Esta coisa dos cabeleireiros continuarem fechados, enfim, nem comento. Mas queixo-me. Sim, porque queixar é diferente de comentar.
Queixo-me porque cumpro. Porque não cortei o meu cabelo, porque não fui a um barbeiro nem recebi nenhum em casa. Queixo-me porque não consigo aceitar que os barbeiros e cabeleireiros continuem encerrados, ora missas!
Queixo-me porque não entendo como é possível eu ser um dos raros exemplos vivos de uma pessoa que está a sofrer as consequências dessa medida catastrófica. Eu e os profissionais do sector, evidentemente.
Mas queixo-me sobretudo, porque todos os dias vejo os ministros e deputados, e o Presidente da República, sempre com ar de pessoa muito bem tosquiada. De aspeto irrepreensível, barbeados com rigor, cortes à inglesa, à escovinha, e até mesmo os "negligés" aparecem com ar de bem aparados, os futebolistas, então, é cada jogo cada corte diferente.
Pois então eu não percebo como é que eu fui perder o comboio dos que, mesmo sem haver cabeleireiros abertos, nos surgem à frente como se em cada esquina houvesse uma barbearia a laborar. Não percebo! Sinceramente não percebo como é que isso é possível, como é que isso está a acontecer bem por debaixo das minhas barbas!
Bem sei que há sempre um elemento prestável nas famílias. O cunhado que tem uma bimby de cortar cabelo, a esposa dedicada que se presta a cortar uns rancos, umas repas, uma prima que tirou um curso profissional de cabeleireira e, às duas por três, dá uns toques na arte da tesoura...
Cos diabos, eu que até tenho amigos no sector, eu devo andar a dormir na forma, de certeza. Toda a gente aperaltada, de cara lavada, com ar de metrosexual e eu com este aspeto javardola, de louco cinquentão. Não entendo. Sinceramente!
A sério. Não percebo bem este fenómeno, ou se calhar percebo. Deve ser igual a tantos outros fenómenos, sempre que impliquem o nacional desenrascanço. Não há cabeleireiros abertos mas toda a gente parece ter o seu cabeleireiro clandestino ali bem à mão de semear.
Fenómeno idêntico a este só me lembro quando houve uma grande crise de bacalhau, era eu um miúdo. Mas toda a gente tinha bacalhau! Essa é que era essa!
Ele aparecia, o fiel amigo... e o barbeiro também. O Barbeiro é como o bacalhau, fiel amigo que nunca nos abandona! Vivam as barbeiras e os barbeiros!
Sem comentários:
Enviar um comentário