sábado, 2 de julho de 2005
oiço o barulho efémero das moedas, que parecem catraios a brincar, saltitando na algibeira do meu casaco já gasto. moedas pobres mas muito activas. elas entram quase sempre aos pares e saem em grupo, raramente permanecem mais de meia hora naquela morada de ocasião. o estacionamento, o café e o tabaco dão-lhes destino marcado. e circulam, sempre contentes, indiferentes à sua condição de vil metal. as mais crescidas estão na primeira fila e, uma vez ou outra, as mais pequenitas ocupam espaços vagos no transporte da troca comercial. são como "moços de trolha" que ora tapam um buraco, ora completam uma tarefa mais básica. raramente são valorizadas, a não ser na caixa de pagamento do supermercado Lidl, onde a conta acaba quase sempre irremediavelmente em "ponto" três cêntimos, ou dois. essa moedinhas, de leite, parecem já um coisa de importãncia. ninguém as recusa e cabem sempre na algibeira. as maiores, orgulhosas, quase as pontapeiam, porque sabem que tais ganapitas as impedem de sair mais cedo. as moedas são uma sociedade viva, como a das abelhas, a das formigas.
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