Isto é uma coisa triste, lamentável. Morrer assim é coisa do diabo. Morre-se assim porque, em primeiro lugar, tem-se que sair de casa, em busca daquilo que não se tem aqui: trabalho razoavelmente bem pago. Em segundo lugar, morre-se assim porque existem as famílias, os fins-de-semana e as viagens suicidas. Gente aos molhos a encher as viaturas que fazem mil e tal kms rumo a espanha e às obras. Gente com pressa de chegar porque tem necessidade de acumular horas. Horas a sete euros e tal – vejam bem. Gente que não tem horas e não descansa, e mete-se à estrada louca, louvando a deus e a não sei quem mais. Gente que morre assim porque o país deles impõe-lhes a mobilização, a contra-relógio. Gente a merecer um olhar.
De quem não sei.
Ah, se fossemos capazes de cumprir o nosso ideal…
Nota: eu sei muito bem o que é uma viagem para Espanha, para as obras. Eu já experimentei e não fui de avião nem me ocorreu escrever: “ sobrevoando a beira alta”.
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