quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

desta lisboa que eu amo III

Ontem fui jantar à Cervejaria Trindade, no Bairro Alto. Soube-me bem rever os quatro elementos e as quatro estações que decoram aquela nave, magníficos azulejos que permanecem ali, indiferentes a quem entra e sai, sumptuosos. Pena é ficarem também indiferentes relativamente à qualidade do serviço e da comida. À entrada, fui confrontado com um simpático painel que me pedia, em linguagem cuidada, para aguardar que alguém me indicasse mesa. A sala estava semi-vazia porque já era tarde e os empregados vagueavam indiferentes a quem aguardava ser acolhido. Para quem não sabe, eu fui gerente de uma Pizza Hut em 1990 e, nessa altura essa cadeia de restaurantes foi pioneira nesse conceito de acolhimento e garanto-vos que na minha sala nenhum cliente ficava à espera do acolhimento mais de um minuto. Mesmo quando não havia mesa, havia sempre um empregado destacado para fazer o acolhimento, ou então o gerente encarregava-se de o fazer. Pelos vistos o painel de acolhimento da Cervejaria Trindade existe apenas para o “Rush Time”, a hora de ponta, onde há uma imensa fila de clientes. Só para isso, para os disciplinar. Depois foi a comida, um presunto péssimo, devolvido, umas amêijoas salgadíssimas, um bife do lombo frio, com o molho já a coalhar à superfície e umas batatas fritas que rapidamente congelaram na minha mesa.
Mau, muito mau. O que se passa com estes restaurantes tradicionais? O gerente estava perdido a tirar leituras parciais, a ver a facturação, e o staff deambulava pela sala, descontraído, relaxado, e os clientes pareciam nem dar por isso. Pudera! A maioria era constituída por casais de namorados que tinham ido ali comer o menu de S. Valentim e não estavam para mais nada nem ninguém. A bem do amor.

1 comentário:

Irene Ermida disse...

a tradição já não é o que era...
velhos tempos em que lá ia jantar! já passaram mais de 20 anos e parece que ainda foi ontem!
e nessa altura não era nada assim!

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