terça-feira, 5 de julho de 2005

ele era o Ginja, o maior. tratavam-no assim porque passava os dias a fazer sinalética para o transito. vestia uma farda à fidel e trazia umas barbas brancas e longas. na mão esquerda segurava uma vergasta à coronel. era um cromo, o Ginja. Efigénia era muito amiga dele e dominava-se por uma ligação conjugal, não ao doido varrido que era o homem, mas sim à sua indumentária. Efigénia sempre adorou fardas e contam os mais velhos que não havia bombeiro na vila que não tivesse sido estímulo para os seus longos orgasmos matinais. de modo que o Ginja sentia-se um modelo para a cachopa. apesar das suas nobres tarefas, o transito e a maldita passadeira, Ginja nunca deixara de lhe botar olhinhos marotos de brigadeiro. Efigénia, já gasta e sem vontades, correspondia aos sinais do cromo e de vez em quando sentia-se menina, para logo acordar daqueles repentes porque o rubor mandava mais e as tarefas da igreja impediam tais propósitos.
solteirões e amantes, como a terra e a lua, Efigénia e Ginja nunca se aproximaram, jamais se tocaram e há quem diga que tal romance só podia ter dado no que deu, nas recordações de tudo o que podiam ter feito e não fizeram , nunca fizeram. por isso o Ginjas era o maior, porque era o dono daquela história. e Efigénia era a Geninha do Ginjas porque se sentia dele, sendo só. sentia-se uma mortalha sem tabaco mas cheia dos aromas de uma juventude sonhada, passada sem passado e queimada como um triste cigarro nos lábios de um homem só.

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