Neste momento, e como eleitor CDU, já me é possível fazer a minha interpretação/reflexão sobre os resultados das eleições legislativas de ontem. Naturalmente, e sempre sob uma perspectiva de esquerda, a mim interessa-me realçar o posicionamento da CDU face à nova conjuntura política. De facto, a CDU não ganhou o que esperava ganhar mas também não se pode considerar que estagnou. Ganhou mais votos, e com realce para a conquista de mais votos nas franjas eleitorais mais novas!, e ganhou posicionamento de poder face à impossibilidade do Bloco de Esquerda vir a constituir maioria com o PS. Ou seja, se o PS quiser governar "à esquerda" (a presença dos pesos pesados na campanha assim o indicava) terá sempre que se haver com a CDU, facto que para mim constitui a principal derrota do Bloco. E tal cenário configura um sentimento de dever cumprido para os que votaram na CDU. Não seremos governo, obviamente, mas teremos a nossa voz. Não contivemos o BE mas estancámos a possibilidade de sangria de votos em favor deles. Tem, por isso, a CDU uma nova responsabilidade: não decepcionar pela via da gula do poder quem neles votou. Continuar a exigir uma ruptura de mudança e não desprezar o que conquistou, embora toda a imprensa e sucedâneos continue a ostracizar a verdadeira esquerda portuguesa que somos nós.
Quanto ao crescimento do CDS isso deve-se a duas coisas: populismo do seu líder e desnorte dos tradicionais eleitores PSD, principalmente os eleitores das camadas sociais menos altas que não conseguiram ser coerentes na tentativa de derrubar Sócrates. Falharam essencialmente porque grande parte deles vivem do estado e entendem que face ao discurso de Manuela Ferreira Leite, teriam sempre mais conforto em Portas. O CDS conquistou o seu espaço e merece ser respeitado e tratado como um partido de ruptura. Cabe pois aos seus líderes decidirem se devem ou não respeitar a vontade da maioria do seu eleitorado, os que sempre estiveram com eles.
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