Caro leitor, de repente apetece-me pedir-lhe que imagine que tem um filho de 6 anos e que o amigo vive com a sua família numa aldeia portuguesa do interior. Vive lá porque provavelmente foi treinado para tratar das leiras que o seu pai deixou e não sabe fazer mais nada e também não está disposto a ir para Espanha amarrar ferro. E tem uma parelha de gado que o ajuda na lavoura e cria um ou dois porcos, juntamente com meia dúzia de galinhas. E isso dá-lhe para viver, esperando que o seu filho possa crescer com outra formação, um curso, se ele tiver cabeça para os livros. Imagine que, sabendo você que o seu filho tem o direito ao ensino gratuito e minimamente digno, alguém do governo, do ministério, manda encerrar a escola da aldeia porque o seu filho, sendo o único aluno, não justifica os custos de um professor, não satisfaz os requisitos mínimos para que se mantenha uma escola em funcionamento. Imagine pois que o seu filho tem de apanhar um táxi, provavelmente pago pelo ministério da educação ou pela Câmara Municipal, deslocando-se para outra freguesia onde há mais alunos e há escola e professores. Mas não há cantina, e o seu filho, para almoçar, tem de apanhar um outro táxi, provavelmente também ele pago pelo ministério, e deslocar-se para outra freguesia onde existe uma escola, e alunos e professores e uma cantina. Depois volta para a outra escola e, à noitinha, regressa à aldeia onde você vive, de táxi, para descansar, provavelmente fazer os trabalhos de casa, jantar, brincar um pouco consigo e dormir para no dia seguinte retomar a navegação solitária. Bárbaro não é? Que dizer? Você aceitava isto de ânimo leve, não aceitava? É a vida, diria o amigo conformado.
Em boa verdade, caro leitor, isto está a acontecer com algumas famílias portuguesas. Devido às contas desses liberalistas, tecnocratas, contabilistas, filhos da puta. É verdade amigo. Nós somos um país governado por uma cambada de bois que ainda por cima são defendidos por uma multidão de vacas chocas que os aplaudem e de tudo se servem para justificar filhadaputices destas.
Estamos orgulhosos, não estamos?
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