Sentado ao balcão, de costas para a televisão, bebia cerveja e pensava na vida. Filha da mãe da vida, da minha e da de todos. E depois as horas passam e a gente vê-se por aí e sorri: “olá como está?”, e cumprimos horários e compramos gasolina e fumamos e telefonamos muito. E recebemos mensagens estúpidas e rimos porque apenas achamos piada. Nem sabemos porquê, achamos piada e pronto.
E a vida está fodida. Trocamos uma nota de vinte e, de repente, três ou quatro moedas apenas. Mais tabaco, outra cerveja e a televisão fala debates de políticos. E os locutores dizem: “Portugalce”. Estão a ficar parvos esses locutores de dicção “embrochada”.
Não percebo onde vai dar isto tudo. Em casa oiço as músicas da minha filha e descubro coisas giras.
E a vida está fodida e cada vez mais há banda larga nas casas dos portugueses. Eu quero fazer um download doutras coisas que já não tenho. Do meu pião de madeira, do arco e da gancheta, do jogo da cabra cega. Não há, pronto.
Até logo.
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