terça-feira, 5 de abril de 2005

será sempre meu

"Talvez sexta-feira fique na Granja, a respirar o ar puro da verdade social que ali constantemente circula"
Eça de Queirós, Carta a Oliveira Martins, 1884

Parei junto à praia da Granja, desliguei a telefonia e fiquei ali a ouvir o mar. O mar das praias do Norte faz um barulho que se prolonga e a espuma das ondas, muito branca, transforma-o num gigante bolo de natas.
Fechei os olhos a ouvir o mar, que falava com os pássaros das árvores. Ao longe percebia um comboio apressado, que se intrometia na conversa.
Esta praia foi muito minha. Nela saboreei a água fria e bronzeei-me todos os verões. Namorei todas as miúdas e sonhei que era o menino do mar.
Tantas vezes me detive defronte dele e fingi que lhe dava ordens. E ele obedecia e brincávamos os dois, perdidos no tempo.
Hoje fui vê-lo e fechei os olhos. Ele não me ignorou, e pareceu mais agitado. Será sempre meu, este mar que aporta na Granja.



foto retirada daqui

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