sábado, 3 de janeiro de 2004

Acordar tarde

Hoje acordei tarde. Já ando assim há uns bons dias seguidos. De maneiras que ainda não li os habituais jornais. A minha rotina anda mais próxima da dos antigos aldeões: por de entre uns copos de cerveja falamos de tudo um pouco e, enrolando mais um cigarro, o tempo passa devagar, como convém. Depois já é tarde, noite dentro e a vontade de dormir resvala para um enorme desejo de ver o tempo parar. Parar mesmo. Mas essa coisa efémera nunca pára, e depois acorda-se com aquele ar remelado, meio morto, e sempre cheio de pressas para recolocar o tempo no sitio certo (como se isso fosse possível). De modos que, às duas por três, já é noite outra vez e a conversa retoma o seu império e o semblante volta à juventude perdida, cheio de convicções e esperanças próprias de quem tem uns bons trinta e tais anos nas costas e já vai mirando, de soslaio, a tal crise dos quarenta. E assim se passa este saborosíssimo inicio de ano, este Janeiro ainda imberbe nos dias, mas grande na forma de nos trazer a noite e os mais belos segredos muitas vezes escondidos na nossa própria alma.



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