quarta-feira, 29 de março de 2006

emigração, uma questão hipocritamente silenciada

Vem o ministro dos negócios estrangeiros sugerir que as famílias não devem encorajar os seus a emigrar. Porquê? Porque um país moderno e realmente capaz decidiu deitar os olhos na balbúrdia dos clandestinos, e cortou rente. Mandou que os pobres coitados regressassem ao país de origem. Mas os negócios continuam, os angariadores abundam e as misérias, senhor ministro, as misérias de cada um de nós não se alimentam com manuais de legislação e convenções inter-governamentais. As misérias dão nisto: na exploração vil de quem tem o sonho de uma vida melhor.

Um dia destes teremos uma crise com proporções muito maiores do que a crise canadiana. Em Espanha, milhares de portugueses trabalham em condições pouco melhores do que a clandestinidade. Mais tarde ou mais cedo os espanhóis vão perceber que alguém lhes está a comer o pão e vão acabar por se auto-encorajar a escorraçar os pobres vizinhos. Haja coragem para ver o que ninguém quer ver. Antes que seja tarde.

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