quarta-feira, 31 de maio de 2006
e se a bola é redonda porquê insistir que é quadrada?
O pessoal decidiu mais uma vez capitular perante a agenda temática que a rtp nos impõe semanalmente. Desta vez falou-se da violencia nas escolas. E são tantas as opiniões, provenientes das mais diversas esferas políticas, com tais arrazoados, doutoramentos, teoremas que eu me vejo na obrigação de ceder, também eu, e deitar aqui a minha visão sobre o tema. Mais adianto, para quem não sabe, que sou pai e encarregado de educação e que tenho vivido na pele de quem é pai um conjunto de episódios surrealistas, impreganados de burocracia e que apenas me forçaram a formular uma única qustão que dirigi pessoalmente, olhos nos olhos, à Directora de Turma do meu filho: "O que eu quero saber, senhora directora, é que me diga até que ponto esta situação pode afectar o sucesso escolar do meu filho". A esta questão a funcionária respondeu com uma cábula: as notas ( boas diga-se) do meu Alex. Não percebeu, concluo eu, o alcance da minha questão. E não percebeu porque o sistema de educação português viciou esta gente na burocracia dos precessos, chegando-se ao cúmulo de se pedir relatórios escritos a miúdos de 11 anos sempre que eles sofram um atentado qualquer de violência na escola. Ora, os professores habituaram-se a fazer relatórios para arquivo. Mesmo quando vítimas de agressões por alunos. E replicaram esse expediente aos pobres miúdos. Ninguém é capaz de dar um ralhete aos putos, ninguém é capaz, neste pobre sistema educativo português, de aplicar um castigo aos pobres pestinhas que povoam as nossas escolas. Pelo contrário, querem envolver toda a gente na resolução destes problemas. O Conselho Executivo, a directora de turma, os pais, os alunos, a imprensa, o secretário de estado, a Fátima Campos Ferreira....depois discutem o sexo dos anjos. Limitam-se a nada fazer e a violência grassa, expande-se como vírus, pandemia. Acho isto absolutamente incrível. O sistema ficou transtornado. Os professores querem ir para casa. os pais não querem saber. Os alunos estão entregues à sua sorte. E tudo isto poderia ser tão simples. Bastava um pouco mais de sentido de missão e de noção de que se pode fazer qualquer coisa, de sentido prático. Mas não. O melhor é discutir-se isto tudo com os sábios. Alguns recebem avenças para falar. Outros receberão cargos ministeriais. Os putos ficam na periferia e os pais no desespero. Foda-se. Eu sou pai. Sei do que falo. Alguém me quer ouvir?
a rota das especiarias
Esta semana fui a Tomar, a uma aldeia lá para os lados das barragens e albufeiras, vender uma cobertura de piscina a um casal de ingleses. Não tinha qualquer referência sobre o casal e, na viagem, desatei a perspectivar o perfil destes potenciais clientes, que é uma coisa usual para quem vende, e quase apostava que ia dar a uma mansão com sistema de alarme, cercada por grandes paredes e recheada de potentes automóveis. Em chegando ao meu destino quase voltei para trás, apesar da minha experiência nestas coisas. Uma rua esganiçada, uma casinha destas portuguesas como na canção, e um casal de ingleses que eram a virgem Maria e o S. José dos despojados. Na sala apenas dois sofás e quatro cadeiras, uma televisão velha e pouco mais. Lá fora, um pátio arejado, e um jardim onde uma senhora de idade lia calmamente um livro. Ao fundo a piscina. Sosseguei, não seria para cobrir nenhum pátio. Depois foi o costume, o quebra-gelo. O quebra-gelo é a etapa mais importante para o sucesso de uma venda. Se o quebra-gelo for feito de forma implacavelmente excelente já nem vale a pena apresentar o produto que vendemos, podendo assim partir-se para o “fecho” do negócio com todas as garantias de sucesso. Eu gosto muito do quebra-gelo. Às vezes deixo-me estar na cavaqueira horas a fio, o que pode ser mau porque acaba por stressar o cliente e muitas vezes temos que agendar outro encontro, ou até, pode dar-se o caso de já não haver qualquer oportunidade de negócio. Porque, meus amigos, neste negócio é assim: fechar enquanto o cliente está de pau feito. Se demoramos muito ele pode perder o tesão e kaput. Ardeu. Mas eu adoro o quebra-gelo e graças a ele fiquei a saber que aquele jovem casal de ingleses escolheu Portugal e Tomar para seu refúgio sazonal e garantiram-me que após as não ameaçadas reformas a que terão direito, será ali que vão viver os últimos anos de suas vidas. Garantiram-me coisas que eu já sabia. Do tempo que faz, da gentileza das pessoas, da boa comida, da calma, da tranquilidade. E eu bebia tudo aquilo com muito gelo que se derretia num instante. Negócio fechado, obviamente, que o meu inglês ainda carbura, apesar de destreinado. Regresso a casa com um pensamento apenas: nós os portugueses a fugir para as cidades grandes, para a confusão e as filas de trânsito e a deixarmos estes velhos paraísos para os estrangeiros. Isto lembra-me a rota das especiarias. Não sei porquê, mas há, nisto tudo, algo de muito semelhante.
segunda-feira, 29 de maio de 2006
conspirações da alma
Se algum dia alguém te disser que te ama, fecha os olhos e bebe cada letra como se de uma galáxia se tratasse. Uma galáxia líquida, de tons vermelhos, que te avermelha a pele e te persegue o corpo num longo suspiro de amor.
Se algum dia alguém te disser que te ama não temas. Capta a luz desse murmúrio. Conseguirás iluminar esse momento com teu sorriso aberto e acharás que o mar todo entrou dentro de ti.
Se algum dia alguém te disser que te ama não temas. Capta a luz desse murmúrio. Conseguirás iluminar esse momento com teu sorriso aberto e acharás que o mar todo entrou dentro de ti.
domingo, 28 de maio de 2006
What are you listening to now?
I'm Your Late Night Evening Prostitute
Well I got here at eight and I'll be here till two
I'll try my best to entertain you and
Please don't mind me if I get a bit crude
I'm your late night evening prostitute
So drink your martinis and stare at the moon
Don't mind me I'll continue to croon
Don't mind me if I get a bit loon
I'm your late night evening prostitute
And dance, have a good time
I'll continue to shine
Yes Dance, have a good time
Don't mind me if I slip upon a rhyme
Well I got here at eight and I'll be here till two
I'll try my best to entertain you and
Please don't mind me if I get a bit crude
I'm your late night evening prostitute
I'm your late night evening prostitute
Mr. Tom Waits
Well I got here at eight and I'll be here till two
I'll try my best to entertain you and
Please don't mind me if I get a bit crude
I'm your late night evening prostitute
So drink your martinis and stare at the moon
Don't mind me I'll continue to croon
Don't mind me if I get a bit loon
I'm your late night evening prostitute
And dance, have a good time
I'll continue to shine
Yes Dance, have a good time
Don't mind me if I slip upon a rhyme
Well I got here at eight and I'll be here till two
I'll try my best to entertain you and
Please don't mind me if I get a bit crude
I'm your late night evening prostitute
I'm your late night evening prostitute
Mr. Tom Waits
sábado, 27 de maio de 2006
hoje eu sinto-me assim
Pearl Jam & Neil Young - Rockin' In the Free World
...e assim
1972 footage of Lou Reed and John Cale performing Heroin.
créditos: The Perm and The Skullet
post escrito na ressaca de uma noite dançante no "O Meu Mercedes É Maior Que o Teu"
Resolvi que ando com "alto astral". E para que conste, aviso que já não leio um livro faz tempo, nem me dá para ir ao teatro e também não me lembro de ouvir Tom Waits. Agora é só desbundar! Ouvir músicas romanticas, dançar. Adoro ver-me assim. Perceber romance em tudo o que me rodeia, ansioso por conquistar, por voar e não me preocupar com nada. Ando, enfim, muito pornográfico.Muito.
E deixei-me dançar toda a noite... aqui
E deixei-me dançar toda a noite... aqui
quinta-feira, 25 de maio de 2006
Ah, o futebol...
Há muitos jogadores de futebol que povoam o nosso imaginário. Há jogadores muito bons, há jogadores simpáticos, bem sucedidos. Outros bonitos e muito requisitados. Há jogadores até naturalizados. De selecção e laureados, cheios de títulos e troféus. Há jogadores com sorte, até bem intencionados, que fizeram tudo bem e defenderam sempre os seus e de forma inapagável.
Para além de todos eles, há também Rui Manuel Costa.
Para além de todos eles, há também Rui Manuel Costa.
minhas viagens
Fui ao Alentejo vender coberturas para piscina. No Alentejo, terra de comunas e junkers reformados aos 35 anos, também há piscinas. Dois tipos de piscinas. As das quintas e das herdades, cujos donos não existem, onde se fala com o tratador, o capataz solitário das coutadas, e as dos alentejanos, homens calmos e sábios e que estão sempre lá.
No Alentejo há sempre um livro novo, um pormenor, um quadro mal começado. E eu que sou do Norte e vivo na cidade, mal força tenho para lhe aguentar o brilho. Mal consigo encarar-me naquela acalmia.
No Alentejo há sempre um livro novo, um pormenor, um quadro mal começado. E eu que sou do Norte e vivo na cidade, mal força tenho para lhe aguentar o brilho. Mal consigo encarar-me naquela acalmia.
sexta-feira, 19 de maio de 2006
a romaria ou qualquer coisa em grande
Hoje foi uma delícia. A multidão fez fila para entrar no “El Corte Inglés” de Gaia. Já tinha invadido Fátima para rezar, de maneiras que hoje correu em busca de um milagre qualquer. Velhinhas de bengala, avós com os netos pela mão, reformados alguns, funcionários públicos ociosos muitos. A grande loja, le gran magasin, engoliu-os a todos e um ou outro sénior ainda soltou uma lágrima de saudade dos tempos em que iam a Vigo fazer compras. Naquele tempo havia dinheiro e gastava-se pouco por causa da fronteira. Quilos de carne escondidos debaixo dos bancos do Renault 12 delux, e enormes garrafas de fanta e Coca-cola. Uma ou outra peça de vestuário e sacos de caramelos de vaquinha. Era a mesma romaria.
Hoje, porém, o grande armazém do povo modernizou-se e virou-se para o rio Douro. O povo fez a festa e encheu os telejornais de optimismo e euforia. O governo foi lá, a autarquia também e falaram tão bem do progresso e das acessibilidades, do Metro e da vitória do liberalismo. Não consta que tivessem feito compras. Viva a pátria.
Hoje, porém, o grande armazém do povo modernizou-se e virou-se para o rio Douro. O povo fez a festa e encheu os telejornais de optimismo e euforia. O governo foi lá, a autarquia também e falaram tão bem do progresso e das acessibilidades, do Metro e da vitória do liberalismo. Não consta que tivessem feito compras. Viva a pátria.
dos blogs ( ou não há forma de sobrevivência)
Caros leitores e amigos, tendo este que vos escreve entrado numa azeda polémica com Luis Carmelo, pessoa que me merece o máximo respeito e consideração, sobre as micro-causas, achei pertinente partilhar convosco o meu último comentário no “Miniscente” sobre esta discussão:
Caro Luís, apenas quero acrescentar duas ou três coisas e darei por encerrada esta questão:
1 Eu acho que revelei educação no meu texto porque dirigi-me a si tratando-o pelo nome próprio, pedindo-lhe desculpas pela sinceridade, e pela sinceridade. O resto é metáfora, excessivo, talvez, marcante, quando a mim.
2 O meu anarquismo não é forçosamente a sua definição de anarquismo. Não é nobre, certamente, mas é meu.
3 Continuo a pensar que se dá demasiada importância a blogs banais cujos autores são famosos, ou influentes no mundo dos média, dos meios editoriais, e portanto, tudo aqui parece girar à volta deles.
E aqui neste ponto, eu dou-lhe um contributo, se quiser, para essa reflexão: a blogosfera é o único espaço de afirmação intelectual, profissional e pessoal onde não é necessário a “CUNHA”. Qualquer pessoa pode abrir um blog e desatar a manifestar o seu talento. Se o tiver e se o conseguir colocar lá, terá visibilidade, será acolhida, reconhecida, aplaudida e, eventualmente poderá dar o salto. Mas sem a “CUNHA” caro Luis. E o que me faz triste (para não usar um termo bem mais expressivo) é perceber o espectro da dona “CUNHA” vagueando na blogosfera. Nas referências, nas citações, nos novos imperativos de influência. Aqui cultiva-se a “CUNHA” como lá fora. Simplesmente lá fora QUASE sempre só vence quem tem “CUNHA”. Aqui qualquer um pode vencer. Se não em materialidade, pelo menos em Liberdade criativa, opinativa.
Era isto que eu lhe queria dizer ontem.
Caro Luís, apenas quero acrescentar duas ou três coisas e darei por encerrada esta questão:
1 Eu acho que revelei educação no meu texto porque dirigi-me a si tratando-o pelo nome próprio, pedindo-lhe desculpas pela sinceridade, e pela sinceridade. O resto é metáfora, excessivo, talvez, marcante, quando a mim.
2 O meu anarquismo não é forçosamente a sua definição de anarquismo. Não é nobre, certamente, mas é meu.
3 Continuo a pensar que se dá demasiada importância a blogs banais cujos autores são famosos, ou influentes no mundo dos média, dos meios editoriais, e portanto, tudo aqui parece girar à volta deles.
E aqui neste ponto, eu dou-lhe um contributo, se quiser, para essa reflexão: a blogosfera é o único espaço de afirmação intelectual, profissional e pessoal onde não é necessário a “CUNHA”. Qualquer pessoa pode abrir um blog e desatar a manifestar o seu talento. Se o tiver e se o conseguir colocar lá, terá visibilidade, será acolhida, reconhecida, aplaudida e, eventualmente poderá dar o salto. Mas sem a “CUNHA” caro Luis. E o que me faz triste (para não usar um termo bem mais expressivo) é perceber o espectro da dona “CUNHA” vagueando na blogosfera. Nas referências, nas citações, nos novos imperativos de influência. Aqui cultiva-se a “CUNHA” como lá fora. Simplesmente lá fora QUASE sempre só vence quem tem “CUNHA”. Aqui qualquer um pode vencer. Se não em materialidade, pelo menos em Liberdade criativa, opinativa.
Era isto que eu lhe queria dizer ontem.
quinta-feira, 18 de maio de 2006
sabe bem esta calma
Tenho estado por terras de Leiria, em trabalho. Aqui tudo é fresco na Primavera. Os vales das serras d’Aire e Candeeiros apresentam-nos maravilhosas descobertas de tons verdes e de absoluta frescura. Come-se bem em qualquer lado e não vejo ares de miséria nas pessoas. É bem diferente esta região quando vista para além da auto-estrada ou da Nacional 1. Atravessar a serra por de entre as grutas desenhando os imensos vales férteis, foi das experiências mais belas por que passei nos últimos dias. De quando em vez cruzei-me com carros puxados por um burrico, guiados por santíssimas senhoras de idade, de olhar directo à terra que lhes dá o sustento. As favas, as alfaces, as batatas e o azeite.
A vida inteira ali montada num burrico pacato, sem pressas. Sabe bem saber-se que se há-de chegar. Sabe bem esta calma.
A vida inteira ali montada num burrico pacato, sem pressas. Sabe bem saber-se que se há-de chegar. Sabe bem esta calma.
segunda-feira, 15 de maio de 2006
a tropa mobiliza-se
A tropa portista andou caladinha até hoje. Nem a bela vitória de ontem no jogo da fruteira os entusiasmou tanto como a conferência de imprensa que esta noite divulgou os 23 convocados para o Alemanha2006. Luis Filipe Scolari vai passar a levar nos cornos desta gente que, pasme-se, ainda tinha uma réstia de esperança na convocação do Quaresma, na naturalização do Helton e na chamada de Vítor Baía, melhor dizendo, o emplastro das idas ao pódio do clube onde joga para que se saiba que ele não é o rei das farturas, nem o rei dos churros nem o rei dos chouriços – ele é o rei dos títulos! Ainda tinham, ilusões, estes portistas ressabiados. E nem sequer perceberam que a chamada do carismático suplente profissional que joga no clube deles, setenta e tal vezes internacional, capitão da selecção de sub-21 e até do Porto, pasme-se, apenas aconteceu para que essa tropa não morra de frustração como morreria se tivesse que assistir ao evento mais importante do planeta sem nenhum jogador do clube “Andrade” ao serviço das cores nacionais.Mal agradecidos!
A tropa portista é assim. Não viram o “paladino dos bons costumes” este fim-de-semana? Agora vai ser um fartote de anti-portugueses. Um camião inteirinho de posts a desfazer o camafeu, o traidor, o burlão.
A tropa portista é assim, se descontarmos o bisavô dos meus filhos e poucos mais. Porque ainda não perceberam que Scolari é mau de facto, não obstante ter um "organograma" e falar em "treinamento" e vender relógios e usar bigode.
E para que a minha putativa honestidade intelectual tenha o justo prémio eu ainda hei-de gramar esse burgesso ao serviço do meu glorioso e eterno Sport Lisboa e Benfica. É de classe!
A tropa portista é assim. Não viram o “paladino dos bons costumes” este fim-de-semana? Agora vai ser um fartote de anti-portugueses. Um camião inteirinho de posts a desfazer o camafeu, o traidor, o burlão.
A tropa portista é assim, se descontarmos o bisavô dos meus filhos e poucos mais. Porque ainda não perceberam que Scolari é mau de facto, não obstante ter um "organograma" e falar em "treinamento" e vender relógios e usar bigode.
E para que a minha putativa honestidade intelectual tenha o justo prémio eu ainda hei-de gramar esse burgesso ao serviço do meu glorioso e eterno Sport Lisboa e Benfica. É de classe!
coisas assim
Tenho uma filha que acha que eu sou “cota” e eu esforço-me em não concordar. Olho-me ao espelho e adivinho-me jovem e fresco e cheio de vigor. Não nego a minha barriguinha nem desprezo as cãs a despontar, teimosas, horrorosas, mais as rugas e os malditos pêlos que crescem do meu nariz como ervas daninhas. Não nego essas coisas. Coisas de cota. Mas tenho de resistir, de guerrear, tenho de montar quartel general no meu corpo. É a guerra.
domingo, 14 de maio de 2006
tudo bem
O jogo da Final da Taça de Portugal, ganho pelo F.C.Porto de forma clara e justa, trouxe-nos dois temas que merecem algum cuidado: Scolari, na bancada, a observar o comportamento de Ricardo Costa no banco de suplentes, a ver se estão reunidas todas as caracteríticas para a convocação rumo ao Alemanha2006 de mais um suplente profissional e o facto de alguns jogadores e técnicos não saberem que quem estava ao lado do senhor das medalhas era o Presidente da República.
sexta-feira, 12 de maio de 2006
pastores e tótós
Dantes, no meu país acordávamos a ouvir a "Rádio Renascença" e a "Comercial" porque a televisão pública do estado abria só lá para a tardinha. No meu país, dantes, quase todos iam à missa aos domingos enquanto os preservativos ficavam a secar no estendal do quintal. No meu país era tudo simples, pequeno e boçal. Depois veio a revolução, a democracia e o progresso. Apareceram as rádios locais e a pílula do dia seguinte. Surgiram as televisões privadas e a TV por cabo. As pessoas vão menos à missa ao domingo e passam pelo “Carrefour” a comprar camisas de Vénus e fraldas descartáveis. Depois comem qualquer coisa rapidamente e voltam a casa para ver televisão. Por cabo e paga.
Agora, de manhãzinha, no meu país existe um canal pago por nós e que paga a quem nós pagamos que nos fala sobre “como incrementar a nosso sucesso financeiro”. Depois mete-nos uns programas “freaks” sobre falsas polémicas e, à noitinha, atira-nos missionárias palestras onde o rebanho pode participar telefonando. Provavelmente divorciadas do “gazzag” e desempregados da “fábrica de produtos estrela”. E os pastores arrebitam os colarinhos e chiam frases bombásticas de fazer inveja aos matadouros caseiros da Bairrada. Um tal chiar que, não fora a encriptação uma das mais perfeitas tecnologias do pacote, certamente congestionaria tudo o que é canal de transmissão.
No meu país nós somos uns totós. Porque pagamos um pacote de canais de nulidade quase absoluta e vemos notícias editadas pela fulana “a”, revistas pelo sujeito “B” que por acaso é marido da primeira e supervisionadas pelo director “X” que por simples coincidência é padrinho do segundo filho daquele casal.
No nosso país é assim. Somos mesmo totós. Temos “líderes de opinião” que cagam de tudo menos daquilo que cheira mal. Pudera, serão eles também pagos com belos banquetes e promessas de “emprego certo se isto virar” para tão suspeitos silêncios? Tão depressa acusam um colega político de “Demagogo” como de repente se esforçam por nada dizer sobre o maior ultraje praticado na sociedade portuguesa pré-selos-de-dois-vinténs que é a imposição aos portugueses da TV Record. Que não lhes diz nada, que não vêem, já se sabe, porque há a “Mezzo” e o caralho mais velho. Apesar de que a retirada do “Arte” foi muito badalada em detrimento da saída de antena do “GNT”, do “Jô Soares”, da “Maria Manuela Braga” e do “Louro José”, do “Manathan” com seus judeus simpáticos, do “Olivier” e do “Jornal das 10”.
Agora temos chiadeira, conversores de ignorantes e almas tristes, que os há e muitos neste país deserto de ideias e capado de emoções.
Somos uma merda, uma tristeza. Somos um peido mole, uma morcela estragada.
Agora, de manhãzinha, no meu país existe um canal pago por nós e que paga a quem nós pagamos que nos fala sobre “como incrementar a nosso sucesso financeiro”. Depois mete-nos uns programas “freaks” sobre falsas polémicas e, à noitinha, atira-nos missionárias palestras onde o rebanho pode participar telefonando. Provavelmente divorciadas do “gazzag” e desempregados da “fábrica de produtos estrela”. E os pastores arrebitam os colarinhos e chiam frases bombásticas de fazer inveja aos matadouros caseiros da Bairrada. Um tal chiar que, não fora a encriptação uma das mais perfeitas tecnologias do pacote, certamente congestionaria tudo o que é canal de transmissão.
No meu país nós somos uns totós. Porque pagamos um pacote de canais de nulidade quase absoluta e vemos notícias editadas pela fulana “a”, revistas pelo sujeito “B” que por acaso é marido da primeira e supervisionadas pelo director “X” que por simples coincidência é padrinho do segundo filho daquele casal.
No nosso país é assim. Somos mesmo totós. Temos “líderes de opinião” que cagam de tudo menos daquilo que cheira mal. Pudera, serão eles também pagos com belos banquetes e promessas de “emprego certo se isto virar” para tão suspeitos silêncios? Tão depressa acusam um colega político de “Demagogo” como de repente se esforçam por nada dizer sobre o maior ultraje praticado na sociedade portuguesa pré-selos-de-dois-vinténs que é a imposição aos portugueses da TV Record. Que não lhes diz nada, que não vêem, já se sabe, porque há a “Mezzo” e o caralho mais velho. Apesar de que a retirada do “Arte” foi muito badalada em detrimento da saída de antena do “GNT”, do “Jô Soares”, da “Maria Manuela Braga” e do “Louro José”, do “Manathan” com seus judeus simpáticos, do “Olivier” e do “Jornal das 10”.
Agora temos chiadeira, conversores de ignorantes e almas tristes, que os há e muitos neste país deserto de ideias e capado de emoções.
Somos uma merda, uma tristeza. Somos um peido mole, uma morcela estragada.
quinta-feira, 11 de maio de 2006
Scolari e a vã glória de mandar
Mais uma vez Scolari faz o que quer e o que lhe apetece na qualidade de seleccionador da Federação Portuguesa de Futebol. Como é um gajo cheio de preocupações relacionadas com os vários negócios que patrocina em Portugal e como ainda não sabe bem se deve continuar a apostar na equipa finalista vencida do Euro 2004, ainda não se apercebeu que Portugal vai organizar um campeonato europeu de futebol na categoria de sub-21 e que essa selecção tem um responsável que já está em estágio embora não saiba bem, a meia dúzia de dias do inicio da prova, com que jogadores pode contar. Só se apercebeu disso porque Agostinho de Oliveira, que de parvo não tem nada e muito menos pode ser acusado de incompetente, preguiçoso ou irresponsável, decidiu fazer um pequeno desabafo relativamente ao santo esquecimento do tal brasileiro que manda nesta merda toda. Queirós vem hoje, e bem, colocar os pontos nos “is” quanto a esta questão: “Se Scolari é o chefe dos sub-21 então é ele que anuncia os convocados”. Trabalha brasuca, ou já vendeste os relógios todos?
quarta-feira, 10 de maio de 2006
escutas
De regresso ao lar costumo ouvir a “Prova Oral” na Antena 3. Trata-se de um programa leve e arejado, manifestamente criado para um público jovem disposto ao consumo e a dissertar sobre tudo e mais alguma coisa. Os convidados do programa de hoje foram a Ana Bola e o Miguel Guilherme. Para além dos clichés habituais e dos estafados e-mails e da má preparação dos entrevistadores, tivemos um Miguel Guilherme verdadeiramente surpreendente e com um discurso que deveria ser ouvido pelos tais líderes de opinião e outras couves da flora mediática da nossa praça. Miguel Guilherme, de facto, colocou o dedo na ferida no que toca a essa merda da depressão que o nosso país atravessa. Tudo se resume a uma coisa: corrupção. E é claro que isto não é novidade nenhuma. Toda a gente sabe isso. O problema é o discurso. O discurso merdoso de tanta gente que aparece a botar faladura. Os do futebol, os dos blogs, os das novelas, os dos programas de entreter. Ninguém é capaz de falar como falou Miguel Guilherme. Todos juntos, essa tropa faz parte da mesma gamela hipócrita e mal-formada. Houvesse apenas um Miguel Guilherme no futebol, nas novelas, nos blogs, nos programas “quadraturais” e outros eixos, e de certeza que este país andaria de cabeça erguida.
um grilo é um grilo ou um post inspirado em Trindade Coelho
Tenho um grilo enjaulado cá em casa. Fui buscá-lo a casa dele num campo de pastagem em Silva Escura, Maia, a aldeia onde se instalou a minha mãe depois do regresso de França. Ouvi o cântico fatal, caminhei devagar e quando vi a “lura” enfiei-lhe uma palhinha e pacientemente esperei que o jovem cantadeiro subisse aflito. Depois tapei o buraco com o indicador e pronto. Acabara de exercer uma das minhas actividades preferidas da minha meninice: apanhar grilos. Mal passava a Páscoa e era correr os campos da aldeia de Vermoim, de Nogueira e mesmo Barca à procura dos melhores grilos. Por vezes chegava a apanhar mais de vinte e trazia-os numa lata cheia de serradela e depois distribuía-os como calhava por quem quisesse um grilo. Não havia coisa melhor na Primavera, para além dos ninhos. Depois, melhor do que isto só mesmo as uvas no final do Verão e o castanheiro da quinta no Outono. Tanta caganeira apanhei por via das uvas e das castanhas, meu deus.
O Alex ficou, evidentemente, muito orgulhoso neste pai que tem. Porque o pai dissera-lhe “ vamos ali e garanto-te que apanho um grilo”. E foi certinho. De modo que agora tenho um grilo enjaulado cá em casa. E canta, o filho da mãe, que ontem foi um castigo para a minha malta ver de enfiada o “Serviço de Urgência”, o “Perdidos” e o “Donas de casa…”. Bom, mas o grilo canta e há-de ser sempre grilo até morrer. Não sei porquê mas nunca dei um nome a qualquer um das centenas de grilos que já apanhei.
O importante agora é que o Alex tem mais uma tarefa de grande responsabilidade que consiste em trazer diariamente uma folha de alface de casa da avó para que o nosso grilinho possa comer e cantar refastelado até ao S. João, pelo menos.
O Alex ficou, evidentemente, muito orgulhoso neste pai que tem. Porque o pai dissera-lhe “ vamos ali e garanto-te que apanho um grilo”. E foi certinho. De modo que agora tenho um grilo enjaulado cá em casa. E canta, o filho da mãe, que ontem foi um castigo para a minha malta ver de enfiada o “Serviço de Urgência”, o “Perdidos” e o “Donas de casa…”. Bom, mas o grilo canta e há-de ser sempre grilo até morrer. Não sei porquê mas nunca dei um nome a qualquer um das centenas de grilos que já apanhei.
O importante agora é que o Alex tem mais uma tarefa de grande responsabilidade que consiste em trazer diariamente uma folha de alface de casa da avó para que o nosso grilinho possa comer e cantar refastelado até ao S. João, pelo menos.
terça-feira, 9 de maio de 2006
thank's and goodbye mr. koeman
Já toda a gente sabia que Ronald Koeman não seria mais treinador do Glorioso Sport Lisboa e Benfica. Desta vez porém, não houve lugar a rescisões compulsivas e litigiosas, nem se exigiu qualquer tipo de indemnização para com o competentíssimo treinador holandês, e isso foi o que realmente marcou este processo escandaloso: o Benfica consegue resolver um caso quase anual que é a mudança de treinador, sem uma mancha de sangue apenas, sem um beliscão e, para cúmulo, com elogios mútuos a demonstrar reconhecimento pela parceria treinador-direcção.
Agora fala-se em Eriksson que também causou escândalo ao recusar o Real Madrid para, dizem as más-línguas (e que más, meu deus), ingressar no Glorioso Sport Lisboa e Benfica, clube que conhece bem, aliás. Eu preferia Humberto Coelho, sou franco, por se tratar de um benfiquista do Porto, por ter já demonstrado possuir tarimba para um clube de classe como é o Sport Lisboa e Benfica e por saber de futebol. Lembrem-se que foi ele o autor da descoberta de Costinha que estava algures em França e veio directamente para titular da melhor equipa nacional que eu vi jogar (a do Euro 2000). Mas Eriksson, retorno por retorno, sempre é melhor do que Camacho ou Jesualdo.
Agora fala-se em Eriksson que também causou escândalo ao recusar o Real Madrid para, dizem as más-línguas (e que más, meu deus), ingressar no Glorioso Sport Lisboa e Benfica, clube que conhece bem, aliás. Eu preferia Humberto Coelho, sou franco, por se tratar de um benfiquista do Porto, por ter já demonstrado possuir tarimba para um clube de classe como é o Sport Lisboa e Benfica e por saber de futebol. Lembrem-se que foi ele o autor da descoberta de Costinha que estava algures em França e veio directamente para titular da melhor equipa nacional que eu vi jogar (a do Euro 2000). Mas Eriksson, retorno por retorno, sempre é melhor do que Camacho ou Jesualdo.
domingo, 7 de maio de 2006
search and destroy
Era para escrever qualquer coisa sobre a pesada derrota do Benfica na Liga Beta mas não, não escrevo nada. Era para escrever alguma coisa sobre o discurso inflamado de certos putos fascistas (não, vou trocar isto - que fique claro: discurso fascista de certos putos inflamados - que fique claro) mas não, não escrevo nada. Era para mostrar o meu enorme contentamento ao saber da descida de divisão do Vitória de Guimarães ( os vitorinos)mas não, não vou mostrar nada.
Hoje é dia da mãe e eu apanhei um grilo. Fantástico!
Hoje é dia da mãe e eu apanhei um grilo. Fantástico!
quinta-feira, 4 de maio de 2006
Portuguese give English football black eye
Rod Liddle, do jornal "The Sunday Times", escreveu isto:
"Uma desfeita multiplicada por três e oriunda do mundo lusófono atingiu o coração do futebol inglês. Um treinador português voltou a vencer a Premiership; um jogador português, Paulo Ferreira, arrasou por completo as hipóteses da selecção inglesa ao lesionar Wayne Rooney; e um brasileiro, por fim, deixou a FA no caos ao revelar que há coisas bem mais importantes na vida do que treinar a selecção inglesa. Que é feito da Velha Aliança, tão antiga quanto João de Gaunt e Catarina de Bragança? Ouçam bem, portugas: guardem as vossas sardinhas e o maldito bacalhau!"
Tradução e publicação no jornal "O Jogo". Leia o artigo original aqui
Bom, eu nem comento. Eu dou uma gargalhada num tom estridentemente filho da puta.
"Uma desfeita multiplicada por três e oriunda do mundo lusófono atingiu o coração do futebol inglês. Um treinador português voltou a vencer a Premiership; um jogador português, Paulo Ferreira, arrasou por completo as hipóteses da selecção inglesa ao lesionar Wayne Rooney; e um brasileiro, por fim, deixou a FA no caos ao revelar que há coisas bem mais importantes na vida do que treinar a selecção inglesa. Que é feito da Velha Aliança, tão antiga quanto João de Gaunt e Catarina de Bragança? Ouçam bem, portugas: guardem as vossas sardinhas e o maldito bacalhau!"
Tradução e publicação no jornal "O Jogo". Leia o artigo original aqui
Bom, eu nem comento. Eu dou uma gargalhada num tom estridentemente filho da puta.
terça-feira, 2 de maio de 2006
vamos lá entrar nesse tema
Evo Moralez decidiu nacionalizar os recursos energéticos da Bolívia e o mundo capitalista está apreensivo. Entretanto morre-se em Darfur. O mundo capitalista boceja porque aquilo, ali, não faz o sobe e desce das acções.
uma tarde no parque
É verdade. Gaia também tem o seu Parque da Cidade. Fica em Oliveira do Douro num dos pequenos vales que vão dar ao rio Douro, onde passa um ribeiro e onde em tempos eram quintas durienses, bem tratadas e com boas árvores. Influência inglesa, como sabem, porque o Vinho do Porto assim quis. Que boa tarde passámos ali no Parque da Lavandeira.
Levei o kit de badmington e sempre troquei umas valentes raquetadas com o Alex que está em grande forma. As mulheres "arresolveram-se" por dormitar ao sol, sentadas em confortáveis cadeiras que o parque disponibiliza, e quando não dormiam liam qualquer coisa e ouviam os pássaros e as rãs.
Um belo dia feriado, sem dúvida!
Levei o kit de badmington e sempre troquei umas valentes raquetadas com o Alex que está em grande forma. As mulheres "arresolveram-se" por dormitar ao sol, sentadas em confortáveis cadeiras que o parque disponibiliza, e quando não dormiam liam qualquer coisa e ouviam os pássaros e as rãs.
Um belo dia feriado, sem dúvida!
segunda-feira, 1 de maio de 2006
essencial
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