sexta-feira, 27 de abril de 2007

o velho da morada

Passeando pelas aldeias da Serra d'Aire e Candeeiros, em pleno Parque Natural, dei de caras com este senhor de olhar vigilante, segurando um enorme cajado. É o Velho da Morada , uma lenda. A Morada é um lugar da Aldeia da Barrenta, concelho de Porto de Mós. Disseram-me que este velho foi um espécie de primeiro habitante do lugar, e que se transformou num vigilante protector da povoação. Não encontrei nada na web sobre esta história mas disseram-me que há um emigrante que gosta de registar as histórias e os costumes da terra que o viu nascer e que tem publicados uns escritos sobre o assunto.
Eu gostava de saber ao certo quem foi este português de outros tempos, talvez dos tempos anteriores à Portugalidade.

subway maps



Consulte aqui os mapas dos Metros de todo o mundo. Just in case...

das radios

Batalha. A pior coisa que me pode acontecer de manhã ao sintonizar as rádios de referência portuguesas é aquela espécie de humoristas serôdios que aparecem nos programas da manhã. Um rol de imbecilidades, mau humor, ainda por cima repetitivo, ainda por cima quando já não temos a XFM nem a VOXX. Que saudades!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

novas oporunidades ponto gov ponto pt

Estes tipos do novasoportunidades.gov.pt, conforme se pode ver na publicidade anunciada um pouco por todo o lado, consideram que um profissional da construção civil é um ser diminuído porque não tirou um curso. Consideram que uma funcionária de uma papelaria, é uma Judite qualquer, não a outra que tem um emprego carreirista na RTP. Ou seja, estes tipos acham que um trolha deve ir estudar para depois se inscrever no fundo de desemprego. Acham que as judites todas que trabalham em fábricas e nos supermercados devem tirar um curso superior porque certamente há mais empregos disponíveis para a malta do canudo, como bancários, vendedores de telemóveis ou assistentes comerciais da oriflame. Tudo empregos precários e de curto prazo, bem sabemos...!
Pessoalmente sinto-me ofendido, porque eu sou um trolha, sou um operário fabril e sou um camionista, ou mesmo um simples "lixeiro". Mas sou um profissional digno, trabalho todos os dias com honestidade e sinto-me ofendido quando me representam em grandes cartazes, ridicularizado, marginalizado, como se a minha actividade não tivesse honra nem dignidade. Como se um profissional concreto, de uma actividade concreta fosse o cancro desta sociedade estéril e não produtiva, desta sociedade em que o funcionarismo público e a cunha e o emprego de favor grassam por aí, de cima a baixo, como pulgas em cão vadio.
Qualquer dia, de tantos doutores e engenheiros neste país,não haverá quem nos possa servir um simples café sem este cenário mais ou menos virtual: "senhor doutor, eu queria um café curto se faz favor e já agora diga ali ao doutor que me engraxe os sapatos e peça à menina Judite um maço de tabaco. Desculpe, menina não. Engenheira".

terça-feira, 17 de abril de 2007

de espanha

Alicante. Tive de vir a Espanha e revejo este país com gosto. Em Madrid, obras públicas por todo o lado (aquele túnel impressiona!) e ao atravessar Castilha La Mancha achei-me num sorrio estranho ao ver um comboio rápido atravessar a planície prenhe de ventoinhas eólicas muito alinhadas num estilo certamente quixotesco, romântico e cómico. Mas não trágico. Em Espanha tudo é novo em cada ano que passa e nada parece ser trágico, enviesado, e até a restauração parece identificar-se com este novo desígnio de "nuestros hermanos": simpatia e competência, progresso. E Universidades...
E nós aqui a definhar com tanto orgulho...

domingo, 15 de abril de 2007

é bom

Oba, fui ao cinema! Ontem fui ao cinema ver o "The Departed", de Martin Scorcese e pronto, gostei. Só não gostei de ver o Leonardo Dicaprio a morrer. Nunca o tinha visto morrer, apesar de me terem dito que ele também morre no filme "Titanic", mas esse filme está fora da minha "short list" de filmes vistos ou a ver. Mas pronto, não gosto de ver o rapaz a morrer. É bom actor, mexe-se bem e tem pinta. Gosto muito dele embora isto pareça um post panasca. Também gostei do desempenho do velho Jack que está cada vez melhor. Desde aquele "O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes" que o Jack tem sido sempre um grande artista de cinema. E para que isto não seja ainda mais panasca também gostei muito da Vera Farmiga, uma gaja a rever em próximos filmes. É bom ir ao cinema, não é?

quinta-feira, 12 de abril de 2007

toma lá o meu sudário

Assisti à entrevista do senhor Primeiro-ministro. O homem está um Cristo na Cruz, apenas porque todo o país pretende que ele pague sozinho o pecado original da nossa sociedade: o lambebotismo, o tratamento personalizado de excelentíssima supinação social e a consequente ostentação de títulos rebuscados pelos excelentíssimos cidadãos portugueses. O cidadão José Socrates achava que seria sempre um desgraçado se não tivesse uma licenciatura e esforçou-se para obter um canudo. Fez o que podia ter feito para tal, como fazem milhares de portugueses que se habituaram a ver no canudo a única formula de se afirmarem social e profissionalmente. Agora crucificam o Sócrates que é um grande político, um bom primeiro-ministro e tem um programa para governar.
O Plano Tecnológico, a grande bandeira eleitoral deste político, ficou nos moleskines dos entrevistadores e a "Questão da Ota" foi aflorada muito superficialmente. Isso não era relevante, não tinha "sound bytes" bastantes. E o melhor veio a seguir à entrevista, com os canais televisivos de informação a fazerem desfilar todos os "impolutos virtuosos" necessários para cuspirem no pecador.
Sócrates, toma lá o meu sudário porque eu hoje sinto-me a tua Maria Madalena.

terça-feira, 10 de abril de 2007

pesadelos

Hoje não há nada mais saboroso do que uma dose de carapaus assados. De certo, já todos provaram carapau assado, um peixe gordo e rico e omega3. Eu ando necessitado dessas coisas. Um amigo meu apareceu-me há dias com uma fita de papel filme, daquele filme que serve para embalar croissants, muito bem enrolada na barriga. Diz que vira num filme e que assim pode abater a mísera barriguinha de cerveja. Estou céptico, porém. Uma barriga não se abate assim certamente. Porque há tanta coisa a anunciar esse milagre, desde a herbalife, passando por medicamentos milagrosos...como pode uma solução assim tão doméstica resolver tão arreliadora protuberância que tanta gente aflige e descontenta? Estou convencido de que o carapau e a sardinha de lata com azeite virgem, ainda assim, são a melhor fórmula para nos prepararmos para o verão que não tarda e a praia que já apetece. Reduzir a cerveja também ajuda e caminhar será talvez a cereja no cimo do bolo. Caminhar é preciso, já dizia o poeta, e eu estou muito empenhado nisso. Mas o gin com nordic mist, a vodka e o licor beirão com gelo andam a rondar os meus planos. Preciso de tomar medidas urgentes. Sinto-me muito próximo da obesidade mórbida e já sonho com bandas gástricas. E a feijoada? E o leitão? Salvem-me deste pesadelo!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Dr Knock, ou a importância de se chamar doutor

Este país é um país de "Drs Knocks" que para quem não sabe é uma personagem de uma peça de teatro que eu representei nos tempos em que eu era para ser doutor, que na verdade era um charlatão que se passava por médico. Vivemos, pois, num país cujos cidadãos ejaculam títulos académicos, na sua maioria superlativamente pronunciados, para assim darem alguma cor ao bafio das suas excelentíssimas capacidades intelectuais. E falo nisto porque sou catedrático nesta matéria. Não tenho curso superior e não interessa agora dizer-vos porquê, mas já me chamaram de tudo. Doutor, Engenheiro, Jornalista, e inclusivamente Padre. Bem sei, portanto, a importância que se dá ao raio do título académico, seja ele forjado ou simplesmente conquistado com muito suor. Na minha profissão lido com uma certa tipologia de gente da classe "A+A+A", isto é, o top dos endinheirados desta parvónia, e percebo bem a estranheza do titulado sempre que eu o chamo de senhor fulano de tal. Bem sei que o senhor fulano de tal há-de ser engenheiro ou doutor ou até mesmo industrial, que é o título académico para os novos ricos, embora ninguém os trate por senhor industrial fulano de tal. A menos que obtenham passagem directa para Comendador sem passarem pela prisão.
Em Espanha, por exemplo, o doutor Sanches é tratado por Sanches e o engenheiro Manolo é tratado por Manolito... Já em Portugal, os licenciados são tratados por doutores, os bacharéis são tratados por doutores, os professores de moral são tratados por doutores e os professores de EVT, serralheiros e carpinteiros recauchutados, são também religiosamente tratados por senhores doutores. Tudo a título de "doutor da mula russa". Até os vendedores de "acesso directo" da Novis se acham no direito de serem tratados por "voice engineers". E os cangalheiros, e os portageiros (grande profissão esta), e os porteiros de discotecas? Fácil. Se forem a um desses restaurantes de rodízio brasileiro estou certo de que serão abordados por um empregado de mesa do sertão que lhes dirá insistentemente: - vai uma caipirinha doutô? até ia...

sábado, 7 de abril de 2007

sabores

Obrigatório. Esta edição dos quarenta anos da banda do Rei Lagarto está uma delícia. Comeonbabylightmyfire...ever and ever!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

alinhado

Hoje fui cortar o cabelo. A Elisabete, minha cabeleireira, a única que consegue perceber os meus caracóis, não levou grande tempo a cuidar de mim e não fez qualquer comentário sobre as minhas cãs. Apenas laborou nelas com destreza e sabedoria importada de França, onde se formou como cabeleireira.
Agora posso ir ao almoço de Páscoa sossegado porque a família não vai fazer comentários sobre o meu ar "negligé". Vou até inspirar-me no "My Sweet Lord" para assim poder passar por um delicioso "chocolate Jesus" de metro e setenta e cinco, meia barriga, aspecto quarentão juvenil. Sou bem capaz de vestir um "pullover" laranja, colocar um pouco de gel no cabelo e, se der tempo, ainda recebo o Senhor, que lá na aldeia ainda há o "Compasso", a visita pascal, e provavelmente darei mais uma prova da minha inenarrável condição de anarquista alinhado.

domingo, 1 de abril de 2007

devaneios

praia dourada, viana do casteloO meu safari vodka está glacial, doce de Páscoa. Assim deixo-me estar, ainda mais refém do álcool, se bem que esse terrorista que me sequestra mima-me com magníficas sensações de "ilógico", faz-me sorrir. E deixo-me estar, quieto, quase num tom de felicidade lúcida.
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