domingo, 31 de julho de 2005

Sempre fui à feira de Vila Nova de Cerveira.
Como todos sabem, burguesia incluída, Cerveira é linda porque tem uma bienal e uma Espanha como vizinha. E tem árvores lindas e frondosas que ladeiam o rio Minho, de aspecto límpido.
E tem espanhóis.
Cerveira aos sábados pela manhã fica inundada de espanhóis lindos e faladores. Aprenderam a regatear os preços com os nossos avós galegos e é vê-los de banca em banca a comprar de tudo um pouco sem deixarem de exigir um desconto.
Visitei a minha banca preferida, a de um cigano de boa aparência, simpático e muito inteligente. Vendeu-me um pólo da Lacoste, vermelho vivo, por 10 euros. Agradeci a pechincha e não me vou arrepender porque ele disse-me logo, antes de eu pagar, que o pólo era falso mas “saíam bons!” e isso é o mais importante. E disse-me que no sábado passado tinham lá estado a Rute Marques e o Batanete e que o director de um importante hospital portuense era cliente semanal.
Há de facto uma classe média que adora comprar em Cerveira. Coisas de marca, contrafacção, mas bonitas, impecáveis.

Depois segui para Valença a fim de almoçar e entrei num restaurante prenhe de espanhóis. Os filhos da mãe adoram almoçar em Portugal. Servem-se de doses que abastecem um agregado familiar inteiro, a bom preço, e são impecavelmente bem tratados pelos nossos “camareros”. Assim eu reparei porque na mesa ao lado da minha estava uma família de galegos já a tomar o seu “café solo” quando o empregado aparece com a conta. Tantos foram os “gracias senhores, gracias senhores”, que eu até me deitei à espreita da gorja que o moço se habilitara a ganhar. Para meu espanto o “Sancho Pança” depositou no pratito uma triste e singela moeda de cinquenta cêntimos. E isto já descontando que a respectiva mulher já tinha enfiado numa saca plástica duas tacinhas de cerâmica com que as empresas de gelados apresentam as suas “tartitas queimadas”. Perante isto disse à minha mulher que não ia gratificar o empregado porque se ele só ganhara uns míseros cinquenta cêntimos com tanta lamechice, a mim que nenhuma festa me fez, o que é que eu lhe poderia dar? Nada, claro.

Depois fui ao monte de Santa Tecla em Espanha e foi bonito. “Inde” lá seus nabos. Aquilo vale a pena e a gasolina sem chumbo noventa e cinco octanas custa apenas noventa e nove euros o litro!

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