quarta-feira, 4 de março de 2009

alegoria da

Isto é o nosso país! Para os intelectuais do circo isto não é anormal. Anormal é uma gaja ser fatal, ou seja, puta. Se uma puta, literalmente puta, assistir a um crime sentada à beira da estrada e sendo a única testemunha, isso é uma coisa anormal. Não merece crédito a puta. E que se lhe bata em cheio! Uma mulher tem de não ser puta para ser tratada não acima de qualquer suspeita mas apenas tratada condignamente. A uma mulher tudo se aceita, desde que ela seja a puta discreta e se cale. Se falar, se tentar ousar, vá-se lá saber porquê, e ainda que tenha sido ela testemunha de cenas e conversas que só a uma puta se deixa assistir, porque a sua baixa condição moral estará sempre acima das suas posições, deve então a sociedade puritana bani-la, apedreja-la e esquarteja-la na sua dignidade. Deve então a classe bem pensante tudo fazer para desacredita-la, não vá ela encorajar as outras putas a quem esses fariseus por certo revelaram segredos enquanto a carne delas estava quente e suculenta. Morte às putas. Às que falam, entenda-se. Já o macho, que case ou recase, que declame poesia e vá aparecendo amiúde no adro da igreja. Será abençoado e por certo ainda dará nome a ruas e calçadas.

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