Azedo, agreste, pasme-se. O ruído, desta cidade que passa, põe-me doido.
Nada há a clamar. Uma vontade de dizer obscenidades e dizer, porque não, foda-se!
Não há que temer semelhante palavra. Nada me fará deixar de exprimir esta vontade suprema.
Um palavrão solto, sem glória, infame. Reles palavra só dos reles (os outros pensam-na baixinho).
Um copo meio cheio de tinto, cor translúcida, e eu a pensar nela, na palavra palavrão.
Foda-se, porque não?
É assim que tem de ser dito, quem quiser pode protestar.
O copo meio vazio e a cor baça da tarde finda, atraem os bipolares, os mortos vivos desta cidade cinzenta e fria.
E apetece-me muito gritar um palavrão.
Foda-se, porque não?
Conversa indecente nesta hora de chá, tinto dos amantes,
Dos sem abrigo, dos pedintes, dos fracos, dos que clamam, sós.
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