganhar-nos jogo após jogo depois um tipo olha mais em baixo e vê de súbito um quadrado com a fotografia genero passe à la minute do presidente do Sporting de Lisboa a dizer a Seleção é composta na sua maioria por jogadores do Sporting e pensa ainda bem que perdemos...
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