Batalha, duas da madrugada, estava eu a descer a nacional 1, mesmo antes do magnífico Mosteiro e eis que um gato se atravessa na frente do meu carro. Senti a pancada e, mais do que isso, senti logo de seguida que tinha acabado de passar o bicho a ferro.
Fiquei triste, era um gato. Eu acabara de atropelar mortalmente um felino. Eu que sou gato tantas vezes, e tantas vezes me sinto imortal como eles ao ponto de me colocar defronte aos perigos com desprezo felino, na certeza de que sobreviverei, matei um dos meus. Que noite!
No dia seguinte, mais ou menos duas da madrugada, ia eu a subir a estrada Porto de Mós – Fátima, uma estrada cheia de curvas, e de repente um ratinho atravessa a estrada e pára em frente ao farolim direito do meu carro, tudo muito rápido, dá uma volta de 180 graus ficando virado para mim. Senti novamente aquele saltinho, agora mais discreto, da roda direita a estropiar o pobre animal.
O pior é que eu olhei para o rato a correr em círculos e pensei no gato e não consegui evitar aquilo. Acho que eu podia ter feito uma manobra ou qualquer coisa. Mas não. Deixei seguir a roda para cima do pobre animal, quase de forma burocrática. Aquele rato antes de morrer tinha a alma do gato, de certeza. Só que aquela alma não queria andar por aqui e eu devo ter sido o seu libertador.
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