quinta-feira, 9 de junho de 2005


As mulheres são especialistas em muitas coisas. Sofisticadas, preferem contar as suas histórias num estilo “crónica feminina” fingindo pouca profundidade escondida na sofisticada ressonância do seu dia a dia. Uma mulher que se diga moderna recusa o histerismo, aprova as matérias fracturantes e lê muitas revistas. Está pois treinada para ler coisinhas sobre tudo e nada que podiam ter acontecido com elas. Ao lerem uma frase do género “ Entrei no autocarro e ele lá estava, cheiroso como sempre. Olhei para o seu traseiro e só me apetecia come-lo” imaginam de forma fértil a possibilidade de terem um flirt com o colega de escritório, também ele bem cheiroso e de bom porte, nada a ver com o pasmonço que dorme com elas, que ressona e se peida continuamente e ainda por cima desarruma a casa como se isso fosse imperativo para que ela ficasse em casa nas tardes de sábado. Ora bem, este tipo de escrita, moderna e universal é um produto que pega bem porque as mulheres, sofisticadas, estão-se nas tintas para as filosofias e outras profundidades literárias. Elas querem voar dali para fora, do casamento merdoso e da rotina cruel. Elas sabem que gostariam muito mais de foder alarvemente, com qualquer um, do que estarem castradas na condenação eterna da fidelidade. Por outro lado, as mulheres não aceitam a pornografia. Isso está já dentro delas, no seu imaginário. Elas preferem adivinhar as virtudes do macho por detrás da farda de trabalho e sonham que ele, também, não desdenharia uma foda ali mesmo, na secretária. Então onde está o problema? Penso que não existe problema. O que temos aqui é apenas a ideia de que tudo poderia ser diferente. Mas nada de complicações. Uma mulher moderna não quer complicações. Prefere a arrumação, a simplicidade e a substância. O resto é apenas casamento.

foto tirada daqui

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