domingo, 1 de agosto de 2004

vou

Um tipo como eu tem de dizer umas coisas antes de encerrar um ciclo. Podia simplesmente dizer que foi bom e conheci muita gente e aprendi muito. Então pergunta-se: se foi bom, se conheceu muita gente, se aprendeu muito, porquê encerrar um ciclo? É verdade. Não existe justificação coerente, ou no mínimo, perceptível, para uma coisa destas, a não ser a "mudança". E é aqui que eu me quero situar para explicar que vou terminar um ciclo. Um ciclo de equívocos, de lutas. Uma página que se vira na minha viagem por este mundo.
De resto, chegado aqui, já fiz muito, creio. Já chapei massa, já acartei areia nas obras, já lavei copos e até já mudei fraldas a crianças deficientes. Já fui chefe, fui vendedor e empreendedor. Criei uma empresa e falhei. É isso. Falhei porque estou farto deste país miserável que apenas privilegia os amigos e os “certinhos”.
Creio que nesta terra não há lugar para gente como eu que, não sendo nada de especial, tem a particularidade de se apaixonar por coisas. E eu estou derretido de amores por mudar.
E é isso que vou fazer já neste mês de Agosto. Vou entregar a empresa, a empresa que criei, com o nome que eu lhe achei, à mesa de um restaurante. Vou acordar do sonho que vivi . Vou embora.
Não sei bem o que vou fazer, se vou dirigir uma força de vendas em Angola, se vou servir às mesas em Inglaterra ou se vou amarrar ferro para Espanha. Em Portugal não fico. Sei que vou embora. Cansei. Pronto, obrigado.

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