terça-feira, 21 de setembro de 2004

Claro que nos nossos dias o burguês médio prefere uma empregada doméstica de origem eslava ou mesmo romena. Mais submissas, quase silenciosas e sem qualquer poder reivindicativo, elas trabalham que se fartam e nem se importam com essa coisa horrível que são as horas extraordinárias. E saber que os patrões delas, médicos, professores e outros funcionários públicos, lutam tanto por menos carga horária e melhores salários.
E saber que os patrões delas as acham um modelo de empregados. E saber que os patrões delas vão de férias para paraísos orientais e ficam deslumbrados com tantos funcionários de volta deles, que lhes fazem a cama mal acaba a “queca” da ordem, que os levam em ombros para as jangadas de forma a não molharem os pés, que lhes limpam e relimpam os sapatos no hall do hotel, sempre com o mesmo sorriso e sem reclamarem o que quer que seja. Que têm um emprego pago a um euro por dia e dão graças aos turistas ocidentais, que é por causa deles que não estão nos arrozais.
E estes ocidentais adoram falar disso, das ucranianas educadas e submissas, enquanto lamentam a injustiça de terem que trabalhar tantas horas por semana. Do salário nem vale a pena falar.

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