Relembrando outros tempos, os outros tempos da inocência e da experimentação, de quando houve coisas de entrar cá dentro e permanecer anos fora, dando que pensar agora e sempre, e apetecer procurar de novo, ousar repetir no agora, como se o agora fosse aquele tempo ido, dá-me na alma assinalar aqui um livro que li e do qual não sei nem o título nem quem o escreveu. Deu-mo uma professora de inglês de entre tantos livros que me oferecia num acto mais do que missionário, pois sabia-os bem entregues. Não que fossem guardados, mas sim porque ela estava certa que seriam lidos, deglutidos com o vigor e a alma de um puto sedento por fugir aos dogmas curriculares, às "Sibilas" e aos "Camões", aos "Kants" e aos "Lavoisiers". E eu li esse livro dentro dele, vivi aquele romance na Munique do pós-guerra entre duas pessoas que me fascinaram tanto. Ele era monge, ou frade, ou padre, nem sei, e ela era uma menina que caminhava na cidade. Sei que casaram no final da história e ele foi noivo e padre desse casamento tão grandioso, porque humano e prenhe de religiosidade. Ficou-me na ideia o título do romance: "Uma mulher naquela casa". Não sei se o reinventei, ou se o gravei como quem grava uma cor do arco-íris de entre todas as outras cores.
Sei que gostava tanto de voltar a entrar dentro dele com todas as minhas forças.
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