Que eu saiba, apenas Francisco José Viegas, no JN, e Prado Coelho, no Público, se manifestaram contra o atentado moral, comercial e talvez constitucional que a PT (Portugal Telecom) praticou contra os seus clientes ao banir o canal GNT da TV Cabo, trocando-o por esse escarro policromático da I.U.R.D., e que dá pelo nome de TV Record.
De resto, tudo na mesma. Por mim, digo-vos já que não me calarei. Lembro-me bem daquele tempo em que a I.U.R.D. tentou comprar o Coliseu dos Recreios e das manifestações, e do Abrunhosa acorrentado nos portões daquela prestigiada sala de espectáculos portuense. A vontade popular foi mais forte do que o poder do dinheiro. Hoje, o dinheiro venceu a inércia dos telespectadores, que preferem telenovelas e linhas telefónicas para depositarem as suas frustrações a pastores engravatados e penteados com gel barato, para quem todos são amigos e amigas, potenciais contribuintes para o negócio dos dízimos, das fortunas esgravatadas na miséria dos povos. Ninguém mais parece importar-se com semelhante atentado à dignidade colectiva. Preferem calar, botar assuntos triviais, colar imagens banais, poemas frugais e outras merdas tais. Ninguém se importa mais. Não há grades, nem correntes, nem câmaras de televisão. Há apenas um negócio que floresce à custa da insolvência intelectual de um povo. E isto revolta-me muito mais do que uma assembleia da república vazia. Porque há uma autoridade para a televisão. Porque há uma defesa do consumidor. Porque há massa cinzenta abundante...
Isso dizes tu, ó maior…
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