quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

no profundo

Ouvindo “vintage songs”, Neil Young, Crosby, New Order, Pixies, Led Zepplin, Miles Davis, Mark Lanegan, no meio desta chuvinha insípida, num feriado muito importante da nossa história, da nossa nação (bem sei que isto dos feriados é mais precioso ócio, mantinha estendida sobre as coxas e um ou outro cigarrito nas páginas de uma revista socialyte qualquer - bem sei), e eu com vontade de escrever qualquer coisa mais reivindicativa. Mas oiço agora o belíssimo “since i’ve been loving you” dos Led Zepplin e fico-me por aqui a voar num vintage destes, num zepelim gigante e de sonhos por entre as nuvens da terra e do mar. E vejo o sol, por de entre esta morrinha gelada. Tento chegar-lhe com a mão, ainda que me baste vê-lo para sentir o calor da esperança enquanto a voz, aquela voz aguda e melosa por entre uma guitarra que geme sons de marfim me agita a mente. Submeto-me a uma experiência de quente e frio, sol e chuva, ânsia e temor. Dúvida. Paixão. Querença. Bem querença. Esperança, nem sei. Vivo dias assim e procuro cola-los a um poste sem fios, sem abrigo, sem palavras de amor, sem desenhos de paixão. Um poste desalmadamente frio nesta tarde de Dezembro, de frio, de lástima, de angustia, de medo, de calma, de serenidade. A bateria bate certa e veloz e eu fico pulsando aquele som, vintage, eterno, e o mar ao longe e eu sentado na minha imbecil existência. Na cova da vida. No profundo plástico embalando este gesto.

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