Ontem à noite fui ao café. Vou quase sempre ao café, à noite, apesar da cara contrariada do meu amor. Mas isto de ir ao café tem uma ciência por trás. Um tipo sai de casa, “não venhas tarde”, entra no café e senta-se ao balcão “uma cerveja”, aliás, “uma heineken”. Começa-se logo por aí para que conste, que o café está muito caro. O raio de uma chavenazita de café por cinquenta cêntimos é um roubo, principalmente naquela hora. Principalmente quando sabemos que não faltarão três minutos para pedir cerveja. Ora e a ciência continua. Um tipo fica ali, conversa, repisa e bebe. Às vezes há vodka geladinha e brindes a coisas que saem a pretexto da vodka, “ tenho mas é de ir para casa…” e mais cerveja e agora só vou quando for meia hora. E um tipo deixa-se estar e sabe que os miúdos dormem e ela, o meu amor, ainda está a ver a série preferida, na “dois”. Já passa da meia hora e “olha aí duas heinekens e uns amendoins para dar lastro” e aquela conversa apareceu mesmo agora, tinha de ser “ olha que gajas boas na “fashion tv”. E eu a olhar para aquele festival de mamas e coxas “tenho mas é de ir para casa…” “Já bais Torres?”.
Desta vez saio mesmo. Entro no carro, subo a estrada e deixo-me estar à espera que o portão da garagem abra, lentamente.
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