Dantes, no meu país acordávamos a ouvir a "Rádio Renascença" e a "Comercial" porque a televisão pública do estado abria só lá para a tardinha. No meu país, dantes, quase todos iam à missa aos domingos enquanto os preservativos ficavam a secar no estendal do quintal. No meu país era tudo simples, pequeno e boçal. Depois veio a revolução, a democracia e o progresso. Apareceram as rádios locais e a pílula do dia seguinte. Surgiram as televisões privadas e a TV por cabo. As pessoas vão menos à missa ao domingo e passam pelo “Carrefour” a comprar camisas de Vénus e fraldas descartáveis. Depois comem qualquer coisa rapidamente e voltam a casa para ver televisão. Por cabo e paga.
Agora, de manhãzinha, no meu país existe um canal pago por nós e que paga a quem nós pagamos que nos fala sobre “como incrementar a nosso sucesso financeiro”. Depois mete-nos uns programas “freaks” sobre falsas polémicas e, à noitinha, atira-nos missionárias palestras onde o rebanho pode participar telefonando. Provavelmente divorciadas do “gazzag” e desempregados da “fábrica de produtos estrela”. E os pastores arrebitam os colarinhos e chiam frases bombásticas de fazer inveja aos matadouros caseiros da Bairrada. Um tal chiar que, não fora a encriptação uma das mais perfeitas tecnologias do pacote, certamente congestionaria tudo o que é canal de transmissão.
No meu país nós somos uns totós. Porque pagamos um pacote de canais de nulidade quase absoluta e vemos notícias editadas pela fulana “a”, revistas pelo sujeito “B” que por acaso é marido da primeira e supervisionadas pelo director “X” que por simples coincidência é padrinho do segundo filho daquele casal.
No nosso país é assim. Somos mesmo totós. Temos “líderes de opinião” que cagam de tudo menos daquilo que cheira mal. Pudera, serão eles também pagos com belos banquetes e promessas de “emprego certo se isto virar” para tão suspeitos silêncios? Tão depressa acusam um colega político de “Demagogo” como de repente se esforçam por nada dizer sobre o maior ultraje praticado na sociedade portuguesa pré-selos-de-dois-vinténs que é a imposição aos portugueses da TV Record. Que não lhes diz nada, que não vêem, já se sabe, porque há a “Mezzo” e o caralho mais velho. Apesar de que a retirada do “Arte” foi muito badalada em detrimento da saída de antena do “GNT”, do “Jô Soares”, da “Maria Manuela Braga” e do “Louro José”, do “Manathan” com seus judeus simpáticos, do “Olivier” e do “Jornal das 10”.
Agora temos chiadeira, conversores de ignorantes e almas tristes, que os há e muitos neste país deserto de ideias e capado de emoções.
Somos uma merda, uma tristeza. Somos um peido mole, uma morcela estragada.
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