"Perante a patente superioridade do candidato democrata, os eleitores norte-americanos serão estúpidos?" Vital Moreira in Causa Nossa.
Esta pergunta surge na sequência de uma conclusão de Vital Moreira a propósito de três debates havidos entre os dois candidatos às presidenciais norte americanas. Raios, estúpido serei eu se ainda não percebi que um tipo, leia-se um eleitor, deve votar conforme se ganhe ou se perca debates. Estúpido serei eu se ainda não percebi que um eleitor não vota num projecto ou numa linha ideológica que defenda ou da qual seja apologista. Estúpido serei eu se ainda não percebi que um eleitor vota, sim, mas em tipos que ganham debates, o mesmo é dizer torneios, concursos ou o raio que o parta.
Neste caso concreto, a realidade americana, não há propriamente uma esquerda e uma direita. Há dois partidos de direita e apenas porque o tio Sam baniu qualquer conceito ou definição que possa situar-se mais à esquerda de Kerry.
Gore Vidal, por exemplo, se vivesse num país realmente livre seria, digamos, um comunista. Mas ali essa palavra não existe a não ser que seja precedida de “morte ao…”.
De maneiras que me espanta também o artigo de hoje de JPP, no Público, sobre a dicotomia esquerda/direita. Estes tipos andam entusiasmados com a escola americana e inglesa. Estes tipos sonham com uma esquerda morta, moribunda. Não percebem que o ciclo da direita fascista, por mais que se maquilhe, de “camaleónica”, não vingará jamais.
E a tendência alter-globalista que se assiste nas gerações mais jovens tem a ver com a necessidade e a bondade destas gerações em banir o “marcialismo” ideológico que tolheu a esquerda dos finais do século XX. Por isoo, essa conversa de treta de chamar ex maoistas e ex trotskistas a quem defende nos dias de hoje uma ideologia anti dereita reacionária está ferida de uma desonestidade intelectual gritante. Tem o mesmo valor das afirmações proferidas nos anos da revolução do tipo "os comunistas comem crianças"
È com espaços públicos como este, do Público, que se preenche mais uma página de propaganda pró-direita, ainda por cima escudada na coincidência de os seus autores andarem armados em salvadores da pátria só porque não gostam nada do antigo coleguinha de turma, coitado, que os comeu de cebolada.
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