quarta-feira, 25 de outubro de 2006

inclinações colectivas


No meu país é assim. Volta e meia surge uma polémica oca sobre uma merda qualquer. Desta vez é o alegado plágio perpetrado por Miguel Sousa Tavares. Será que estamos perante uma denúncia maldosa e consequente desacreditação do escritor MST ou será que há razões concretas, factuais que evidenciem um efectivo plágio? Não se sabe, eu não sei. Também não li aquele “Equador” e creio que não vou ler, pelo menos nos próximos tempos.
MST saberá como se defender e é a ele que cabe desmontar essa “cabala”, se é que o é, enfim. Porém, notei que logo uma mole de gente se acoitou a defender o acusado. Uns apontam o anonimato, porque dá jeito, claro. O anonimato não é de agora e serve, por exemplo, para o sistema fiscal americano ser talvez o mais eficaz dos sistemas fiscais e serve para muitas outras coisas, inclusive blogar. Mas dá jeito, neste caso, apontar o anonimato. Também dá muito jeito falar-se em inveja porque o gajo ou a gaja que denunciou o tal plágio só pode ser um invejoso. Já o tipinho que atacou Margarida Rebelo Pinto não é, de certeza, um invejoso. É um cientista! Naquele caso, deu jeito calcar a pobre rica escritora porque ela vende e continua a vender sempre os mesmos ovos estrelados mas com receitas tenuemente elaboradas. E vende, carago, apesar de não saber dizer nada, que eu bem a vi na entrevista que deu a Francisco José Viegas (o próprio terá ficado embaraçado uma ou duas vezes tal a ligeireza da entrevistada). Já o Miguel, esse sabe dizer umas coisas, se exceptuarmos toda e qualquer matéria relacionada com futebol. Será aqui, nesta diferença, que reside a fronteira entre o que é de ser bom e o que é e ser mau? Será que tudo isto se resume, enfim, aos elementos pictóricos que definem as figuras públicas?
Por isso acho tudo isto qualquer coisa de espantoso, esta forma bem portuguesa de tombarmos todos para o mesmo lado. Isto deve ser herança dos marinheiros que desbravaram o novo mundo em barcaças muito instáveis e que, por certo, tiveram a faculdade de disciplinar as tripulações em matéria de inclinação colectiva.

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