sexta-feira, 21 de outubro de 2005

a "Questão dos Carvalhos"

Na foto do post anterior vê-se, por detrás dos cartazes, o “meu prédio”. Eu moro no “Edifício Fernando Couto”, um enorme edifício situado entre o Colégio dos Carvalhos e o Seminário dos Claretianos, uma congregação cristã que tem influenciado a região e é responsável pela fundação do Colégio dos Carvalhos, escola muito conhecida e conceituada e que ajudou a formar muito boa gente como foi o caso, por exemplo, do já falecido professor Vieira de Carvalho.

Ora Carvalhos, que não é mais do que um lugar da freguesia de Pedroso, cresceu de forma estonteante, a partir do inicio do Século XX . Porque tinha o seminário, porque o traçado da principal via rodoviária o favoreceu, mas também porque aqui viveu um conjunto de pessoas empreendedoras que desde sempre procuraram dotar o seu lugar com os mais variados tipos de equipamento. A feira, os bombeiros, a "união de transportes", as farmácias, o Colégio, a polícia, e finalmente os bancos, todas essas infra-estruturas vieram cá parar. Há até um núcleo regional da Segurança Social a funcionar, bem como uma associação de socorros mútuos. Todos os equipamentos que referi adoptaram sempre o nome “dos Carvalhos”, com excepção da associação de socorros mútuos.
Por isso Carvalhos foi “tendo nome” e até bem pouco tempo a portagem da auto-estrada Porto-Lisboa contribuiu mais ainda para lhe reforçar a fama.

Todavia, há cerca de 10 anos surgiu um debate local, sensível e fracturante. Carvalhos é elevado a Vila, facto polémico que tem apenas a ver com a política insustentavelmente medíocre de quem, na administração pública, dá seguimento a estas coisas. Ora Pedroso, a freguesia, fica complexada e, apesar de Vila também, inicia um processo de reacção que tem como expoente máximo o actual presidente da junta. Um Pintor da Construção Civil que agora é Administrador, então ligado ao Partido Socialista, ganha as eleições e atira-se de corpo e alma contra os Carvalhos. Pretende novas centralidades e consegue levar a junta de freguesia para uma zona próxima do lindíssimo Mosteiro de Pedroso e, apoiando-se numa desastrosa dinâmica de urbanização da periferia, aglutina adeptos que se revêem naquela "revolta" de alecrim e manjerona.

Os anos passam e o Tavares segue como Presidente da Junta. Habilidoso, este ex-pintor de construção civil e, aliado a Filipe Menezes, sai do PS e cria um MIP (Movimento Independente de Pedroso). O PSD sai de cena na freguesia e ele consegue a reeleição. Há 15 dias voltou a ser eleito, outra vez sem o PSD e sempre com o apoio de Menezes, que faz dele um “pião das nicas” ao serviço dos seus interesses e ambições políticas.

Escrevo isto agora, depois das eleições, porque entendo que deve haver um registo qualquer para que, caso alguém se interesse, se inicie um debate sobre a “Questão dos Carvalhos”. Devo dizer, aliás, que como independente, eu não vejo muitas hipóteses de se estancar este atentado que o Tavares vem fazendo a este belo lugar dos Carvalhos. Isto porque, por um lado faz espécie a muita gente que determinados lugares evoluam e, por isso, há muita gente que reage, ”Velhos do Restelo” ou não, e por outro, existe uma estufa de gente nova, dos Carvalhos, que prefere a ribalta e o clientelismo, colando-se ao ciclo do poder.

Que fazer então? Como simples morador, criado também nestas paragens, é minha intenção procurar uma plataforma séria e independente de debate na defesa deste lugar que é Vila mas já podia e devia ser Cidade. Infelizmente sinto que estou só porque “em minha casa” há muita gente a olhar para a “casa do vizinho” .

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