Meus amigos, vocês vão desculpar mas eu hoje estou food-i-do. O Bloguitica anda contente porque um blog foi citado num jornal de referencia. Olha que coisa. Foi um director de jornal que se manifestou, no tal jornal, por via de um “tipo de referencia” ter contestado no seu blog um ou outro artigo do tal director. Mérito? Sinceramente não me parece. E aproveito isto para afirmar que o mérito da blogosfera não está na sua extensão do jornalismo. Se há mérito aqui – e acredito que sim - é na capacidade de muita gente se dedicar à partilha de sentimentos, emoções, etc, incluindo os jornalistas. Devo dizer que só reconheço mérito a uma citação de um blog na imprensa se for devido ao substrato desse blog e não devido ao status do seu autor ou à personalização das questiúnculas entre jornalistas. Já me chegam as guerras entre o Manuel Alegre e o João Pereira Coutinho no Expresso.
E estou igualmente food-i-do por causa da paranóia colectiva que se está a instalar na blogosfera ( e aqui estou de acordo com o Aviz – anda tudo a ficar surdo, mudo e cego ). Deixem-se de merdas absolutamente inúteis. Deixemos de perder tempo com essas conversas de caserna, de gente disciplinada. A disciplina é uma coisa terrível. Um soldado, por via da disciplina, é capaz de matar a própria mãe.
E finalmente também estou food-i-do porque queria ir ver o filme do Mel e dei-me conta de que ainda não se estreou entre nós. Ou seja, primeiro quero ver o filme e depois é que poderei Ter uma opinião acerca do mesmo. Para bom entendedor, seria útil que vissem o filme primeiro e depois sim, falem praí catano.
domingo, 29 de fevereiro de 2004
sábado, 28 de fevereiro de 2004
Hoje não abri um único blog. Passei a tarde a jogar poker com amigos e a beber cerveja. Na noite passada deitara-me tarde e algo aborrecido. Tínhamos ido experimentar o Mondeo novinho em folha que o Hernani acabara de comprar e demos voltas e mais voltas, de Espinho até Vila do Conde, sempre em busca de um bar ou coisa assim, e mesmo no cair do pano da noite aconteceu o pior: deixei cair um tição de tabaco na alcatifa “camel” do carro novo, com quarenta quilómetros nas rodas. Sortes. De maneiras que ficarei ligado à história daquele carro, e logo através de algo que, de tão fortuito, pode acontecer a qualquer um. Antes tivesse o dono do carro proibido o maldito cigarro.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004
Rivoli, anos 80
Ao sabor do café li hoje no DN uma entrevista feita ao lider dos Felt por Nuno Galopim. Deliciei-me. Adorava aqueles gaijos e era quase o único, no meu grupo de amigos, a curtir aquele som underground como o caraças. De maneiras que deixo aqui a "bootleg" do concerto que deram no Teatro Rivoli, no Porto, um ano antes de terem terminado a banda. Uma sugestão: comprem pelo menos um dos discos que a etiqueta vai reeditar em breve.
Teatro Rivoli, Porto, Portugal - 1 April 1988 (56:48) The old man down the road (John Fogerty's cover)
Walking under a spell (Weather prophets cover, from the lp "Mayflower")
Grey streets
I'll die with my head in flames
Stained-glass windows in the sky
She lives by the castle
Ape hangers
Tuesday's secret
How spook got her man
Don't die on my doorstep
Primitive painters
Outdoor Miner (Wire's cover)
Bitter end
The final resting of the ark
Sapphire mansions
The old man down the road (John Fogerty's cover) (reprise)
Primitive painters (reprise)
Note: Pop dell'arte was the support band.
Teatro Rivoli, Porto, Portugal - 1 April 1988 (56:48) The old man down the road (John Fogerty's cover)
Walking under a spell (Weather prophets cover, from the lp "Mayflower")
Grey streets
I'll die with my head in flames
Stained-glass windows in the sky
She lives by the castle
Ape hangers
Tuesday's secret
How spook got her man
Don't die on my doorstep
Primitive painters
Outdoor Miner (Wire's cover)
Bitter end
The final resting of the ark
Sapphire mansions
The old man down the road (John Fogerty's cover) (reprise)
Primitive painters (reprise)
Note: Pop dell'arte was the support band.
Doraci Edinger. Não, não é nenhum nome famoso das artes e cultura brasileira. Nunca nos entrou em casa com o “glamour” das estrelas de televisão nem com o charme das morenas com vestidos escarlate. Ela era uma obreira. Andava em Africa entregue à sua obra. Cometeu o pecado terreno de denunciar o maior genocídio da humanidade, incomparavelmente mais cínico que qualquer guerra e hipocritamente ignorado por todos aqueles que se preocupam com Cuba, o Irão e as armas de destruição maciça. O mercado existe e são os ricos que se abastecem. São porventura aqueles que se impressionam com o aborto, com o consumo de erva, com a homossexualidade, os mesmos que pagam com dinheiro vivo, já que aquele supermercado não aceita cartões de crédito. Doraci Edinger merece ser respeitada, o seu cometimento carece de firme acção. Ela nunca foi uma “lady di” cheia de câmaras à sua volta. Ela esteve no mato, viveu no mato mas foi o betão que a matou. Ela lutou na selva mas foi a civilização que a aniquilou.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004
Caro Gandra, ao visitar o teu memorial do camião dei com este blog que tu recomendas. Gostei muito, prova de que uns partilham e outros são partilhados. Um pedido ao "Portugal e Espanha": matéria sobre Miguel de Unamuno. A blogosfera agradece.
Como "mourito do norte" que sou, não podia deixar de me referir à noite europeia que o meu Benfica vai viver logo mais. Tendo apreciado ontem, com gosto, um banho de bola dado aos ingleses por aquela máquina de jogar futebol - Futebol Clube do Porto - só desejo que o meu clube saiba honrar a sua história, tambe´m ela rica em gloriosas noites europeias. Oxalá assim seja.
Agradecer a Malícia de Mulher pela simpatia para com o meu blog. Um reparo (se o achar ácido só pode ser por via do azeite importado): o meu nome é “Altino”, raro nome bem sabe. A colega de blogosfera já disse um dia que se sente bem na condição de anonimato. Eu, atirando a minha identidade para o meio destas pobres letras, tenho como objectivo primeiro nunca ser confundido com um Alcino qualquer.
Adenda: não me senti nada lesado cara Malícia. Não tem, por isso, desculpas a pedir e obrigado pela consideração.
Adenda: não me senti nada lesado cara Malícia. Não tem, por isso, desculpas a pedir e obrigado pela consideração.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004
O Terras do Nunca refere num post a presença de espanhóis no nosso país. Porque há pontes ou porque há dinheiro, o certo é que eles andam por aí. O que me custa não é ver isto cheio de turistas. Lamento é ter visto a serra de Montemuro e redondezas cheias daquelas ventoinhas gigantes (não vem ao caso discutir o impacto paisagístico) e encontrar os restaurantes das aldeias frequentados por jovens técnicos especializados, com bons "jipes" e confortáveis "polartecs" a discutir, alegremente, as façanhas do Real Madrid e do Barcelona. Pergunto: com tanta gente formada nas nossas universidades - doutores, senhores - como é possível termos que recorrer à vizinha Espanha para nos fornecer mão de obra especializada?
Fui ver a neve, “essa coisa branca” (a frase é do meu Alexandre, que transcrevo de uma “redacção” que ele fez o ano passado). Não segui, porém, os novos hábitos da pequena burguesia, não fui para a Serra da Estrela e, por conseguinte, não fiquei preso na estrada. A neve alva e surpreendentemente abundante que vi cair na Gralheira, aldeia mais alta da serra de Montemuro, foi um acontecimento para o meu filho. Viu a neve, nela brincou e eu fiquei ali a ver aquele mito a desmoronar-se no olhar de uma criança de 8 anos.
Eu já aqui escrevi um texto sobre aquela aldeia beirã que visitei em pleno Verão, cheio de todas as cores e alegrias, próprias da riqueza humana das aldeias portuguesas. Menos gente hoje do que outrora – não há imigrantes no Inverno – e sob muito frio, não foi só a neve a brilhar. Mais uma vez privei com o calor dos autóctones, dos que não viram as costas aquele bocado de terra agreste. Vi o gado sair das lojas apenas para beber a água que corre no ribeiro. E senti o calor humano, intenso, de pessoas que para muitos só cabem nos livros que ainda andam por aí, desde Torga a Trindade Coelho, Aquilino e Eça de Queirós. Na terra que foi berço de Geraldo comi comida sem igual e trouxe comigo mais histórias para contar, para me contar a mim próprio, desde as alheiras sabiamente preparadas pela dona Elisa, às quais me atirei logo pelas onze da manha, bem antes do cozido que me aguardava no Recanto dos Carvalhos, passando por uma não notícia que foi a caçada ao javali que chagou a estar a três metros do Alfredo mas cuja perícia do animal evitou aquilo que seria um autentico “hapening” na aldeia. O javali por lá continua a engordar à custa das leiras mas tem os dias contados, o pobre.
De maneiras que vivi uma boa jornada carnavalesca, sem o pindérico habitual do lixo televisivo a glosar-nos com as mais reles variações de um Carnaval “ made in” Brasil. Um reparo: estive muito perto de Lazarim e bem pena tive de não ter ido ver o cortejo dos caretos – isso sim o verdadeiro Entrudo. Fica para uma próxima oportunidade. O javali já não terá boa cara quando eu lá voltar.
Eu já aqui escrevi um texto sobre aquela aldeia beirã que visitei em pleno Verão, cheio de todas as cores e alegrias, próprias da riqueza humana das aldeias portuguesas. Menos gente hoje do que outrora – não há imigrantes no Inverno – e sob muito frio, não foi só a neve a brilhar. Mais uma vez privei com o calor dos autóctones, dos que não viram as costas aquele bocado de terra agreste. Vi o gado sair das lojas apenas para beber a água que corre no ribeiro. E senti o calor humano, intenso, de pessoas que para muitos só cabem nos livros que ainda andam por aí, desde Torga a Trindade Coelho, Aquilino e Eça de Queirós. Na terra que foi berço de Geraldo comi comida sem igual e trouxe comigo mais histórias para contar, para me contar a mim próprio, desde as alheiras sabiamente preparadas pela dona Elisa, às quais me atirei logo pelas onze da manha, bem antes do cozido que me aguardava no Recanto dos Carvalhos, passando por uma não notícia que foi a caçada ao javali que chagou a estar a três metros do Alfredo mas cuja perícia do animal evitou aquilo que seria um autentico “hapening” na aldeia. O javali por lá continua a engordar à custa das leiras mas tem os dias contados, o pobre.
De maneiras que vivi uma boa jornada carnavalesca, sem o pindérico habitual do lixo televisivo a glosar-nos com as mais reles variações de um Carnaval “ made in” Brasil. Um reparo: estive muito perto de Lazarim e bem pena tive de não ter ido ver o cortejo dos caretos – isso sim o verdadeiro Entrudo. Fica para uma próxima oportunidade. O javali já não terá boa cara quando eu lá voltar.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004
O tema é: fiz uma lista de ACTUALIZAÇÕES
. Quem quiser pode usar até gastar. Se o teu blog não consta manda um e-mail que eu coloco. A bem da blognação. Bom domingo gordo.
. Quem quiser pode usar até gastar. Se o teu blog não consta manda um e-mail que eu coloco. A bem da blognação. Bom domingo gordo.
No dia 20 de Fevereiro de 1966, um domingo dominado por fátima, futebol e fado, um canal de televisão pública e meia dúzia de “pides” a rondar as tascas e o adro da igreja – local de falatório antes da pinga “abrideira” –, enfrentava eu o maior desafio da minha vida: nascer. Consta que o fiz com particular brilhantismo, em casa de minha mãe onde uma bacia de água quente me aguardava. Era o meu primeiro banho, de que não me lembro. Era o meu primeiro dia destes trinta e oito anos de uma vida cheia de tantas coisas para contar. Hoje olhei os meus filhos nas primeiras horas da manha e senti ter valido a pena aquele esforço tão grande para sair de dentro das entranhas de minha mãe.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004
Estive a ler os comentários deste magnifico "post" que me ajudaram a consolidar a minha visão da blogosfera portuguesa.
Começo por esclarecer que não sou profissional da função pública, não sou jornalista nem tão pouco tenho curso superior. Imperativos de vária ordem impediram-me de acabar o ensino secundário, deixando para trás qualquer objectivo académico. Isso não me impediu nunca de cultivar as minhas ilusões culturais, lendo, indo ao teatro, falando muito e ouvindo ainda mais. A actividade política nunca me seduziu, até porque sempre que me punha a imaginar num organização politica logo antevia precoce expulsão da mesma.
De modos que sou um cidadão capaz de se entusiasmar com aquilo que o rodeia, sem medo de enfrentar novos desafios e, em chegando à blogosfera, logo me encavalitei no cimo da minha cadeira e tratei de me meter com os ditos autores de referência. Vejo neles aquilo que sempre vi: tipos inteligentes mas também muito elitistas e injustos para gente como eu. Tipos quase sempre de costas viradas para quem os lê porque não estão habituados a lidar com a dinâmica destas plataformas de comunicação. Os da classe política manifestam boa ginástica na gestão do conflito gerado nos seus leitores. Os escritores e pensadores experimentam aqui o feedback dos seus leitores, raramente verificado na esfera dos livros que escrevem, refugiando-se na natural, austera e quase sempre evasiva forma de comentar, seja nos blogs seja por e-mail.
Chegados aqui, e pegando nos comentários que li no já referido post do Barnabé, concluo que a blogosfera está muito para além do debate politico. Ele existe e é bom que assim seja. E existe graças a meia dúzia de pessoas que trouxeram a sua generosidade intelectual de forma gratuita, propondo e debatendo ideias, nem sempre politicamente correctos mas quase sempre eivados de riqueza e capazes de nos fazer pensar na coisa politica com cabeça tronco e membros. Reconheço que o sucesso da blogosfera muito deve ao confronto político. Desgosta-me a arrogância daqueles que se supunham orgulhosamente sós, inatingíveis e terrivelmente seguros das suas verdades.
Creio pois que na blogosfera há espaço bastante para a cultura, para as artes e para os cavaleiros solitários – os que parecendo não ter nada, têm pelo menos uma coisa: a sua riqueza interior, património precioso que propõem partilhar com quem os lê. Em conclusão, a blogosfera não pode ser vista como tendo apenas dois pólos: o do debate politico e o do debate filosófico. Ela é as duas coisas no seu todo.
Começo por esclarecer que não sou profissional da função pública, não sou jornalista nem tão pouco tenho curso superior. Imperativos de vária ordem impediram-me de acabar o ensino secundário, deixando para trás qualquer objectivo académico. Isso não me impediu nunca de cultivar as minhas ilusões culturais, lendo, indo ao teatro, falando muito e ouvindo ainda mais. A actividade política nunca me seduziu, até porque sempre que me punha a imaginar num organização politica logo antevia precoce expulsão da mesma.
De modos que sou um cidadão capaz de se entusiasmar com aquilo que o rodeia, sem medo de enfrentar novos desafios e, em chegando à blogosfera, logo me encavalitei no cimo da minha cadeira e tratei de me meter com os ditos autores de referência. Vejo neles aquilo que sempre vi: tipos inteligentes mas também muito elitistas e injustos para gente como eu. Tipos quase sempre de costas viradas para quem os lê porque não estão habituados a lidar com a dinâmica destas plataformas de comunicação. Os da classe política manifestam boa ginástica na gestão do conflito gerado nos seus leitores. Os escritores e pensadores experimentam aqui o feedback dos seus leitores, raramente verificado na esfera dos livros que escrevem, refugiando-se na natural, austera e quase sempre evasiva forma de comentar, seja nos blogs seja por e-mail.
Chegados aqui, e pegando nos comentários que li no já referido post do Barnabé, concluo que a blogosfera está muito para além do debate politico. Ele existe e é bom que assim seja. E existe graças a meia dúzia de pessoas que trouxeram a sua generosidade intelectual de forma gratuita, propondo e debatendo ideias, nem sempre politicamente correctos mas quase sempre eivados de riqueza e capazes de nos fazer pensar na coisa politica com cabeça tronco e membros. Reconheço que o sucesso da blogosfera muito deve ao confronto político. Desgosta-me a arrogância daqueles que se supunham orgulhosamente sós, inatingíveis e terrivelmente seguros das suas verdades.
Creio pois que na blogosfera há espaço bastante para a cultura, para as artes e para os cavaleiros solitários – os que parecendo não ter nada, têm pelo menos uma coisa: a sua riqueza interior, património precioso que propõem partilhar com quem os lê. Em conclusão, a blogosfera não pode ser vista como tendo apenas dois pólos: o do debate politico e o do debate filosófico. Ela é as duas coisas no seu todo.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004
Andam para aí alguns casmurros a fazer “bloganálise”. Temos pois algumas considerações, que de tão hilariantes, levam-me a escrever sobre o tema. Se bem entendi isto dantes é que era bom. Havia um grupo de tipos literatos que encontraram uma plataforma para, continuando a olhar os próprios umbigos, esgrimir ideias entre si, sem qualquer tipo de intromissão. Uns chatearam-se e foram à vida deles. Outros, caídos na depressão da fama, sentem-se verdadeiros timoneiros, capazes de indicar o rumo aos caminhantes – e digo mais: sentem-se obrigados a. Os caminhantes, por sua vez ou são de esquerda ou de direita e, por conseguinte, atiram-se às coordenadas como camelos no deserto, em busca da água regeneradora.
Tenho para mim que se está a assistir, na blogosfera, a um baldeamento de antigos utilizadores de salas de chat que se fartaram, deixando aquilo para os mais novos, e resolveram fazer um blog onde podem alimentar as suas necessidades egocêntricas de forma, louve-se, bem mais civilizada e evoluída. Mas o perverso da coisa está lá. Os “operadores de canais” das salas de chat deram lugar aos blogs de referência. Os que querem um linkezito dão uma engraxadela aos blogueiros-timoneiros e ganham em troca um acentuado aumento de visitas no respectivo blog. E ainda: já foram organizados jantares de blogs e outros se agendam neste momento em que escrevo. Um dia destes temos casamentos na blogosfera, e divórcios e ácido sulfúrico derramado na mulher infiel e uma reportagem na Sic dizendo que a blogosfera mata o casamento. Ou seja, temos o mesmo filme, apenas rodado em estúdio diferente. Não sei até quando isto vai transbordar de dentro das pessoas. Sei que ao reflectir nestas coisas, encontro motivos de preocupação sem querer ser alarmista. Lá bem no fundo todos sabemos que os homens, enquanto em comunidade, estabelecem sempre as suas hierarquias. Neste caso, corremos o risco de ter uma comunidade bloguigárquica – deixem-me rir, já estou a ver o “bloguigarca Pacheco” no alto da sua esteira a mandar chicotear os meninos mal comportados, os que fumam erva, vão ao futebol e bebem cerveja pelo gargalo.
Tenho para mim que se está a assistir, na blogosfera, a um baldeamento de antigos utilizadores de salas de chat que se fartaram, deixando aquilo para os mais novos, e resolveram fazer um blog onde podem alimentar as suas necessidades egocêntricas de forma, louve-se, bem mais civilizada e evoluída. Mas o perverso da coisa está lá. Os “operadores de canais” das salas de chat deram lugar aos blogs de referência. Os que querem um linkezito dão uma engraxadela aos blogueiros-timoneiros e ganham em troca um acentuado aumento de visitas no respectivo blog. E ainda: já foram organizados jantares de blogs e outros se agendam neste momento em que escrevo. Um dia destes temos casamentos na blogosfera, e divórcios e ácido sulfúrico derramado na mulher infiel e uma reportagem na Sic dizendo que a blogosfera mata o casamento. Ou seja, temos o mesmo filme, apenas rodado em estúdio diferente. Não sei até quando isto vai transbordar de dentro das pessoas. Sei que ao reflectir nestas coisas, encontro motivos de preocupação sem querer ser alarmista. Lá bem no fundo todos sabemos que os homens, enquanto em comunidade, estabelecem sempre as suas hierarquias. Neste caso, corremos o risco de ter uma comunidade bloguigárquica – deixem-me rir, já estou a ver o “bloguigarca Pacheco” no alto da sua esteira a mandar chicotear os meninos mal comportados, os que fumam erva, vão ao futebol e bebem cerveja pelo gargalo.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2004
O malícia de mulher anda catita (o blog entenda-se). Leio que posso saber o meu “porn name” – e para que raio quer uma pessoa ter um porn name? Depois também convida a ver propaganda chinesa dos anos quarenta. A melhor propaganda chinesa que eu conheço é o Estádio do Dragão (pronto, lá vou eu ter visitas vindas do Google com as palavras chave “Estádio do Dragão”).
Quem tem um blog no sapo que se ponha a pau. Encerraram o Blog Erótico, com muita pena minha já que era um sítio onde o erotismo estava representado com dignidade.
Ando a ler coisas do Luis Carmelo e confesso que me identifico com muito daquilo que ele escreve. Há, na verdade, muitos blogs que não passam de meros apontadores, indicando caminhos para tudo o que apareça na web. Confesso que por vezes caio nessa tentação mas tenho para mim que o melhor dos blogs é o que se apanha do lado de dentro das pessoas. Nesse sentido o “food-i-do” será cada vez mais um sítio tendencialmente pessoal, o que significa que estarei mais vulnerável e exposto. Espero com isto poder transmitir uma imagem de um tipo filho da mãe, descomprometido com o mundo.
Notei que o meu blog perdeu visitantes a partir do momento em que o apontador “blo.gs” se defendeu do excesso de uso. Ou seja, não tenho leitores fiéis, salvo um caso ou outro. Também por isso não há que recear defraudar quem quer que seja.
Desculpem mas tenho que dizer que esta musica que está a passar é uma moca. E desculpem mais uma vez porque vou colocar aqui este link para convidar o Daniel Oliveira a ouvir isto. Ele não tarda, está na natureza dele.
Quem tem um blog no sapo que se ponha a pau. Encerraram o Blog Erótico, com muita pena minha já que era um sítio onde o erotismo estava representado com dignidade.
Ando a ler coisas do Luis Carmelo e confesso que me identifico com muito daquilo que ele escreve. Há, na verdade, muitos blogs que não passam de meros apontadores, indicando caminhos para tudo o que apareça na web. Confesso que por vezes caio nessa tentação mas tenho para mim que o melhor dos blogs é o que se apanha do lado de dentro das pessoas. Nesse sentido o “food-i-do” será cada vez mais um sítio tendencialmente pessoal, o que significa que estarei mais vulnerável e exposto. Espero com isto poder transmitir uma imagem de um tipo filho da mãe, descomprometido com o mundo.
Notei que o meu blog perdeu visitantes a partir do momento em que o apontador “blo.gs” se defendeu do excesso de uso. Ou seja, não tenho leitores fiéis, salvo um caso ou outro. Também por isso não há que recear defraudar quem quer que seja.
Desculpem mas tenho que dizer que esta musica que está a passar é uma moca. E desculpem mais uma vez porque vou colocar aqui este link para convidar o Daniel Oliveira a ouvir isto. Ele não tarda, está na natureza dele.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004
Não tenho nada para dizer. OK, já sei, já estou a ver: o pessoal vai ver o food-i-do escarrapachado no “qualquer coisa barra 2097 barra favorites” e vai entrar aqui e vai ler esta treta mais própria de quem não tem mais nada que fazer. Mas tá tudo. Encarem por favor este post como se fosse apenas uma necessidade impreterível de quem o escreve. Um vicio mais vicio que o jogo, o charro, o tabaco, enfim, um sinal dos tempos. Não li grande coisa hoje. Passei aqui e ali e só vi cenas do Santana. Estava já cansado do Bush e agora aparecem-me com tretas acerca desse morcão. Enfim, este país mata-me. Depois aparecem aqueles teses todas por via da ganza. Vejam bem: a ganza, o meu charro. Ainda me estou a lembrar de ter lido a Clara Ferreira Alves dizer que era do tempo do LSD mas que nunca tomou pitada daquilo. Era careta. Gente, eu fumo e assumo tá? OK, no problemo. Pergunto: não haverá treta em demasia? É um assunto – a treta - que não tem interesse, bem sei. Mas estava eu a dizer que nada vi de especial por aqui, a não ser um tal limoeiro. Gosto do limoeiro. Não há nada mais leal a um homem que um limoeiro, nem os cães. Eu também tinha um limoeiro no quintal do meu sogro. Cortaram-no por não dar mais limões. Nunca ninguém foi mais longe com aquele limoeiro. O pobre era tido por dar limões, não por falar. O raio de sorte que um limoeiro tem de ter nos dias de hoje. De modos que agora só tenho alma para tomar um copo e conversar. Conversar, sabem o que isso é?
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004
Caro Abrupto, eu gosto de futebol e de cannabis, na generalidade, e do Benfica e do "charro" em particular. Acho é que o serviço publico (no sentido lato) investe muito mais no futebol do que na dita erva, o que está mal.
Todos os amantes...
O BEIJO
Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.
Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?
É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.
E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar....
Alexandre O' Neill, Poesias Completas, Assírio & Alvim
Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.
Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?
É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.
E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar....
Alexandre O' Neill, Poesias Completas, Assírio & Alvim
Quando o melhor do mundo são as crianças
"Silêncio é o Barulho baixinho!..."
Sara Peixoto, 3 anos
"Um livro tem palavras que fazem sonhos."
Joana Cruz, 3 anos
"Poesia é uma coisa que não é a mesma coisa mas é igual"
Beatriz Bruno Antunes, 4 anos
"Este gelado até inverna as mãos."
Gonçalo Gonçalves, 4 anos
"Estou com tosse. Engoli frio um dia."
Inês Fernandes, 4 anos
"Eu faço magia quando abraço o meu pai.
Cláudio Almeida, 4 anos
"Quando o ar cheira bem é porque os autronautas no espaço estão a
comer rebuçados."
Gustavo Almeida, 5 anos
"O céu à noite é um lençol com estrelas."
Gustavo Almeida, 5 anos
"O Amor é o dobro."
João Cassola, 5 anos
"Os namorados são amigos de casamento"
Areana Semedo, 6 anos
Sara Peixoto, 3 anos
"Um livro tem palavras que fazem sonhos."
Joana Cruz, 3 anos
"Poesia é uma coisa que não é a mesma coisa mas é igual"
Beatriz Bruno Antunes, 4 anos
"Este gelado até inverna as mãos."
Gonçalo Gonçalves, 4 anos
"Estou com tosse. Engoli frio um dia."
Inês Fernandes, 4 anos
"Eu faço magia quando abraço o meu pai.
Cláudio Almeida, 4 anos
"Quando o ar cheira bem é porque os autronautas no espaço estão a
comer rebuçados."
Gustavo Almeida, 5 anos
"O céu à noite é um lençol com estrelas."
Gustavo Almeida, 5 anos
"O Amor é o dobro."
João Cassola, 5 anos
"Os namorados são amigos de casamento"
Areana Semedo, 6 anos
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004
Random Blog
Descobri este blog através do meu "RANDOM BLOGS" que me tem oferecido coisas boas para além do que se conhece por cá. E gostei tanto deste post:
Cercle vicieux
Je blogue au boulot parce que je m'y ennuie.
Je m'y ennuie parce que je n'y trouve plus aucun intérêt.
Je n'y trouve plus aucun intérêt parce que j'en ai fait le tour.
J'en ai fait le tour parce que le périmètre de mes tâches n'est pas très étendu.
J'aimerais partir ailleur pour faire autre chose.
Mais je ne sais pas où et je ne sais pas pour quoi.
Et puis parce que j'ai aussi un peu peur de l'ailleurs.
Je crois que je vais encore m'ennuyer un petit peu.
Et bloguer aussi ...
Lily Marie
Cercle vicieux
Je blogue au boulot parce que je m'y ennuie.
Je m'y ennuie parce que je n'y trouve plus aucun intérêt.
Je n'y trouve plus aucun intérêt parce que j'en ai fait le tour.
J'en ai fait le tour parce que le périmètre de mes tâches n'est pas très étendu.
J'aimerais partir ailleur pour faire autre chose.
Mais je ne sais pas où et je ne sais pas pour quoi.
Et puis parce que j'ai aussi un peu peur de l'ailleurs.
Je crois que je vais encore m'ennuyer un petit peu.
Et bloguer aussi ...
Lily Marie
Um e outro
Falaram tudo o que havia para falar e os olhares escarrapachavam, em forma de anúncio de jornal, “quero-te dizer que te desejo”. Um e outro concebiam tal mensagem e acolhiam-na meigamente, deliravam nela. As mãos eram sempre o último contacto, o adeus estava ali e, tendo dito tudo um ao outro, nada tinha sido dito. No bar era a mesma coisa, já não ouviam a musica, eram a musica. Já não bebiam, bebiam-se. A mensagem estava ali, em forma de anúncio de jornal, “desejo-te”. Ela viciara-se naquilo. Jurava a pés juntos que nada era mais saboroso do que aquele arrepio do desejo, logo seguido de um misterioso prazer, prolongado, secreto. Ele proclamava-se cobarde e estupidamente tímido. Reprimia-se naquele sentir e não encontrava consolo algum, em coisa alguma. Ficava-se por ali, refém daquela sina, saciado em sofrimento.
Gritavam aquele desejo imenso, desassossego.
“alguém me disse que tu ainda me amavas”
Gritavam aquele desejo imenso, desassossego.
“alguém me disse que tu ainda me amavas”
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004
Semelhante palavra
Azedo, agreste, pasme-se. O ruído, desta cidade que passa, põe-me doido.
Nada há a clamar. Uma vontade de dizer obscenidades e dizer, porque não, foda-se!
Não há que temer semelhante palavra. Nada me fará deixar de exprimir esta vontade suprema.
Um palavrão solto, sem glória, infame. Reles palavra só dos reles (os outros pensam-na baixinho).
Um copo meio cheio de tinto, cor translúcida, e eu a pensar nela, na palavra palavrão.
Foda-se, porque não?
É assim que tem de ser dito, quem quiser pode protestar.
O copo meio vazio e a cor baça da tarde finda, atraem os bipolares, os mortos vivos desta cidade cinzenta e fria.
E apetece-me muito gritar um palavrão.
Foda-se, porque não?
Conversa indecente nesta hora de chá, tinto dos amantes,
Dos sem abrigo, dos pedintes, dos fracos, dos que clamam, sós.
Nada há a clamar. Uma vontade de dizer obscenidades e dizer, porque não, foda-se!
Não há que temer semelhante palavra. Nada me fará deixar de exprimir esta vontade suprema.
Um palavrão solto, sem glória, infame. Reles palavra só dos reles (os outros pensam-na baixinho).
Um copo meio cheio de tinto, cor translúcida, e eu a pensar nela, na palavra palavrão.
Foda-se, porque não?
É assim que tem de ser dito, quem quiser pode protestar.
O copo meio vazio e a cor baça da tarde finda, atraem os bipolares, os mortos vivos desta cidade cinzenta e fria.
E apetece-me muito gritar um palavrão.
Foda-se, porque não?
Conversa indecente nesta hora de chá, tinto dos amantes,
Dos sem abrigo, dos pedintes, dos fracos, dos que clamam, sós.
A Blogosfera daqui a un ano
Li no Bloguitica que o prazo para entrega de textos sobre este tema foi estendido até quinta-feira. Pela minha parte advirto que o meu post publicado no domingo, com o mesmo título, é apenas uma brincadeira (espero não ter ofendido ninguém) e vou tentar enviar um texto sobre o tema, desta vez abordando o assunto de forma diferente.
Vale cinco Euros?
O meu avô Costa é um fervoroso adepto do “fêquêpê”. Eu, raro mouro na família, gosto muito dele e sempre que os azuis ganham fico um nico feliz por saber da alegria do jovial e sempre bem disposto octogenário. Aquando do jogo Sporting – Porto, e dado o empate final, o “Costinha” ficou obviamente muito desgostoso e algo preocupado. O tio Quim logo o consolou: “vamos apostar cinco euros em como o Sporting perde já, pelo menos, dois pontos contra no Nacional”. A aposta ficou, o Nacional roubou os tais dois pontos ao Sporting e o meu avô ficou duplamente feliz porque o filho lhe terá perdoado a dívida. Para estes dois queridos não há nada mais saboroso do que uma escorregadela de um dos rivais do seu glorioso fêquêpê.
domingo, 8 de fevereiro de 2004
A Blogosfera daqui a um ano
A blogosfera portuguesa daqui a um ano, tema proposto pelo bloguitica, será mais ou menos assim:
O mata mouros e a tropa de direita continuarão a angariar fundos nas mais requintadas salas de chá desta cidade virtual para, finalmente, investirem vitoriosos com a sua união de blogs livres.
O barnabé persistirá ainda mais oposição a tudo o que cheire a poder e executivo. Haverá demissões dentro do próprio blog por manifesta e beligerante oposição de ideias.
O Abrupto continuará em constante viagem pelo mundo e em permanente conflito com os fusos horários e os seus early morning blogs. Provavelmente já terá tido tempo para ler alguns e-mails do 3º trimestre de 2003. Não se sabe se os autores desses e-mails terão a tão esperada resposta ou mesmo se esses endereços electrónicos ainda existem.
O fumaças escreve agora lindos posts a partir de Cuba, refastelado numa bela esplanada fumando um cohiba laboriosamente enrolado por três miúdas em idade escolar que, em part time, abraçam o novo conceito capital cubano: servir todos aqueles que lutam por eles de forma a que sejam misericordiosos aquando da tomada de Cuba pelos outros.
O bloguitica apresenta uma revolucionária edição electrónica enviada para os seus leitores através do processo via-verde. Prepara-se para ser cotado em bolsa.
A malta das produções fictícias continua sem perceber porque será que, apesar de sermos uma democracia de sucesso, há sempre tanta matéria disponível para darem resposta aos seus compromissos comerciais como o programa do Herman (agora transmitido desde o exílio), o contra informação e ao jornal A Bola e ainda terem tempo para o seu gato fedorento, em vias de se transformar no 1º blog portugûes em formato “pay per click”. Neste caso, o grupo Olivedesportos prepara-se para adquirir 35% do capital social da Gato Fedorento, S.A.
O aviz continua a tentar perceber o que é a noite, para além de já não ter mais cervejas exóticas para divulgar aos leitores da Grande Reportagem, entretanto editada em menor numero e, por conseguinte, lida só pelas classe mais altas. Continua também a escrever sobre futebol só quando dá um certo jeitinho.
O janela para o rio iniciará um conflito com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa já que construíram duas grandes torres mesmo em frente à sua janela. Pensa seriamente em mudar o nome do blog para “janela censurada”
O terras do nunca não consegue libertar-se do conflito entre ser um blog sóbrio onde tudo se questiona ou um blog de humor onde tudo se parodia.
Pela primeira vez o silencio postará um excerto do O meu PiPi, originando um recorde absoluto de comentários.
Provavenmente a bomba inteligente terá um blog em edição grega.
É muito provável que o camionista já edite os seus posts através de um PDA com tecnologia UMTS.
O Duque passará finalmente a escrever um ou outro palavrão no seu blog.
Provavelmente teremos o primeiro casamento "virtual" de blogueiros. Na melhor das hipóteses será uma união de facto entre o espectacologicas e o ministério do bom senso.
O food-i-do continuará.
O mata mouros e a tropa de direita continuarão a angariar fundos nas mais requintadas salas de chá desta cidade virtual para, finalmente, investirem vitoriosos com a sua união de blogs livres.
O barnabé persistirá ainda mais oposição a tudo o que cheire a poder e executivo. Haverá demissões dentro do próprio blog por manifesta e beligerante oposição de ideias.
O Abrupto continuará em constante viagem pelo mundo e em permanente conflito com os fusos horários e os seus early morning blogs. Provavelmente já terá tido tempo para ler alguns e-mails do 3º trimestre de 2003. Não se sabe se os autores desses e-mails terão a tão esperada resposta ou mesmo se esses endereços electrónicos ainda existem.
O fumaças escreve agora lindos posts a partir de Cuba, refastelado numa bela esplanada fumando um cohiba laboriosamente enrolado por três miúdas em idade escolar que, em part time, abraçam o novo conceito capital cubano: servir todos aqueles que lutam por eles de forma a que sejam misericordiosos aquando da tomada de Cuba pelos outros.
O bloguitica apresenta uma revolucionária edição electrónica enviada para os seus leitores através do processo via-verde. Prepara-se para ser cotado em bolsa.
A malta das produções fictícias continua sem perceber porque será que, apesar de sermos uma democracia de sucesso, há sempre tanta matéria disponível para darem resposta aos seus compromissos comerciais como o programa do Herman (agora transmitido desde o exílio), o contra informação e ao jornal A Bola e ainda terem tempo para o seu gato fedorento, em vias de se transformar no 1º blog portugûes em formato “pay per click”. Neste caso, o grupo Olivedesportos prepara-se para adquirir 35% do capital social da Gato Fedorento, S.A.
O aviz continua a tentar perceber o que é a noite, para além de já não ter mais cervejas exóticas para divulgar aos leitores da Grande Reportagem, entretanto editada em menor numero e, por conseguinte, lida só pelas classe mais altas. Continua também a escrever sobre futebol só quando dá um certo jeitinho.
O janela para o rio iniciará um conflito com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa já que construíram duas grandes torres mesmo em frente à sua janela. Pensa seriamente em mudar o nome do blog para “janela censurada”
O terras do nunca não consegue libertar-se do conflito entre ser um blog sóbrio onde tudo se questiona ou um blog de humor onde tudo se parodia.
Pela primeira vez o silencio postará um excerto do O meu PiPi, originando um recorde absoluto de comentários.
Provavenmente a bomba inteligente terá um blog em edição grega.
É muito provável que o camionista já edite os seus posts através de um PDA com tecnologia UMTS.
O Duque passará finalmente a escrever um ou outro palavrão no seu blog.
Provavelmente teremos o primeiro casamento "virtual" de blogueiros. Na melhor das hipóteses será uma união de facto entre o espectacologicas e o ministério do bom senso.
O food-i-do continuará.
sábado, 7 de fevereiro de 2004
Stravinsky
Eu sei, mal comparado, isto já parece uma "cotonete". Mas que querem? Exercícios políticos? Textos colossais sobre os americanos ou os pobrezinhos cubanos? Não faltam por aqui especialistas na matéria e, sinceramente, estou com náusea disso. Por isso proponho musica da boa e pronto. Não custa nada, é só clicar e ficar a ouvir enquanto se navega.
Ronde des Princesses
Ronde des Princesses
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004
Foge de mim
Há momentos assim, um sol generoso a convidar para um bom par de dias de descanso e descontracção. Mas há momentos de recusa e aversão. Quando tudo nos convida à alegria, por tantas coisas boas que temos, quando os astros se enquadram num movimento lógico, perfeito, quando esta hora assume a cor dos gatos, ela aparece, teimosamente abrupta. Ela não precisa de saber disso para nada. Ela apodera-se de nós como credora aflita. Ela rebola-se no olhar, revela-se no sentir. Ela anda comigo, de mão dada, com algemas. Ela não me larga. Foge de mim tristeza.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2004
Ver
Quem vem à blogosfera passa inevitavelmente por um manancial de blogs ditos "de referência". Se há jornais de referência também há blogs que bem podem ter essa classificação. Consagrados à parte, há também outra gente que escreve sobre as suas coisas, ora de forma mais intimista ora de forma menos transcendental. Por sabermos todos que uns beneficiam mais de umas tantas, e muitas vezes convenientes, chamadas de atenção, outros há que persistem no escuro da web. Isso não quer dizer que não valham a pena, apenas permanecem carecidos de um gesto simpático vindo de um blog com audiência. Pela minha parte e atendendo ao facto de ter criado um “low budjet blog”, de modestas metas, sempre posso afirmar, sem vaidade, ter ultrapassado em muito as minhas modestas expectativas. Compete-me pois convidar quem cá vem a visitar este diário de um camionista, já que é um blog feito por pessoa perspicaz, moderna e bem formada que percorre essas estradas da nossa Europa e tem como missão partilhar um pouco daquilo que vê ao volante do seu camião. Isto é tanto mais interessante já que escreve em condições precárias, muitas vezes sem tempo e quase sempre sem o conforto de quem o pode fazer em casa ou no escritório.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2004
Fim de tarde
Aquela vista nem de longe pode ser comparada a qualquer outra. Refiro-me às luzes combinadas com o leito do rio, intercaladas por um tal casario a olhar o rodopio dos carros apressados. Passar a ponte da Arrábida, sobre o Douro e ficar indiferente àquilo tudo é coisa impossível. De modos que enquanto os Carvalhos não aparecia no horizonte, e graças à estafada fila de hora de ponta, fui ouvindo o “Pessoal e Transmissível" de Carlos Vaz Marques na TSF. Para gáudio meu, a convidada era Inês Pedrosa. E gostei. Aprendi a gostar da Inês nos seus inúmeros artigos onde ela discorre, de forma coerente e muito apelativa, sobre a actualidade, sobre as coisas do nosso tempo. Nunca li qualquer livro dela e nem sei se um dia o farei, o que sei é que gostei de a ouvir, igual a si própria. Se por vezes ficamos chocados com a voz de quem lemos ou mesmo com a imagem de quem ouvimos, eu, desta vez, não tive essa sensação. E notei que ela é muito perspicaz, ou não tivesse ela referido, a páginas tantas, o “Outro,eu” que há nela pois claro.
A História repete-se
Mario Soares ontem na Sic Notícias (e cito de cor): Filipe ll de Espanha afirmara , à época, ser o legítimo Rei de Portugal por 3 razões distintas: porque era o herdeiro legitimo de D. Sebastião; porque tinha de facto conquistado o território português; porque o tinha comprado aos Nobres de Portugal. Nos dias de hoje "a tropa Nobre" não se poupa a esforços para efectuar um negociozito.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2004
"Eles nunca leram Ary dos Santos. Apenas conhecem o seu número de militante do PCP."
Há gente que se indigna, atenta, sem receio de dizer aquilo que é. Fico contente.
Há gente que se indigna, atenta, sem receio de dizer aquilo que é. Fico contente.
SLB
Abrir o jornal "a bola" e ver aquela foto da bancada com o nome do Fehér desenhado , em perfeita combinação das cores branca e vermelho ( sim, agora já não é necessário escrever "encarnado"), fez com que eu acreditasse cada vez mais em coisas simples como "lembrar".
O Ópio dele
O abrupto acha que os casos de violência ocorridos neste fim-de-semana foram apenas consequência (que ele já tinha previsto, alias) do “ambiente de histeria colectiva incentivado pelo tratamento televisivo da morte do jogador húngaro”. E confessa-se perplexo pela forma como foi tratado um jogo de futebol (Sporting - Porto), que deveria ser uma coisa eivada da maior paz e amizade entre os povos.
Já se sabia que o JPP anda nas nuvens a escrever sobre coisas interessantíssimas - o abrupto prova-o claramente. O que se fica a saber é que a pequenina fatia de histeria colectiva que o atingiu também, foi capaz de o fazer escrever um ou dois “posts” mais condizentes com o que se passa cá entre os terrenos. E porque certamente ele ignora as centenas de famílias confrontadas com a histeria colectiva dos patrões e das multinacionais em despedir sem apelo nem agravo, e porque ele ignora o sentido de descrença do povo em relação ao que há de vir, e porque ele ignora que o povo não está carecido de “ formas antigas de sensibilidade” mas sim de medidas justas e sérias, foi no futebol, esse sub mundo de bárbaros e insensíveis, que ele encontrou a resposta para a mais evidente e trivial histeria colectiva: o desespero por um país constantemente adiado.
Já se sabia que o JPP anda nas nuvens a escrever sobre coisas interessantíssimas - o abrupto prova-o claramente. O que se fica a saber é que a pequenina fatia de histeria colectiva que o atingiu também, foi capaz de o fazer escrever um ou dois “posts” mais condizentes com o que se passa cá entre os terrenos. E porque certamente ele ignora as centenas de famílias confrontadas com a histeria colectiva dos patrões e das multinacionais em despedir sem apelo nem agravo, e porque ele ignora o sentido de descrença do povo em relação ao que há de vir, e porque ele ignora que o povo não está carecido de “ formas antigas de sensibilidade” mas sim de medidas justas e sérias, foi no futebol, esse sub mundo de bárbaros e insensíveis, que ele encontrou a resposta para a mais evidente e trivial histeria colectiva: o desespero por um país constantemente adiado.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004
Fevereiro
Fevereiro, o mês dos gatos como dizia a minha avó. O mês que me viu nascer surge envolto em polémicas e revoltadamente frio. O mês que me viu nascer mostra-me, uma vez mais, que nada nem ninguém pode contrariar o vento que passa, o sol que escassa e os dias que crescem devagar. Neste tempo de Inverno não temos motivos para fazer votos de qualquer espécie. É um tempo sem tréguas, sem acalmia. É um tempo de combate.
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