sexta-feira, 12 de agosto de 2005

Há uma coisa que eu tenho de dizer. Morreu um taxista nos subúrbios de Lisboa. Assassinado. Quando um taxista é assassinado logo se movimenta a classe pela voz dos colegas e camaradas de profissão. Destilam as suas angústias e produzem uma ilusão de união que parece coisa real. Hoje, porém, o taxista assassinado tinha apenas oito dias de serviço. Era inexperiente e desconhecido . A malta taxista, confrontada com os mesmos microfones e câmaras de outrora, limitou-se a constatar que a vida deles é uma fatalidade, uma coisa de sorte. Não há defesa para os taxistas e tal. Tudo isto debitado ao ritmo de um copo de cerveja.
O homem era um taxista de oito dias. Não era um taxista da corporação, daqueles que jogam cartas nas posturas, daqueles que colaboram na chulice aos clientes, daqueles que andam de palito na boca, daqueles que usam pochetes no sovaco. Não. O homem era apenas um maçarico, por isso o sindicato que faça as despesas da ordem e que debite lá um tímido vamos unir a classe contra a nossa maldita puta de vida.
Puta de vida a do taxista de oito dias que se enganou. Puta de sociedade esta que me desencanta.

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