Ontem tivemos o nosso Abril do futebol. Foi interessante apreciar os rostos resignados das pessoas “ se ele estiver envolvido, para mim é muito simples: choldra com ele”. Ou seja, toda a gente sabe que se manipulam resultados, todos admitem que se rouba escandalosamente e todos estão, por isso mesmo, dispostos a atirar a primeira pedra, nem que seja contra os que idolatram.
E este Abril mostra muita subtileza nos comentários. Ontem, por exemplo, o Rui Santos punha o dedo na ferida, na Sic Noticias, apontando a classe dos jornalistas desportivos como grandes responsáveis, também, pela batota reinante no nosso futebol. Dizia o homem que sabia das dificuldades que os jornalistas desportivos enfrentam quando determinado artigo vai contra determinado clube, determinado sistema (porque não há só um “sistema”), e da subserviência da classe para com os senhores do futebol. Ora é neste preciso ponto que eu me interrogo: tendo sido o Francisco José Viegas director de um desses diários desportivos (adivinhe qual e ganha um doce), certamente que ele sabe muito mais do que o simples facto, mais uma vez conveniente, de que o jornal vende mais se falar do Benfica campeão. Ainda me lembro de alguém do jornal “O Jogo” me ter dito, lamentando-se, que são constantemente obrigados a mudar a 1ª página do jornal, fruto de uma breve visualização pelo director e consequente alteração para um formato mais azul, mais bombasticamente azul – portanto não precisei ser director de um jornal para saber trivialidades como essa coisa do mercado alvo de determinado jornal. Precisava era de saber as outras coisas que só um director sabe. É evidente que vou ficar a saber o mesmo. Porque falta coragem, abundam interesses e nem todos têm os problemas do Rui Santos, despedido do seu “jornal-paixão”, por motivos conhecidos, e onde escrevia como poucos e, portanto, sentindo-se magoado e triste porque o sistema o condenou, vai atirando umas postas menos politicamente correctas.
O Scolari diz que não sabe de nada e isto é um problema nosso, não dele. O problema é que ele não se mete nos nossos problemas e nós persistimos em metermo-nos nos problemas dele. Ai baía...dos desejos.
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