No próximo domingo faz 162 anos que nasceu Antero de Quental, um “bipolar”, um homem verdadeiramente grande. Todos conhecem o nome, poucos conhecem a obra e o homem. Deixo aqui uma breve apresentação que encontrei na Infopédia da Porto Editora:
Nome: Antero Tarquínio de Quental
Nascimento: 18-4-1842, Ponta Delgada
Morte: 11-9-1891, Ponta Delgada
Antero de Quental é entre nós o grande criador de uma poesia filosófica romântica, influenciada pelos modelos alemães. Nasce em Ponta Delgada, no seio de uma família nobre e com tradições literárias da ilha de S. Miguel. Em 1852, vai para Lisboa estudar no Colégio do Pórtico, fundado por António Feliciano de Castilho, com quem já aprendera francês e latim em Ponta Delgada, entre 1847 e 1850. Um ano depois regressa a S. Miguel, de onde partirá em 1855 para Coimbra, a fim de fazer os estudos preparatórios para o ingresso na Universidade. Aos dezasseis anos, inicia o curso de Direito. Durante a sua permanência em Coimbra, assume-se como uma figura influente no meio estudantil coimbrão, tomando parte em várias manifestações académicas. É por esta altura que contacta com os novos autores e correntes europeias - o socialismo utópico de Proudhon, o positivismo de Comte, o hegelianismo, o darwinismo, as doutrinas de Taine, Michelet, Renan, o romantismo social de Hugo - e, segundo confessará mais tarde, perde a fé. Em 1861, publica em edição limitada os Sonetos de Antero , obra dedicada ao poeta João de Deus, e, dois anos depois, os poemas Beatrice e Fiat Lux . Em 1865, publica as Odes Modernas , poesias de romantismo social, acompanhadas de uma "Nota sobre a Missão Revolucionária da Poesia". Em resposta à reacção crítica de Castilho na carta-posfácio ao Poema da Mocidade , de Pinheiro Chagas, publica os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais , que desencadearam a Questão Coimbrã. Ainda no contexto da Questão Coimbrã, bate-se em duelo com Ramalho Ortigão, de quem viria a tornar-se amigo. Decide aprender o ofício de tipógrafo, primeiro em Lisboa e depois em Paris, onde conhece Michelet e lhe oferece um exemplar das Odes Modernas . Regressado a Lisboa em 1868, e depois de uma curta viagem à América do Norte, reúne-se com os seus antigos condiscípulos de Coimbra no "Cenáculo", grupo onde se discutem as doutrinas recentes e se descobrem os novos poetas (Baudelaire, Gautier, Nerval, Leconte de Lisle e o redescoberto Heine); fruto destes encontros, criação colectiva da Geração de 70, nasce o poeta satânico e dândi Carlos Fradique Mendes. Em 1871, organiza as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, proferindo as duas primeiras, O Espírito das Conferências e Causas da Decadência dos Povos Peninsulares . No rescaldo da interrupção e da proibição das Conferências, consideradas subversivas pelo Governo, Antero vive a sua fase política mais intensa, fundando, com José Fontana, a I Internacional Operária em Portugal e também o jornal O Pensamento Social . Por esta altura, publica as Primaveras Românticas e as Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa . A partir de 1873, manifestam-se-lhe os primeiros sintomas de uma grave doença nervosa, que as mortes próximas da mãe e do pai acentuam, que o leva a consultar em Paris o famoso neurologista Charcot e a submeter-se, entre 1877 e 1878, a tratamentos de hidroterapia. Em 1875, publica uma segunda edição das Odes Modernas , atenuando-lhes o cunho revolucionário. Em 1880, adopta duas órfãs, filhas do amigo e antigo colega de Coimbra Germano Meireles. Nessa altura, devido à doença, isola-se em Vila do Conde, continuando a escrever sonetos e ensaios filosóficos. Em 1886, publica os Sonetos Completos e o ensaio A Filosofia da Natureza dos Naturalistas . Em 1887, redige a célebre carta autobiográfica a Wilhelm Storck, seu tradutor alemão. Em 1890, publica o estudo filosófico Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX . No mesmo ano, em virtude do Ultimato inglês, regressa temporariamente à actividade pública, aceitando a presidência da efémera "Liga Patriótica do Norte". Em 1891, suicida-se em Ponta Delgada.
Bibliografia: Da imensa bibliografia de Antero de Quental salientam-se Sonetos de Antero, 1861 (poesias); Beatrice, 1863 (poema); Fiat Lux, 1863 (poema); Odes Modernas, 1865 (poesias); Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculo); A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865 (opúsculo); Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1871 (ensaio); Primaveras Românticas, 1872 (poesias); Odes Modernas, 2.ª edição, 1875 (poesias); Tesouro Poético da Infância, 1883 (colectânea de poesias); A Filosofia da Natureza dos Naturalistas, 1886 (ensaio); Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX, 1890 (ensaio); Raios de Extinta Luz, 1892 (poesias, edição póstuma
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