Há muitas Lisboas em Lisboa. Há a Lisboa de Camões, há a do Fado,
há a dos Saudosistas e a dos Bairristas, há a dos que para lá foram e há a dos
que lá se eternizaram, como é o caso de Pessoa…e de Saramago, pois então. E desta
vez, nesta visita a Lisboa (sim, gosto de Lisboa, aliás, adoro Lisboa!), andei
pela alcáçova da cidade, caminhei nas velhas ruas e calçadas e fui de um salto
ver, pela primeira vez, o miradouro de Santa Catarina, no Bairro Alto, com o
seu Adamastor altaneiro a olhar o Tejo e a velar a multidão que por ali passa e
se queda, mais jovens do que velhos, mais futuro do que passado, mas história
ainda assim, mas alma, portugalidade.
E esta visita em particular é-me muito especial, porque
queria tanto ver este sítio tão pessoano que veio até mim, não através de uma
publicação turística, não pela via de um panfleto qualquer, de uma rúbrica na
televisão ou mera recomendação; sim porque esse apelo que me afetou está
semeado no “O Ano da Morte de Ricardo Reis” de José Saramago, autêntico guia
turístico pessoano de Lisboa e de modos que ao ler este magnífico livro, nasceu
em mim o desejo puro de conhecer este e outros lugares nesta cidade tão bela e
tão cheia das suas coisas para nosso deleite.
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