Já todos perceberam que a caso Marcelo encerra múltiplas sensibilidades. A classe politica anda às apalpadelas em constante busca de referências e usa o florete como forma de expressão possível, seguindo a dialéctica “ora espeto eu, ora espetas tu”. A classe jornalista, por sua vez, teima em demonstrar o que sempre demonstrou em outras áreas da vida pública: não interessa o que penso mas sim o que ganho e quem me paga. Tem sido assim e, por conseguinte, a caso Marcelo só podia ser tratado do modo como está a ser tratado.
O contraditório para mim, mais do que um mero expediente apregoado por gregos e troianos, é fundamentalmente a contradição em que muita gente vem caindo na exacta medida da latitude dos seus interesses pessoais e profissionais. Ninguém mostra coerência. Apenas ressentimento e sede de vingança.
Marcelo já deveria ter explicado, pelo menos aos seus admiradores, confessos e ocasionais (sim porque de ocasião está repleta a plateia),” tim-tim por tim-tim” todo este episódio, com a mesma sagacidade e capacidade pedagógica com que ele tão bem explicava as vitórias do f c porto e as derrotas do seu s c braga, com a mesma capacidade critica com que ele apreciava a vida do PCP e com o mesmo voluntarismo com que ele apelou às bandeiras portuguesas nas janelas e águas furtadas das casas de Portugal. Não o fez, não sei se o fará e receio que quando o fizer já seja tarde demais. Por isso não me deixo levar pela onda de vitimização e também acho que não estamos perante um processo de censura generalizada. Aquilo não passa de “tricas e laricas” e só o são porque o governante mor adora “tricas e laricas”. Fora isso o Marcelo continuaria a papaguear em paz e sossego durante muito tempo naquela estação privada e por de entre noticias sobre uma criança de dois anos que já lê os programas da TVI anunciados na TV Guia.
O novo líder da oposição aparece muito e já há empresas de audiometria que se prestam a contabilizar as horas em que este peru aparece em saudável confronto com o outro. Isto significa que aquilo que eu temia começa a ser um facto indesmentível. O Sócrates de hoje não faz “maiêutica” não senhor. Faz propedêutica, é o que é. Introduz-se quotidianamente, sem apresentar a mínima ideia concreta e prática. Mais um atum em posta vestido de caviar.
Enfim, bom domingo e apareçam.
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