Caro besugo, infelizmente tu és frontalmente contra o sistema de comentários, o que me obriga a gastar um post deste meu excelentíssimo diário para te responder. Sabes, amigo lagarto, eu chamei “funcionária” a uma professora que se comportou como tal enquanto directora de turma, não enquanto professora. Também tenho familiares professores e mais, a minha mulher é Licenciada em Ciências da Educação. E deves saber que uma mulher fala com o marido sobre essas coisas do ensino e das reformas e um marido, como deves saber, gosta de ouvir a sua mulher para além dos apreciados carinhos e das solicitações para retirar o carro da garagem. Adiante. No teu caso, como médico, jamais te chamaria funcionário. Mas se estivesses a exercer qualquer cargo administrativo, executivo ou não, serias sempre um “funcionário” no tempo em que te dedicarias aos expedientes do ministério da saúde, etc e tal. Portanto, não considero, nem de longe nem de perto, que tenha sido menos cortês para com a classe dos professores, embora esteja convencido de que muitos professores deveriam fazer testes psicotécnicos antes de se lhes ser entregue a responsabilidade de exercer a prática do ensino. No mais, caro besug,o estamos conversados. Tens carradas de razão, sim senhor. Não quis ser mau para a classe, com certeza que não. Pretendi apenas denunciar este estado de coisas que grassa nas escolas do ensino básico e que tenho vivido de muito perto e devido a um vasto conjunto de factores: o meu filho é delegado de turma, logo tem assento nos surrealistas processos disciplinares. A minha mulher é a representante dos pais para este tipo de casos, logo tem assento nos caprichosos processos disciplinares. Parando aqui, dou-te já um exemplo que me ocorre assim de repente que eu sou um gajo de repentes, como sabes. Num processo disciplinar a um miúdo da turma do meu filho, a “funcionária” do conselho executivo (que é professora mas que não dá aulas porque está ali naquele gabinete a mandar que se façam mil mais um relatório sobre a forma mais ao menos supinada com que determinado aluno estaladou determinado colega) perguntou ao meu filho qual o castigo que se deveria dar ao colega. Queria que o miúdo falasse, para que ficasse escrito, entendes? A um miúdo de 11 anos pode pedir-se tudo, mas não lhe peçam para ser juiz, não obstante a sua capacidade de ser honesto e ponderado. Valeu ao pequeno que a representante dos pais ali presente intercedesse junto da mesa para que se evitasse semelhante parvoeira.
Não sei, besugo, se fui capaz de ser ilustrativo com o que aqui te conto. Sei que não falo de cor, e acho que não é apenas e só por ser o meu filho. Também é, claro. Mas podia ser o teu ou o da vizinha. Eu tenho estado por dentro e só me dá vontade de rir quando olho para o que leio e oiço e confronto tudo isso com a realidade dos factos que tenho vivido. Acontece também que estou a ponderar seriamente em matricular o meu filho no Colégio dos Carvalhos, embora isso me custe os olhos da cara porque sei que, ali, a padralada ainda funciona, ainda tem algum bom senso e isso deixa-me descansado. E também o que valem uns olhos da cara para o bem dum filho nosso?
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