domingo, 27 de novembro de 2005

um post meio mal parido dentro duma manta de retalhos a olhar a miséria de Portugal que somos

Ontem à noite estava muito frio e eu fiquei em casa. Deixei-me estar no sofá a ver dois programas na televisão, ambos na Sic Radical. O SOUTH PARK e o “Homem Elefante” de David Lynch.
Depois ainda tive tempo de ver uma peça jornalística sobre o Aeroporto da Ota (não me lembro em que canal) onde falaram antigos directores de aeroportos – Macau e Lisboa, salvo erro. À medida que ia ouvindo aqueles depoimentos e à medida que via passar um sem número de argumentos contra o projecto, debitados de forma quase equidistante, transparentemente sincera, pensei cá para mim que mais uma vez o país se prepara para resvalar na injustiça cruel de uma decisão que só pode agradar a uns quantos.
Fiquei triste porque o que ali vi não me deixou a mínima dúvida de que alguém anda a comandar a tropa do governo. E eu não digo isto apegado ao bairrismo que obnubila muitos nortenhos. Eu fui a favor da Expo-98 e achei bem que Portugal tivesse construído um sítio na capital que preenchesse a nossa cultura e a nossa dignidade contemporânea (o CCB). Lembro-me muito bem dos acesos debates entre amigos e familiares em que eu era a única voz a favor de tais empreendimentos.
Neste caso tenho de afirmar que sou contra, não por regionalismos, que os há também, mas porque vejo claramente que aquilo não bate certo. E começo a ficar um pouco cansado de acreditar. Começo a ficar um pouco desiludido com as maiorias absolutas e os novos governos. Principalmente quando vejo o primeiro-ministro vir aqui ao Norte inaugurar um lanço de auto-estrada e dizer que está a fazer uma grande revolução no Norte do País e depois verifico que os investimentos vitais para esta região estão a ser castrados em favor, não de Lisboa, como se diz por aqui, mas da finança que por acaso está sedeada na capital. Vejo um país pobre e podre. Vejo um país a transformar-se num feudo só. Vejo uma miséria espiritual imensa sem igual, sem imprensa capaz, sem uma sociedade civil vigorosamente contra tais determinismos, sem oposição, sem interesse. Um despojo.

PS: O Norte Litoral da península, do Douro à Corunha, teve uma derrota na Unesco, como sabem. Esta gente perdeu porque Astúrias protestou muito. Mas esta gente lutou por uma causa, enquanto o nosso governo insiste em ignorar a Galiza, desiste de se ligar à Galiza. O Norte de Portugal e a Galiza estão cada vez mais condenados a estarem unidos. O eixo Madrid-Lisboa continua a ditar as suas leis. Até quando?

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