Falaram tudo o que havia para falar e os olhares escarrapachavam, em forma de anúncio de jornal, “quero-te dizer que te desejo”. Um e outro concebiam tal mensagem e acolhiam-na meigamente, deliravam nela. As mãos eram sempre o último contacto, o adeus estava ali e, tendo dito tudo um ao outro, nada tinha sido dito. No bar era a mesma coisa, já não ouviam a musica, eram a musica. Já não bebiam, bebiam-se. A mensagem estava ali, em forma de anúncio de jornal, “desejo-te”. Ela viciara-se naquilo. Jurava a pés juntos que nada era mais saboroso do que aquele arrepio do desejo, logo seguido de um misterioso prazer, prolongado, secreto. Ele proclamava-se cobarde e estupidamente tímido. Reprimia-se naquele sentir e não encontrava consolo algum, em coisa alguma. Ficava-se por ali, refém daquela sina, saciado em sofrimento.
Gritavam aquele desejo imenso, desassossego.
“alguém me disse que tu ainda me amavas”
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