quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Um gajo lê alguns blogs e na maior parte das vezes pouco apanha. Mas nem sempre. Às vezes encontra coisas, lembretes que nos rasgam os invólucros da memória, das pequenas memórias. Foi isso que me aconteceu ao ler este post que faz uma referência a alguém que em dada altura da minha existência significou qualquer coisa para mim: Ross Pynn. Que gostoso é este lembrete que me leva directamente aos meus tempos de adolescente e a Ross Pynn! Lia-o com tesão, devo dizê-lo. E imaginava-me em Nova Yorque, de sobretudo coçado, e imaginava a Nova Yorque que ainda hoje amo. Sem os hambúrgueres e as pizzas. Coberta de jazz e de "heggs and sausage". Foi este o retrato que me passou este escritor de policiais, aqui e ali deliciosamente aromatizado com um certo erotismo de néons e veludos quentes. Gostava muito destes livros e sempre que podia apanhar um (nas outrora existentes e quase exclusivas bancas de livros da Rua Passos Manuel e da praça D. João IV, ali bem em cima da Tubitek) retirava-me a sonhar com as misteriosas tramas criadas por aquele escritor. Depois, bom, depois foi uma espécie de desilusão carinhosa. Em Pouco tempo acabei por descobrir que o Ross Pynn era afinal um português de nome Roussado Pinto e, pasme-se, era o director do Jornal do Incrível, talvez o primeiro tablóide em Portugal e que, de resto, eu detestava. Senti-me ludibriado e, juro, fiquei de rastos. Mas aqueles tempos foram outros tempos. Hoje posso dizer que a minha paixão precoce por músicos como Tom Waits, Coltrane e Miles Davis, terá sido fecundada a ler Ross Pynn. Lembretes destes caro FJV, são preciosidades que muito poucos podem hoje oferecer-nos.
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