Hoje foi uma delícia. A multidão fez fila para entrar no “El Corte Inglés” de Gaia. Já tinha invadido Fátima para rezar, de maneiras que hoje correu em busca de um milagre qualquer. Velhinhas de bengala, avós com os netos pela mão, reformados alguns, funcionários públicos ociosos muitos. A grande loja, le gran magasin, engoliu-os a todos e um ou outro sénior ainda soltou uma lágrima de saudade dos tempos em que iam a Vigo fazer compras. Naquele tempo havia dinheiro e gastava-se pouco por causa da fronteira. Quilos de carne escondidos debaixo dos bancos do Renault 12 delux, e enormes garrafas de fanta e Coca-cola. Uma ou outra peça de vestuário e sacos de caramelos de vaquinha. Era a mesma romaria.
Hoje, porém, o grande armazém do povo modernizou-se e virou-se para o rio Douro. O povo fez a festa e encheu os telejornais de optimismo e euforia. O governo foi lá, a autarquia também e falaram tão bem do progresso e das acessibilidades, do Metro e da vitória do liberalismo. Não consta que tivessem feito compras. Viva a pátria.
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