sábado, 10 de novembro de 2007

miserável honestidade

O tipo seria hoje um homem bem mais realizado, não fosse a miserável honestidade a sua principal característica. Dizem-lhe as vozes da nobre arte do elogio que essa qualidade é a melhor coisa que um homem pode ter. O tipo sorri e engole miseráveis sulcos de honesta saliva, cujas enzimas parecem trespassar a alma ingénua como se tal virtude pudesse bem ser triturada qual simples bolo de arroz. O tipo sabe o que perdeu, o que perde todos os dias, e entrega-se às mais miseráveis e desonestas das emoções: a nostalgia. Sim, porque o tipo sente. E sente a nostalgia das coisas que não tem, dos momentos que não vive, das almas que não toca por causa dessa miserável honestidade. Dessa coisa colorida que o torna cinzento, como se não houvesse mais cores no mundo...

2 comentários:

António Conceição disse...

Mas, afinal, ele é honesto ou é só burro?

Helena Martins disse...

o problema é que há muita gente que confunde a honestidade, frontalidade, sinceridade, como lhe queiras chamar, com falta de respeito, consideração e mesmo eduação... Porque não há quase nada que não se possa dizer de forma educada e no momento certo... Certo? :) Beijinhos, que já não te comentava há muito tempo! :)))

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