sexta-feira, 17 de julho de 2020

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali..."

Cântico Negro - José Régio

Está consumado o maior "Quebra Espinha" do Futebol Português. A saber, de um momento para o outro, tudo se inverteu, tudo, e não foi só no universo benfiquista. 

Um Presidente que despediu e destratou um treinador, um treinador que disse e fez cobras e lagartos contra o Benfica, um público benfiquista que destilou ódio contra o técnico, adeptos anti Benfica passaram a venerar o treinador, o seu futebol maravilhoso, (todo o país viu e torceu pelo Flamengo de JJ, um português a impor-se no Brasil), etc. 

E de repente, de um momento para o outro, tudo ao contrário. O Presidente a dar tudo para ir buscar o treinador, o treinador a mandar aos papéis um contrato no Brasil para regressar ao clube que tão mal disse dele, os adeptos a engolir tudo o que disseram e pensaram sobre o treinador. Os adversários a puxar pelos argumentos esquecidos como, "vaidoso de sempre" "egocêntrico empedernido", "rei da bazófia" "atentado à língua de Camões", etc.

Todos a quebrar a Espinha! Um fartote.


Não me peçam para estar contente com isto, porque não estou. Mas neste Benfica de Vieira nada me surpreende. 

É que eu tenho um "problema" que norteia toda a minha vida: eu comecei a ler José Régio ainda era um menino e aprendi que a Espinha não é para se quebrar.

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